Capítulo - 8

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Will levou três dias para criar coragem para abordar Lecter e sua gangue. Eles não deram nenhuma indicação disso no começo, mas estavam observando. Esperando.

                               ***

Era hora do jantar e os internos estavam exaustos de seus trabalhos. O cheiro de serragem da marcenaria e produtos químicos da lavanderia grudava em seus corpos, misturados ao suor. As temperaturas de meados de agosto estavam se aproximando constantemente de 36 graus, cada cela era uma caixa de suor, e as tensões estavam começando a aumentar.

Will pegou sua bandeja silenciosamente, tentando não bater com o cotovelo ou, Deus me livre, fazer contato visual. Enquanto ele examinava as mesas procurando por um canto tranquilo, ele pegou Brian Zeller olhando para ele. Zeller rapidamente desviou o olhar, mas um momento depois, ele espiou de volta para ver se Will ainda estava olhando. O homem ao lado dele, Price, deu um tapa brincalhão na cabeça.

Will soltou um suspiro e começou a passar pelas mesas em direção a eles. Era óbvio que eles estavam esperando por ele. E seria legal não comer sozinho, ele supôs.

Nenhum dos homens olhou para cima quando ele se aproximou. Mas ele podia senti-los observando-o pelos cantos dos olhos. Todos, exceto Lecter, talvez.

Ele colocou sua bandeja na mesa e deslizou para o banco ao lado de Price. Lecter sentou-se diretamente em frente. Ele não tirou os olhos do livro.

Um momento de silêncio. Então Price soltou um suspiro descontente e tirou um cigarro do bolso do peito. Tier removeu o maço amassado que estava enfiado sob a manga enrolada da camisa e bateu a última fumaça na mesa. Zeller tirou um de trás da orelha.

Ao mesmo tempo, eles os deslizaram pela mesa em direção a Lecter, que os pegou na palma da mão e os guardou no bolso sem levantar os olhos.

“O que é isso?” Will perguntou, incapaz de esconder o tom nervoso em sua voz. “Tem algum custo para sentar aqui?”

“Ah, não, nada disso”, disse Zeller. “Estávamos apenas apostando quanto tempo levaria para você finalmente vir sentar conosco. HC tinha três dias.”

Will olhou para Lecter. Ele pensou ter visto o mais leve traço de diversão no rosto do homem, mas era difícil dizer com certeza.

Ele percebeu que os outros o observavam, esperando para ver o que ele faria em seguida. Ele pegou seu garfo e cutucou a papa de feijão e cebola mal cozida que tinha sido despejado em sua bandeja, tentando agir naturalmente.

“Estou aqui há sete meses e acho que eles não serviram uma refeição comestível nesse tempo”, ele disse. “Como se acostuma com isso?”

Price balançou a cabeça. “Não se acostuma. Ei, há alguma verdade no rumor que está circulando de que você é um serial killer?”

Will suspirou, lançando um olhar descontente para Lecter. Não havia dúvidas sobre isso agora: o homem estava definitivamente se divertindo.

Ele abaixou o garfo e cruzou as mãos placidamente sobre a mesa, então voltou seu olhar para Price. “Eu matei três mulheres em um período de dois meses”, ele disse no mesmo tom prático que fez um júri rotula-ló de monstro. “Então sim, pelos critérios comumente aceitos, isso me tornaria um serial killer. E você, o que fez? Nada tão colorido, eu imagino.”

Price engoliu a comida que estava mastigando e lançou um olhar mortalmente sério para Will. “Bem, eu sou inocente, já que você perguntou.”

Will piscou. “Ah.”

Price assentiu gravemente. “Brian aqui está no mesmo barco, não é, querido?”

“O advogado me fodeu”, Zeller resmungou, com a boca cheia de comida.

REDENÇÃO (HANNIGRAM)Onde histórias criam vida. Descubra agora