capítulo 12: problemas

77 3 0
                                    

Já tinha anoitecido e nós duas continuamos assistindo e fazendo cafuné uma na outra. Quando se é conhecida, não tem como sair por aí com uma mulher que claramente é inimiga declarada do seu pai sem chamar atenção então tudo se resume a encontros dentro de casa.

O filme era um de romance, estávamos procurando um entre duas mulheres mas pelo visto nós assistimos todos durante esse tempo todo de namoro, então apelamos para um romance hétero.

- acredita que ele não sabe que ela gosta dele ? - eu aponto para a televisão, na direção do personagem - esses homens são muito idiotas quando o assunto são mulheres.
- acredito. E concordo com a sua opinião opinião.

Nós duas decidimos beber uma taça de vinho, acho que os que ela tem são os melhores, certeza que são os mais caros também, já que ela ama vinho. Continuamos assistindo, até que passa uma cena de uma comida deliciosa na tela e eu sinto a minha barriga roncar.

- tô com fome.
- percebi - ela ri e depois bebe um pouco do vinho que está na taça dela - que tal uma pizza ? - ela pega o seu celular e vejo que procura o número da pizzaria e começa a fazer o pedido - de calabresa ?
- sim. E uma de chocolate também !
- ok, pedido feito. Vai demorar um pouco então acho que dá tempo da gente vermos mais um pouco desse filme incrível e muito relevante para nós , não é ?
- sim, muito importante. - rimos.

Quando a pizza chegou o filme já estava quase na metade, eu decidi não comer porque naquela altura o vinho parecia ter decido todo para o meio das minhas pernas, mas não tão forte assim. Estavamos bem juntas, mas uma ligação a faz se desgrudar um pouco de mim.

- é a sua mãe de novo ? - falo, curiosa.
- não. Infelizmente não, amore mio. Preciso muito atender, ok ? - ela se levanta.
- ok... - observo ela ir pra cozinha.

E em instantes a tal ligação a faz mudar de comportamento. A fazia xingar e reclamar em italiano, buscar algumas coisas que estavam espalhadas pela casa e transformar a mesa da cozinha em uma mesa de escritório.

Depois de uma discussão, duas novas ligações e uma reunião de emergência eu fui aos poucos percebendo o motivo da correria porque meio que dava pra escutar algumas coisas pelo motivo de não ser tão longe assim de onde eu estava.

- preciso dos projetos prontos para amanhã - ela mexia no computador de forma frenética, parecia eu quando deixo os trabalhos da faculdade pra última hora - quais ? Os que eu pedi a dois meses ! creio que só precisa corrigir alguns erros, certo ? O projeto era simples ! - ela tava estressada, muito estressada.

Pelo o que entendi, um cliente resolveu adiantar a data de entrega desses tais projetos em duas semanas, ou seja, amanhã. Ela aumentava o tom de voz constantemente por conta do estresse, mas depois se desculpava e tentava falar mais calmamente.

- porra ! - ela grita, jogando seu celular junto com algumas canetas e folhas na mesa, depois se senta bruscamente na cadeira de novo, fazendo uma espécie de massagem na testa.
- o que aconteceu ? - olho pra ela, logo ela se recompõe novamente e volta a organizar tudo.
- nada. - e volta a mexer no computador, irritada.
- se não fosse nada você não estaria desse jeito - me levanto, indo na sua direção e sentando na cadeira que fica de frente pra ela.
- não.é.nada. - repete, com o maxilar rígido.

Ela tá tensa, estressada e com muita raiva, não gosto quando ela fica assim, só gosto quando eu sou o motivo. Não sei se foi efeito do vinho, mas ela assim a fazia ficar muito atraente então me levanto e vou onde ela estava sentada e me sento em seu colo.

- amore mio, agora não. - ela me diz, ignorando a minha presença e ainda concentrada na porcaria do computador.
- por que não ? - falo, com a minha mão entrando em sua camisa, alisando e dando pequenas arranhadas na sua barriga.
- Pare. Já disse que agora não. - finalmente ela tira o foco do computador, mas continua sem encostar em mim e sua voz indica que ela estava me dando uma ordem.
- mas por que não ? - eu digo, com a voz manhosa. A mão com os mesmos movimentos, mas dessa vez com uma leve movimentação da minha cintura.
- é uma ordem. Estou estressada e não vai ser bom você continuar desse jeito - seu rosto ficou mais sério.
- eu sei que você tá estressada - aproximo a minha boca da dela - sabia que se estiver mais calma, você pensa melhor ? - ela não fala nada. - e sabe o que acalma ?
- o que ?
- um chá bem dado - eu sorrio de canto - o que acha ?
- você não escutou o que eu falei da primeira vez ? - ela continua sem encostar e ainda com o rosto rígido.
- por favor...deixa eu te acalmar - eu estava com a boca bem mais próximo, quase encostando.
- não gosto de falar mais de uma vez, você sabe muito bem disso - sinto sua mão ficar na minha coxa.
- e pelo jeito, nem transar mais de um dia seguido. Vou parar mesmo, você deve estar cansada demais pra isso. - me levanto de seu colo, mas sinto ela me segurar e me fazer sentar novamente nele.
- o que disse ?
- que você está cansada por ter transado por mais de um dia. - repito sem exitar nem um pouco.
- Charlie Charlie....se não aguenta é melhor nem tentar - ela aperta a minha coxa.
- eu não lembro da vez que provoquei e não aguentei - um sorriso sapeca fica no meu rosto.
- você é muito malcriada - a mão dela vai subindo da minha coxa pra minha cintura - não sei o que eu faço com você.
- me castigar ? E do mesmo jeito que você fez naquele dia seria tão bom... - comecei a movimentar de leve a minha cintura enquanto aproximava novamente nossos rostos.
- você está sem limites, mocinha. Vou dar um jeito nisso agora.

Ela fecha o notebook e o afasta pro outro lado bem longe da mesa e me coloca bem em cima dos papéis e outros materiais.

- você quer me desestressar ? - digo sim acenando com a cabeça - então vai ter que aguentar apanhar muito, amore mio.

Entre Quatro ParedesOnde histórias criam vida. Descubra agora