Em uma cidade onde segredos são a moeda corrente, uma jovem em perigo é inesperadamente salva por um homem comprometido. Porém, esse compromisso é apenas uma fachada, uma armadilha cuidadosamente construída para esconder suas verdadeiras intenções...
"You could touch the sky, but you ain't got shit on me" - Mount
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O resto do dia passou rapidamente. A senhorinha que cuidou de mim mais cedo voltou com roupas limpas e me levou até um banheiro, onde pude tomar um banho necessário. Depois, Hitto já estava no quarto esperando para irmos comer.
Caminhamos um pouco até chegarmos ao salão de jantar, pois, segundo Hitto, é obrigatório que todos jantem juntos.
A vista do acampamento era incrível, com as estrelas iluminando tudo e tornando o lugar ainda mais bonito.
Ao chegarmos, todos os olhares se voltaram para mim. Algumas pessoas cochichavam, outras reviravam os olhos, mas eu ignorei.
Sentei-me entre Hitto e Lixy, e trocamos algumas palavras antes do jantar ser servido.
— Meus queridos sobreviventes. — Guno começou a proclamar. — Hoje tivemos a chegada de mais uma vítima daqueles bárbaros. Graças ao meu querido irmão — disse, olhando para Zawa. — que, com seu poder de sentir quando alguém está em perigo, encontrou esta bela jovem indefesa. E graças também aos meus amados filhos. Por isso, peço que recebam a nova membro da nossa família, Vicna.
Novamente, as pessoas me olhavam e cochichavam. Eu realmente odeio ser o centro das atenções.
— Diga algo, minha doçura. — Hitto me tirou de meus pensamentos.
Levantei-me e disse apenas: obrigada.
Não me sinto confortável sendo o centro das atenções, especialmente quando parece que não querem minha presença.
A noite foi tranquila, tirando as discussões bobas entre Hitto e Lixy. Pelo menos eu a percebi assim.
De repente, um alarme soou e todos se retiraram da sala. Quando estava saindo, Guno e uma mulher me pararam.
— Espero que esteja tudo ao seu agrado, doçura. — disse Guno. — Você só passará esta noite na enfermaria. Prometo lhe arranjar um quarto adequado depois. A senhora Yoi achou melhor que você fique por perto esta noite, por precaução.
— Não vai me apresentar, querido? — disse a mulher, me examinando de cima a baixo.
— Desculpe, meu bem. Doçura, esta é minha esposa, Pixy, mãe dos meus amados filhos. — disse Guno.
Não me surpreendi. Lixy é a cópia dela, e imagino que a personalidade seja a mesma.
— Prazer em conhecê-la. — fiz uma leve reverência.
— Veja só, finalmente alguém que sabe respeitar os mais poderosos. Vicna, certo? Você daria uma ótima empregada. Quem sabe eu não te contrate para trabalhar em minha casa. — disse Pixy.
Dei uma leve risada e assenti, mas confesso que minha vontade era sacar minhas espadas e cravá-las nela. Curvar-me foi por respeito, mas jamais deixaria que me tratasse como escrava. (Importante: não estou com minhas espadas.)
De repente, me dei conta da falta delas, e entrei em desespero. Não posso ficar sem minhas espadas, herança dos meus avós quando completei a maioridade.
— Senhor Guno, antes de me recolher, poderia me dizer onde estão minhas espadas? — perguntei.
— Doçura, armas só são permitidas fora do acampamento. Os únicos aqui que podem portar armas são os vigilantes. — declarou Guno. — Mas meu filho me falou sobre suas lâminas maravilhosas e como você lutou bravamente contra aqueles homens. Irei devolvê-las assim que você passar no treinamento para vigilante.
— Vigilantes? Como assim? — perguntei.
— Meus filhos irão te explicar em breve. Agora tenha uma boa noite, doçura. — completou Guno, se retirando.
Enquanto voltava à enfermaria, observei mais um pouco o acampamento e percebi que algumas estruturas estavam vazias, embora o prédio onde jantamos estivesse cheio de pessoas. Achei isso bem estranho.
Ao acordar, encontrei novas roupas me esperando; as peguei e fui direto para o banheiro.
Depois de fazer minha higiene matinal, me dirigi à saída da enfermaria.
Ao sair, me deparei com Lixy e uma outra garota a acompanhando.
— Bom dia! — falei tentando parecer entusiasmada.
— Bom dia! É bom conhecê-la, Vicna. O Hitto não parava de falar sobre o quanto você é linda — disse a acompanhante de minha salvadora. — E vendo você pessoalmente, confesso que concordo com meu cunhado.
Cunhado? Ela namora com a Lixy? Coitada.
— Não exagera, florzinha, o Hitto dá em cima de qualquer uma — disse Lixy com um certo tom de ironia. — Bem, Vicna, meus pais pediram para lhe buscar. Minha mãe fez questão que você tomasse café conosco.
— Minha futura sogra me convidando para o café? Jamais recusaria — retruquei, ironizando e adorando ver a expressão incrédula de Lixy.
As duas deram de ombros e me levaram ao prédio principal.
Bem, eu já conhecia aquele lugar, mas adoraria fazer uma visita mais detalhada.
Afinal, ainda estou curiosa sobre o motivo de algumas cabanas estarem desocupadas, considerando que há tantas pessoas vivendo neste acampamento.
Fomos para uma sala onde havia uma mesa enorme, onde estavam sentados os familiares de Hitto, incluindo a noiva do meu querido Zawa.
Eles me observaram antes de Guno me convidar para sentar. Novamente, fiquei perto de Hitto, mas desta vez, Vanita estava ao meu outro lado.
— Bom dia, minha doçura. Espero que esteja gostando da estadia — disse Hitto, dando um leve beijo na minha mão.
— Até morar em um estábulo estaria bom para mim; qualquer coisa é melhor do que aquele cativeiro. Agradeço pela preocupação — respondi, piscando provocativamente.
Hitto riu, e logo o café foi servido. Enquanto comíamos, fui informada de que devolveriam minhas espadas (ainda bem) e que Zawa, por ser experiente com lâminas, me ajudaria. Também fui avisada de que ajudaria nos resgates. Aposto que Hitto teve influência nessa decisão, mas confesso que gostei da ideia; pelo menos não ficarei presa neste lugar.