capítulo 11: ligação da sogra

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Terminamos de assistir o filme e começamos a assistir uma série que ela queria muito assistir comigo e que coincidentemente era da mesma forma que eu resumi, explosões e tiros.

- tá acabando? - digo - falou do filme de terror, mas esse daí também é bem previsível.
- pelo menos eu não estou tremendo de medo, que nem certas pessoas que conheço.- ela ri no final. - só esse episódio e eu faço o almoço.

Esperei pacientemente pelo final do episódio, que não me surpreendeu em nada. Ela levanta do meio das minhas pernas e vai pra cozinha, pega alguns ingredientes e começa a fazer algumas coisas.

- o que quer comer hoje, amore mio ? - ela diz, olhando levemente pra trás, onde eu estava.
- tudo que você faz fica gostoso - eu me levanto e vou pra cozinha - mas...talvez algo que você gostava de comer na Itália seja interessante. - me sento na cadeira da sua cozinha.
- fora da cama, o seu desejo é uma ordem.

Fico observando a sua agilidade na cozinha de forma detalhada, quando corta os legumes, prepara a massa, entre diversas outras coisas e ainda sim conversa comigo sem errar uma medida. Depois de um tempo, a comida até então misteriosa aparece.

- essa eu sei, espaguete com molho de tomate e queijo parmesão. Pelo o que eu vi, o molho tem verduras e a massa foi feita do zero.
- você observou bem - ela coloca os pratos mesa - só assim pra te fazer comer mais saudável.

Pego o garfo pronta pra comer, mas decido fazer uma graça antes. Me levanto da cadeira e vou na gaveta que sei que ela guarda os talheres e pego uma faca pequena, voltando em seguida pro meu lugar.

- não entendi a faca - ela me olha, confusa.

Eu ignoro, já posicionando a faca de forma que mostrasse o que eu pretendia fazer. Eu sei que ela é uma italiana bem cultural, e algo que irrita muito é nada mais nada menos que...

- você não vai cortar o macarrão, certo ?

Finjo que a ignoro e continuo fingindo que irei cortar o macarrão.

- Charlie Charlie, você não brinque com isso que você sabe que eu não gosto...

Ignoro de novo, até que ela pula da cadeira. Eu me levanto também e comecei a fugir dela.

- volta aqui sua fora da  lei culinária! - ela corre atrás de mim, rindo.
- Vem me pegar ! - corro para o quarto, mas antes de conseguir fechar a porta ela me pega e me carrega de volta pra cozinha.
- se você fugir de mim de novo eu resolvo tudo na cama, entendido ?
- tô levando isso como uma proposta, você sabe né?

Ela me coloca no chão e sento de novo na minha cadeira.

- eu vou ficar com isso - pega a faca - pra você não fazer mais gracinhas.

Nós duas rimos. O macarrão estava divino, como sempre. Continuamos conversando sobre vários assuntos, até porque não é sempre que podemos ficar muito tempo juntas.

Assim que terminamos de almoçar fomos escovar os dentes, tem uma escova minha aqui então não precisei me preocupar com isso.

Deitamos no sofá de novo, dessa vez com a televisão desligada, apenas aproveitando a companhia uma da outra. Ficamos assim até que o celular de Nique toca.

- não me diga que é a empresa - falo com a voz desanimada de propósito.

Ela observa o nome do número de celular e depois sorri e atende.

- buon pomeriggio mamma! Come stai?

Inicialmente eu não entendo nada, mas depois de um pouco de raciocínio eu entendo que ela estava falando com a sua mãe, ou a minha querida sogra.

- Si si ! Vuoi parlare con lei? - pelo o que entendi, acho que a minha sogra quer falar comigo. Nique se vira pra mim e estende o celular. - minha mãe quer falar com você, amore mio.
- mas eu não sei falar italiano direito! Lembra da última vez que falei com ela ? - digo, quase empurrando o celular de novo.
- relaxa, dessa vez eu te ajudo a entender, vou traduzir tudo. - vejo ela colocar no viva voz e olhar para o celular. - Mamma, tradurrò la conversazione.
- ehhh...oi senhora ?
- Ciao signora. - ela traduz. Escuto a mulher do telefone falar alguma coisa. - ela disse: oi minha querida, como você está? Não precisa me chamar de senhora.
- eu tô bem, e como você está?
- muito bem, obrigada. Minha filha anda se comportando bem ?
- hum....talvez. Ela anda muito malvada comigo tia.
- Eu não vou traduzir isso, só sou malvada com você na cama.
- Di cosa stai parlando? - a voz veio do celular.
- Niente mamma, questione di coppia. - Nique fala enquanto ri.

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Nós duas conversamos muito, rimos e brincamos e acho que causei uma impressão melhor do que das primeiras vezes que nos falamos. Muito tempo depois a minha sogra se despede de mim, mas antes de desligar ela fala com Nique.

- sì, penso che sia anche lei. A presto mamma - ela diz, antes de desligar.
- o que vocês estavam falando ? - me deito em seu ombro. - você acha que eu causei uma boa impressão ? Acho que ela não gostou muito de mim... - abraço a cintura dela, consigo sentir seu perfume de perto desse jeito.
- ela te amou, de verdade. - ela põe o braço ao redor do ombro - você foi perfeita, de verdade.
- ainda bem - me aconchego - não queria que ela me odiasse.
- pode ter certeza que a última coisa que ela sentiu foi raiva.

Ficamos assim, juntas, por um tempo indeterminado. Depois voltamos a assistir filmes, e ao invés de brigar sobre qual tipo iríamos ver decidimos assistir um filme de mistério, que dentro do enredo tinha um pouco de terror e ação.

- não me diga que tá com medo disso também ?

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