Entre Quatro Paredes

capítulo 29: emergência

Estava dormindo profundamente por conta do cansaço, até que sinto um peso sobre mim e alguém beijando meu pescoço, abro os olhos e era Nique.

- sai Nique! - falo com a voz rouca de sono.
- você tava demorando pra acordar - ela se joga do meu lado da cama - achei que tinha desmaiado ou algo assim, já ia ligar pro Roger - ela me puxa pra perto dela - bom dia, amore mio.
- bom dia - dou um celinho longo e me aconchego em seu corpo, sentindo seu calor.
- está tarde, devemos levantar.
- não, quero ficar mais um tempo com você aqui ! - abraço ela com força.
- eu também quero - ela me abraçou de volta.

Fiz cafuné no seu cabelo e ela ficou me dando celinhos e carinhos, um tempo depois uma ligação urgente a fez se levantar e ter que ir pro seu notebook, ela já estava tomada banho e vestida enquanto eu estava ainda no banheiro. Quando termino eu saio e mando uma mensagem pra Roger pedindo que ele venha me buscar em uma hora, depois eu vou para a cozinha comer algo.

- Santo cielo ! - ela diz nervosa em italiano enquanto passa as mãos pelo cabelo, colocando os para trás - me dê paciência, meu Deus.
- o que tá rolando ? - pergunto curiosa enquanto mordo uma maçã.
- problemas - diz simples.
- de que tipo ? - a encorajo.
- do tipo muito ruim. Financeiro, pra ser mais exata - ela mexe frenética pelo notebook, enquanto a alisava um monte de coisas na tela - porra !
- para de xingar em italiano, você fica sexy demais e aí não vou aguentar me segurar - tento tirar a sua atenção do notebook.
- hum, depois de ontem eu duvido muito - ela rebate sorrindo mas ainda concentrada na tela.

Pego algumas frutas e as corto, também preparo dois mistos quente e os coloco em dois pratos diferentes, pego as frutas cortadas e os pratos e coloco tudo próximo ao notebook dela e me sento na cadeira ao seu lado.

- acho que você não comeu, certo ? - pego o meu misto e o mordo.
- você me conhece tão bem - ela finalmente tira os olhos do aparelho.
- daqui a pouco o Roger vem me buscar. Ah, meu pai descobriu sobre eu estar na sua empresa - pego um pedaço de fruta.
- ele fez alguma coisa com você ?
- nada de novo. Só as brigas e, finalmente, a vaga no setor administrativo. Seu plano foi extremamente perfeito - sorrio para ela.
- te ver todos os dias foi tão bom...vou sentir sua falta - ela abaixa a cabeça e apoia no meu ombro.
- também vou, principalmente da Marcela - ela levanta e me olha.
- minha concorrente agora ? - ela brinca.
- sim. Se eu fosse você eu tomava muito cuidado - devolvo rindo.

Nós duas continuamos a conversar até que Roger chega, me despedi dela e entrei no carro e saímos de sua garagem. A rota foi tranquila, colocamos fofocas em dia e ele me deixou na frente da minha casa.

- em uma escala de zero a dez, o quão chata sua madrasta está ? - ele fala saindo do carro junto comigo.
- com toda certeza dez. Ela não faz absolutamente nada agora, só fica sentada e usa a desculpa de estar grávida pra tudo.
- ranço de gente preguiçosa. Poderia estar fazendo tanta coisa, mas prefere ficar com a bunda presa no sofá enquanto assiste um monte de besteira. Boa sorte com a mimada.
- valeu migo.

Nos abraçamos e nos despedimos. Entrei em casa e dei de cara com Suzie, ela estava com uma tigela de frutas no colo enquanto estava sentada de frente pra tv, tento passar direto mas a sua voz diz algo que me chama atenção.

- você está saindo demais com o Roger, se você engravidar dele eu te expulso desta casa.
- e quem você pensa que é para me expulsar de casa ?
- se eu fosse você eu não testaria. E a partir de hoje as coisas nesta casa vão mudar, se seu pai escutar uma reclamação minha sobre você pode dar adeus a sua paz, e você sabe bem disso. Saia, cansei de olhar na sua cara - ela vira o rosto com desdém. Fico parada encarando a silhueta da mulher que mais sinto raiva, penso em voar em cima dela mas sabia que isso só traria problemas para mim então só respiro fundo e subo a escada devagar.
- eu te odeio - falo baixo, mas não tão baixo ao ponto dela não escutar. Não espero uma reação sua, só vou direto para o meu quarto.

Esperei ficar de tarde e combinei de sair com as minhas amigas. Fomos ao shopping, fizemos compras e isso me fez esquecer o estresse que a Suzie estava me fazendo passar. Cheguei em casa na ponta dos pés, não queria chamar atenção para mim. Entrei dentro do meu quarto e vou para o banho, quando saio escuto meu telefone tocar, não olho quem, era somente atendo.

- Amore mio, preciso te avisar uma coisa - a voz de Nique tinha um tom de tristeza.
- o que aconteceu ?
- me ligaram da Itália, minha mãe está precisando de tratamento, ela está doente e eu preciso viajar para cuidar dela...- tinha preocupação em sua voz.
- o que aconteceu ? - fico espantada - sabe de alguma outra informação ?
- não. Só sabemos que ela está internada, não temos notícias da causa.
- você vai para lá, né ?
- já estou no aeroporto. Santino brigou pra ir também, mas alguém precisa resolver o problema que apareceu recentemente...
- o que você tava tentando resolver hoje mais cedo ?
- sim... até agora não achei o causador...e nem vou conseguir, minha mente está preocupada com minha mãe - ela suspira.
- vai dar tudo certo. Mantenha a calma, se precisar de alguma coisa é só me ligar, ok ?
- ok - ela pausa por uns instantes - Não sei o que seria de mim agora se eu não pudesse escutar a sua voz...
- Se souber de alguma coisa, me avise. Eu voaria até a Itália só pra te ajudar com o que quer que fosse.
- eu sei disso. Irei embarcar no avião, quando eu chegar eu te aviso.
- é bom mesmo. Eu te amo...muito mesmo.
- também te amo...muito mais do que você, inclusive....

Nos despedirmos e desliguei o telefone. Passei a noite em claro ansiando por notícias, mas não teve telefonema durante esse período. Consegui cochilar um pouco, mas não o suficiente, minha preocupação era maior do que meu cansaço.