Lie - Cap - 15

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"Tell me we weren't just friends" — Friends

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Eu estava na cabana principal do acampamento quando fui convocada para uma missão importante. O conselho decidiu que era hora de expandir nosso território e precisaríamos de um reconhecimento detalhado da área ao norte. Normalmente, eu ficaria animada com uma missão dessas, mas havia um pequeno detalhe: eu teria que escolher meu parceiro.

Na minha mente, surgiram imediatamente os nomes de Jinf e Hitto, meus amigos de longa data. Jinf, sempre destemido e estrategista, seria uma escolha natural. Hitto, com sua habilidade em rastreamento e sobrevivência, também seria uma opção excelente. No entanto, ambos estavam de folga, desfrutando de um merecido descanso. Fiquei um pouco frustrada com isso, mas logo lembrei que havia outros membros qualificados no acampamento.

Minhas opções restantes não eram muitas. Os únicos disponíveis eram Lixy e Zawa. Suspirei profundamente ao pensar em Lixy. Nossa relação nunca foi boa; na verdade, mal nos tolerávamos. Trabalhar com ela seria um desafio maior do que a própria missão. Isso deixou apenas uma opção: Zawa.

Zawa e eu temos uma conexão que vai além da amizade. Nos últimos dois anos, desde que ele apareceu em minha vida, nossa proximidade aumentou a cada dia. Muitas vezes, trocávamos flertes sutis, e havia algo mais entre nós que nenhum de nós admitia. A diferença de idade entre nós – ele com 34 e eu com 24 – não parecia importar tanto, especialmente considerando o mundo em que vivíamos agora.

Decidi me encontrar com Zawa em frente ao lago para discutirmos a missão. O sol já estava começando a se pôr quando cheguei ao local combinado. O lago refletia as cores alaranjadas e rosadas do céu, criando uma paisagem quase mágica. Zawa já estava lá, sentado em uma pedra, com um sorriso no rosto assim que me viu.

— Vicna. — ele disse, levantando-se. — Fiquei surpreso quando soube que você me escolheu para essa missão.

— Surpreso? Você sabe que confio em você, Zawa. — respondi, tentando manter um tom casual, embora meu coração estivesse batendo um pouco mais rápido do que o normal.

Ele deu um passo em minha direção e nossos olhares se encontraram. Por um momento, o mundo ao nosso redor pareceu desaparecer. Finalmente, ele quebrou o silêncio.

— Então, sobre a missão. O que sabemos até agora? — ele perguntou, voltando ao assunto com um tom profissional.

— Tivemos alguns relatos de sobreviventes sobre uma área ao norte que parece promissora. Precisamos mapear a região, identificar qualquer ameaça potencial e verificar se há recursos que possamos usar. Partimos amanhã ao amanhecer, mas temos que nos preparar esta noite. — expliquei.

Ele assentiu, compreendendo a importância da tarefa.

— Precisamos de suprimentos adequados, mapas atualizados e nossas armas em perfeito estado. Vamos nos dividir para agilizar isso. Eu cuido das armas e suprimentos, e você fica com os mapas e informações.

Concordei com seu plano e começamos a trabalhar. Enquanto caminhávamos de volta ao acampamento, trocamos algumas palavras sobre coisas triviais, tentando aliviar a tensão da missão iminente. Era fácil estar com Zawa; ele tinha uma presença calma e segura que sempre me confortava.

Naquela noite, enquanto revisávamos os mapas e fazíamos os preparativos finais, não pude deixar de pensar no quanto nossa relação havia mudado desde o dia em que ele apareceu no acampamento. Ele era misterioso e reservado no começo, mas aos poucos fui descobrindo suas qualidades. Ele era leal, corajoso e tinha um senso de humor inesperado. E, claro, havia algo mais – algo que eu não queria admitir nem para mim mesma.

— Vicna, está tudo bem? — A voz de Zawa interrompeu meus pensamentos.

Olhei para ele e percebi que estava me observando com uma expressão curiosa.

— Sim, tudo bem. Só estava pensando... sobre a missão.

— Não se preocupe. Vamos dar conta. Sempre damos. — ele disse com um sorriso confiante.

Assenti, tentando compartilhar de sua confiança.

— Você tem razão. Vamos descansar um pouco. Amanhã será um dia longo.

Despedimo-nos e cada um foi para sua cabana. Deitei-me, mas o sono demorou a vir. Minha mente estava cheia de pensamentos sobre Zawa e a missão. Finalmente, adormeci, mas sonhei com ele, como muitas vezes acontecia.

O amanhecer chegou mais rápido do que eu esperava. Levantei-me e me preparei rapidamente, encontrando Zawa na entrada do acampamento. Ele estava pronto, com uma expressão determinada no rosto. Troquei um olhar com ele e percebi que estávamos sincronizados, prontos para enfrentar o que viesse pela frente.

A jornada até o território desconhecido começou silenciosa. Caminhamos lado a lado, atentos a qualquer sinal de perigo. De vez em quando, nossos olhares se encontravam e compartilhávamos um sorriso ou um comentário breve. O silêncio entre nós não era desconfortável; na verdade, era quase reconfortante.

Ao chegarmos ao ponto de reconhecimento, estabelecemos um pequeno acampamento. Passamos o dia explorando a área, fazendo anotações e mapeando cada detalhe importante. Trabalhar com Zawa era eficiente e agradável. Ele sabia exatamente o que fazer e como fazer, e nossa colaboração era perfeita.

No final do dia, estávamos sentados ao redor de uma pequena fogueira. O céu noturno estava claro, com as estrelas brilhando acima de nós. Zawa estava sentado ao meu lado, seu rosto iluminado pelo fogo.

— Foi um dia produtivo. — ele comentou, olhando para as anotações que havíamos feito.

— Sim, conseguimos muita informação. O acampamento ficará satisfeito com nosso trabalho. — respondi, sentindo-me orgulhosa do que havíamos realizado.

Houve uma pausa, e então Zawa olhou para mim, seus olhos fixos nos meus.

— Vicna, preciso te dizer uma coisa. — Meu coração disparou.

— O que foi, Zawa?

— Eu... gosto de você. Mais do que um amigo deve gostar de uma amiga. — ele disse, sua voz firme e sincera.

Fiquei em silêncio por um momento, processando suas palavras. Havia esperado tanto tempo para ouvir isso, mas agora que estava acontecendo, não sabia como reagir.

—;Zawa, eu... eu também gosto de você. Sempre gostei. — confessei, finalmente admitindo o que sentia.

Ele sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto e fez meu coração bater mais rápido.

— Então estamos no mesmo barco. — ele disse, pegando minha mão.

Sentir a mão dele na minha foi como encontrar uma peça que faltava em um quebra-cabeça. Ficamos assim por um tempo, sem precisar de palavras. Naquele momento, soube que, independentemente do que acontecesse na missão ou no futuro, ter Zawa ao meu lado fazia tudo valer a pena.

Na manhã seguinte, acordamos cedo e continuamos nosso trabalho. Havia uma nova leveza entre nós, uma compreensão mútua que fortalecia nosso vínculo. A missão era importante, mas agora havia algo mais que nos motivava – a promessa de um futuro juntos.

Quando finalmente retornamos ao acampamento, exaustos mas satisfeitos com nosso trabalho, fomos recebidos com entusiasmo. Nosso relatório detalhado foi elogiado e nossos mapas cuidadosamente analisados.

Zawa e eu trocamos um olhar sabendo que tínhamos mais do que cumprido nossa missão. Havíamos dado um passo importante em nossa relação.

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