Capítulo - 12

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Brian Zeller estava deitado de lado no beliche de baixo com a cabeça apoiada em uma mão, observando seu parceiro se limpar na pia. Ele estava sonolento, mas contente, o sêmen do outro homem ainda úmido em suas coxas. As marcas vermelhas que suas unhas deixaram nas costas de Price se destacavam proeminentemente contra sua pele. Zeller sentiu uma emoção estranha ao vê-los, mesmo agora, depois de tantos anos juntos.

A cela deles tinha apenas seis pés por oito, mas Price tinha um jeito de se movimentar pelo espaço que o fazia parecer maior. Zeller às vezes fingia que eles estavam dividindo um apartamento juntos, algum lugar apertado em Nova York ou talvez Paris, onde o aluguel era alto e a mobília era de má qualidade, mas não importava porque eles estavam juntos. Cada cela do outro lado do quarteirão era apenas uma janela, breves vislumbres de outras vidas em seu mundo estranho e sem mulheres. De vez em quando, eles viam coisas de que não gostavam um homem se masturbando furiosamente nu, alguém chorando profundamente na noite, mas isso era bom. Você nem sempre se dá bem com seus vizinhos.

Claro, Zeller nunca tinha ido a Nova York ou Paris. Ele só tinha escapado da cidadezinha de lugar nenhum onde nasceu quando atirou em uma loja e ganhou uma passagem de ônibus só de ida direto para Shawshank.

Quando as noites eram longas e implacáveis, ele frequentemente questionava se pretendia gastar o dinheiro do caixa para sair daquela cidadezinha para finalmente fazer algo com sua vida, fazer algo de si mesmo. Mas ele não conseguia dizer. Ele não se sentia mais como o homem que havia tomado aquela decisão. Buscar em seu passado uma resposta que o satisfizesse parecia interpretar estática vazia como um pedaço de sentido.

Às vezes, ele olhava para trás, para o jeito que ele era, apenas um garoto idiota que cometeu aquele crime terrível, e ele queria poder falar um pouco de bom senso para ele. Dizer a ele como as coisas são. Mas aquele garoto já tinha ido embora há muito tempo e ele tinha que viver com isso. Não havia um dia em que ele não se arrependesse.

Ele mordeu o lábio, grato por Price estar de costas enquanto ele se recompunha. Ele tentou contar a Price sobre suas fantasias uma vez  sobre como ele sonhava com um dia em que eles realmente poderiam ter aquele pequeno apartamento no mundo, onde o aluguel provavelmente era alto e as coisas poderiam não ser fáceis para um casal de velhos presidiários como eles, e nada disso importaria, porque eles estavam juntos...

Mas Price não pareceu gostar tanto da fantasia. Ele mudou de assunto, e Zeller não tocou no assunto novamente.

Ao ver o homem vestir uma camiseta fina sobre a cabeça, cobrindo as marcas do ato sexual, Zeller sentiu seu coração se encher.

“Eu te amo, sabia?”, ele disse.

“Levante-se e vista suas malditas calças para que eu possa tirar o lençol”, Price resmungou. “Crawford vai estourar um vaso sanguíneo se achar que tem trepada no quarteirão dele.”

"Quem se importa? Venha de conchinha comigo."

“O colchão está úmido.”

"De quem é a culpa? Eu não pedi para você me fazer gozar uma segunda vez."

“Eu não ouvi você reclamando. Implorando, certamente. Oh, por favor, Jimmy, por favor, deixe-me gozar por favor, me toque, Jimmy, eu preciso gozar!”

Zeller ofereceu um grande sorriso torto. “Venha de conchinha comigo,” ele disse novamente, dando tapinhas no colchão que estava, de fato, um pouco úmido.

Price fez um show de bufar sobre isso, mas ele não estava enganando ninguém. Zeller se esgueirou o máximo que pôde para acomodar o outro homem no beliche estreito, envolvendo seu braço em volta da cintura de Price e beijando seu ombro, onde um hematoma desbotado de sucção se destacava vermelho contra sua palidez. Zeller ficaria feliz em ficar deitado daquele jeito ao lado dele para sempre. Mas ele podia sentir a tensão saindo dele.

REDENÇÃO (HANNIGRAM)Onde histórias criam vida. Descubra agora