capítulo 10: meu dia com ela

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Acordei com um fecho de luz nos meus olhos, olho para a mulher que estava deitada na minha frente e com o rosto próximo ao meu e observo a sua beleza detalhadamente até que ela começa a acordar.

- bom dia, amore mio - sua voz estava num tom um pouco rouco graças ao sono. - dormiu bem ?
- dormi como um bebê, deve ser porque mamei muito ontem - nós duas rimos - acha que alguém escutou ?
- hum - ela se levanta, fazendo o lençol cobrir apenas a parte de baixo do seu corpo nu - não sei, mas se escutaram....bem, vou ter uma bela de uma multa.
- sério? - me levanto, deixando meu corpo ficar amostra também - de quanto ?
- não me interessa, não vai fazer falta...e além do mais, amo seus gemidos. O que acha de eu pedir pra construirem um daqueles quartos que tem nos filmes ? Com isolamento de som ?
- acharia uma maravilha - nos olhamos, e depois nos beijamos.

Era um beijo lento, que me passava um ar de aconchego. Ela separa o beijo e se levanta, indo ao banheiro.

- não me diga que vai pra empresa de novo - faço uma voz de choramingo - eu queria ficar com você !
- e vai, amore mio. Só vou tomar um banho e preparar o café - vejo uma toalha e uma peça de roupa em sua mão - o Santi que vai cuidar da empresa hoje.
- ainda bem ! Já tava começando a ficar com ciúmes dessa porcaria de empresa, nós nunca podemos ficar juntas por muito tempo por conta dela !
- mas agora vamos, você quer tomar banho comigo ou sozinha ?
- sem mão boba ?
- de você não, mas de mim...talvez. Vem ou não?

Me levanto da cama, vou no se armário e pego uma calcinha minha (que sempre tem por aqui) juntamente com uma de suas camisas. O banho estava quente, não só por conta da água do chuveiro.

Nique estava cozinhando algo com um cheiro muito bom, tinha alguma coisa com cheiro doce que ela estava fazendo surpresa.

- tá acabando ? Tô com muita fome ! - eu já tinha terminado a minha parte do café da manhã, o clássico pão na sanduicheira, fiz o suficiente pra nós duas.

Única coisa que conseguia fazer sem correr o risco de queimar a casa dela.

- você é muito ansiosa cara ! E pelo jeito, muito esfomeada. - ela se vira, com dois pratos com alguma coisa que tinha massa frita e, pelo o que eu vi, chocolate e alguma coisa a mais.
- o que é isso ?
- cannolis estes, um doce popular lá da Itália. Mudei um pouco a receita da massa e sei que não gosta de ricota, então coloquei chocolate e amendoim. Acho que tem uma versão aqui no Brasil.
- se tem, eu nunca comi...

Ela coloca os pratos na mesa e eu observo doce, era uma massa frita com o recheio que ela disse, pasta de amendoim e chocolate. Me sinto tentada a pegar e morder um pedaço, mas Nique me impede.

- ainda não. Vou buscar o café, daí a gente primeiro come os pães e depois o doce, entendido ?

eu bufo.

- pensei que italianos gostassem de comer só doce no café da manhã! - cruzo os braços, indignada por não poder comer o doce. - vejo ela pegar o objeto em cima da bancada.
- esqueceu que tô no Brasil a cinco anos ? - agora ela se aproxima da mesa e deixa a garrafa e se senta. - sou uma versão abrasileirada, e você uma garota que se pudesse almoçava hamburger com fritas. Coma primeiro o pão e depois o doce.
- acho que o doce tá bem melhor que esse pão - pego a comida e dou uma mordida. Era um misto simples de presunto e queijo, não tem como errar, sempre fica bom.
- se comer, fica com o doces. É simples, amore mio.

Assim que eu terminei de comer misto eu fui direto no prato com o doce que até então eu não tinha provado.

- calma - uma risada - ele não vai fugir. - ela pega o outro prato com o doce.

Dou uma mordida e gemo de tão bom. A massa lembra muito a de casquinha de sorvete, e eu acho que isso combinado com o chocolate com um leve gosto de amendoim não teria como ficar ruim.

- que bom que gostou - ela morde também - a primeira vez que eu comi um eu acho que eu tinha uns sete ou oito anos.

Engulo o pedaço que estava na minha boca.

- nossa, faz muito tempo então, eu nem era nascida. - nós duas rimos um pouco.

Esse assunto foi puxando outro e puxando outro até que virou uma conversa sobre a nossa infância, a diferença nas culturas e anos foi bem presente. Quando terminamos de comer nós duas fomos escovar os dentes, eu tenho a minha escova aqui. Se brincar, ela deve ter mais coisas minhas do que delas nessa casa.

- quer assistir alguma coisa ? Tava pensando em um filme, que tal ? - a gente tava voltando pra sala.
- com certeza, um de terror seria perfeito!
- terror ? Eu tava pensando em ação, acho terror bem sem graça. - ela praticamente se joga no sofá
- terror não é sem graça - eu me sento do lado dela.
- ele é previsível, sempre é algum trouxa que decide comprar algo mesmo sendo avisado que está assombrado e começa a ficar com medo da assombração e fastidi - ela me puxa, me fazendo deitar nela.
- não são chatices ! Pior é esses filmes cheios de explosões desnecessárias ou tiroteios, isso sim que são chatices.
- vamos assistir ação. - ela argumenta.
- não, vamos assistir terror - eu rebato.
- ação - ela repete.
- terror - eu rebato de novo.

Foi assim até que ela se cansou e botou o filme que eu queria.

Quando já estava na metade da história Nique estava deitada virada pra televisão no meio das minhas pernas. Ela estava estressada e eu, bem, estava amedrontada com o filme. Eu gosto de terror, mas nunca disse que não tinha medo deles.

- porra olha pra trás ! Ta vendo caralho ! Morreu porque tu é um jumento imbecil curioso pra cacete ! - e como sempre, enquanto eu estava com medo, ela xingava o protagonista do filme.
- o que vai acontecer agora... - minhas mãos taparam meus olhos, depois escutei um grito do jovem protagonista.
- nem fudendo que tu tá com medo disso...- ela segura o riso. - ele só tá sendo algemado, não vai ser morto agora, pode tirar a mão do olho.

Retiro as minhas mãos dos olhos e realmente o cara tava só sendo algemado e arrastado para um porão escuro, quando o cara possuído chegou onde queria, ele amarrou a vítima em umas correntes na parede, e começou a torturar o outro o fazendo gritar.

- porra, essa cena me lembra algo - ela me olha - a diferença é que eu escuto gritos de prazer, não de medo.

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