Em uma cidade onde segredos são a moeda corrente, uma jovem em perigo é inesperadamente salva por um homem comprometido. Porém, esse compromisso é apenas uma fachada, uma armadilha cuidadosamente construída para esconder suas verdadeiras intenções...
"Baby, angels like you can't fly down hell with me, oh" - Angels Like You
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Quando abri os olhos naquela manhã, uma luz suave e amarelada invadia o quarto, filtrando-se pelas cortinas entreabertas. Pisquei várias vezes, tentando me ajustar à claridade e afastar o sono remanescente. Senti um calor reconfortante ao meu lado e, ao virar a cabeça com certa dificuldade, dei de cara com Hitto, já acordado, me encarando com um sorriso sapeca nos lábios.
— Bom dia, minha doçura. — ele murmurou, a voz baixa e suave.
Eu me senti corar imediatamente. Estávamos tão próximos que eu podia sentir sua respiração leve e ritmada. Aquela proximidade inesperada me deixou um tanto desconcertada, mas também havia algo incrivelmente reconfortante na forma como seus olhos brilhavam ao me olhar.
Ele deu uma risada leve e passou a mão pelo meu cabelo, afastando uma mecha do meu rosto.
— Nem tanto. Eu estava aproveitando a vista.
Senti minhas bochechas queimarem ainda mais e rapidamente mudei de assunto.
— Eu... eu acho que vou preparar um café para nós dois.
Hitto se espreguiçou preguiçosamente, mas se ofereceu para ajudar.
— Deixa que eu te ajudo. Não quero ser um peso.
— Não precisa. — respondi, levantando-me da cama e tentando parecer mais confiante do que me sentia. — Eu dou conta. Pode descansar mais um pouco.
Ele ergueu uma sobrancelha, ainda com aquele sorriso malicioso, mas concordou com um aceno de cabeça.
— Como quiser. Mas, se precisar de qualquer coisa, estarei por aqui.
Fui até a cozinha, tentando organizar meus pensamentos e acalmar meu coração acelerado. Eu ainda podia sentir a sensação dos braços de Hitto ao meu redor e o calor do seu corpo junto ao meu. Era uma sensação nova e um tanto avassaladora, mas que também me trazia uma inexplicável paz.
Enquanto caminhava, meus olhos foram atraídos para algumas fotos emolduradas na parede da sala. Não pude deixar de notar uma em particular, onde um garoto sorridente, claramente Hitto quando criança, estava ao lado de uma mulher que parecia sua cópia perfeita. Eu franzi o cenho, confusa. Sempre pensei que Pixy fosse sua mãe, mas aquela mulher...
Fiquei parada ali, olhando a foto por um momento, quando percebi Hitto se aproximando. Ele deve ter notado minha expressão curiosa, porque veio até mim e se colocou ao meu lado, também olhando para a imagem.
