❄︎ 23

1.3K 130 70
                                    

Valentina Foster

Segunda-feira; três semanas após o início do Campeonato de Primavera e oficialmente férias de verão.

Havia uma semana desde que Ivan retornara de Boston. E, no entanto, esse insuportável ainda não cumprira a sua promessa...

Era um alívio não ver seu rosto bonito e suas presinhas pontudas. Eu precisava me lembrar de que estava com raiva dele, de que precisava cortar esse laço — confuso e frágil — que se estabelecia entre nós.

Não posso ir longe com isso. Não posso ser idiota o suficiente para me entregar e confiar em um jogador de hóquei estúpido que me deu as costas depois de quase me beijar.

Mas ele prometera, uma semana atrás, consertar as coisas. Ele prometera vir atrás de mim, e não era a primeira vez que ele fazia isso. Ivan apareceria uma hora ou outra, eu só tinha que permanecer firme na minha decisão.

Suspiro frustrada, dando uma última olhada no espelho. Os shorts de tecido leve destacavam meus quadris estreitos e realçavam minhas pernas bem definidas — cortesia da patinação. Ajeito meu cabelo preto e rebelde em um rabo de cavalo e pego meu celular.

Primeiro dia de férias de verão.
Primeiro dia de fisioterapia.
Que ótimo! — ironia.

Ari me envia uma mensagem dizendo que já está a caminho, então sento-me nos degraus de casa e espero minha amiga.

Rebecca já estava na clínica, ela tinha uma papelada pra resolver e tenho em mente que seja sobre o pagamento da fisioterapia. O Sr. Lawrence estava sendo generoso demais, temia desaponta-lo no próximo campeonato, então garantirei um lugar no pódio — O 1° de preferência —, só para me redimir do meu pequeno delito.

Um carro de frente quadrada e tom bege arranca pela rua, fazendo o cachorro da vizinha latir raivosamente contra a grade. Eu franzo o cenho, levantando-me curiosa ao notar que ele estaciona em frente à minha casa.

Não me aproximo muito, mas pelo vidro baixo, consigo ver os cabelos ruivos em duas tranças.

— Sua carona chegou, Tina! — Ari grita, buzinando repetidas vezes.

— Devagar, Ária! Se quebrar esse carro, meu pai me mata... — Connor protesta, no banco de trás.
Eu rio, contornando o carro e sentando-me no banco ao lado de Ari.

— Ainda acho que você comprou sua carteira... — zombo dela, colocando o cinto de segurança.

— Comprei uma ova! Eu dirijo muito melhor do que você! — ela zomba de volta, deslizando as mãos pelo volante. — Só me falta um carrão assim...

Connor se estica, encarando a amiga.

— Se fosse verdade, sua mãe te deixaria dirigir com mais frequência... E eu não precisaria estar te vigiando e alertando sobre o básico. Tipo o semáforo! — Connor relembra, emburrado.

— Cale a boca, eu nem tinha visto aquele semáforo idiota... — Ari bufa — O importante é que não matei ninguém!

Ainda. — sorrio, dando de ombros. — Mas podemos ser os primeiros...

— Não vou dar esse privilégio a vocês. — ela ri, dando partida no carro.

Connor pigarreia no banco de trás, provavelmente nervoso pela maneira louca e duvidosa com que Ari dirige.

GLACIAL HEARTS ❄︎ TINA & IVANOnde histórias criam vida. Descubra agora