Capítulo vinte e sete.

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🏁🧡

26/05/2026

°•°•°

📸 Celine's point of view 🖌

   Há exatos dois anos meu irmão morreu. Talvez eu esteja pulando muito no tempo. Do início então.

   Eu recebi uma ligação, horrível, do hospital contando do acidente. Eu corri para lá com Lando e passei a noite em claro, desesperada. A recepcionista me chamou pra uma sala esquisita e contou a notícia. Eu desabei, desmaiei e fiquei três dias no hospital. O velório foi grande... Enfim, eu me formei e tenho morado com Lando desde então.

   Eu nunca superei de verdade. Quero dizer, não tem como realmente superar, afinal. A morte do irmão. Nós sempre achamos que as coisas ruins só acontecem com as outras pessoas e nós somos imunes. Quer um toque? Acontecem, sim. Aconteceu comigo, no acidente dos meus pais e no acidente de Os.

    A vida não avisa quando vai ser o último abraço. Aproveite e pare de dar gestos e palavras vazias.

    Não se envergonhe de dizer "eu te amo".

    Para de se esconder.

    Passe por riscos.

    Seja grato.

    Eu amei meu irmão todos os dias, como eu sei que ele também me amou.

— Então eu passo a palavra para Celine Piastri, irmã de Oscar.

    Eu só não queria ter que fazer um discurso de dois anos de falecimento, transmitido pro mundo inteiro. Eu já tentei falar dele há dois anos no velório. Não deu certo se você quer saber. Me levanto e caminho até a frente de... Algumas centenas de pessoas. Ao lado dos túmulos de meu irmão, meu pai e minha mãe.

— Imagine o nada. — paro minha fala por alguns instantes. — Não, você está imaginando o escuro e o silêncio. Eu não sei como é o nada. O fim. Eu sempre me perguntei se vidas únicas e incríveis são mesmo simplesmente abandonadas. Acho que não, sem querer entrar em questões religiosas.

     Olho para a plateia. Ricciardo, Max, Lando, Charles e Carlos me olham com os olhos completamente marejados.

— "Eu te amo, Celi. Não importa onde eu esteja, eu estarei com você também". Oscar sempre dizia isso pra mim. Desde a infância. Eu não acreditava muito. Mas também nunca havia me imaginado sem ele. Afinal, a vida é tão longa... A morte é meio ilusional quando se é jovem. Oscar viveu a morte dos nossos pais a ferro e fogo. Eu vi meu irmão sofrendo, chorando escondido de mim, para não me machucar. Ele me ensinou que o imprevisto é bem-vindo.

    Paro de falar por um momento, pensando se continuo minha fala.

— No início me perguntei se ele sentiria tanto minha morte quanto eu senti a dele. Nunca consegui uma resposta. Mas o imprevisto era bem-vindo para ele. Ele era brilhante. E não tenho dúvidas que ele se tornou a estrela mais brilhante do céu. E de repente me pego olhando pra cima, buscando por ele. Pensando que ele está esperando por mim em algum lugar. Então eu paro um pouquinho, e espero o coração parar de doer.

    Uma lágrima cai de meu olho.

— O luto não é a dor da morte. O luto é a dor de sentir a mudança. O luto é a prova de amor mais pura que você pode dar a alguém que você amou muito. E em algum lugar, essa pessoa vai sentir também. Obrigada.

    Me sento novamente e observo o túmulo de Oscar, mamãe e papai. Então choro. Me permito chorar. Deixar ir.

•°•°•

     Espero todos irem embora e me ajoelho, com um buquê de rosas, um de margaridas e um de flores de cravo nos braços, na frente dos túmulos de minha família. De quatro, uma restou.

— Eu sinto saudades, Oscar. Você estava tão animado com a ideia de viajar o mundo comigo. E eu estava tão animada por ter você comigo. Se passaram dois anos e eu ainda espero que eu acorde desse sonho ruim, com um abraço seu, dizendo que está tudo bem e que vamos sair para algum lugar juntos. Lá no fundinho do peito eu sei que você não vai. Mas eu te amo tanto que se você fizesse isso eu não ficaria surpresa. Eu trouxe margaridas. Elas me lembram seu sorriso, sua simplicidade e o carinho que você me criou. Eu te amo, Os. Pra sempre.

    Coloco o buquê encima dos outros vinte. E coloco as rosas encima da lápide de minha mãe e as flores de cravo encima da lápide de meu pai. Sento na grama e sinto estar em família pela primeira vez em anos. Algo me dizia que eles estão aqui comigo, me abraçando e dizendo que está tudo bem agora. Que eu tenho que viver por eles.

    Me levanto e caminho até a rua. O sol já estava se pondo e Lando estava me esperando na frente do carro. Mas corre até mim assim que me vê, me colocando nos braços dele.

— Você é tão forte, Celine. E eu tenho tanto orgulho de você. Eu te amo tanto, meu Deus.

— Eu também te amo. Podemos ficar assim um pouco, por favor?

— Pra sempre, se você quiser, minha linda.

°•°•°

Eu terminei de escrever esse capítulo e me perguntei se eu não apagava tudo e começava de novo, mesmo sabendo que a morte de Oscar estava no planejamento da fanfic antes mesmo de eu começar a escreve-la.

E é estranho pensar que eu criei os personagens, e eu mesma me apeguei a eles de uma forma que eu estou sofrendo, provavelmente, tanto quanto vocês.

É claro, eu tinha a opção de deixar ele vivo, mas por mais que a intenção dessa história não seja nenhuma lição moral, eu acho que é importante a juventude saber que o fim chega e que as coisas ruins que vemos nos jornais acontecem mesmo, e podem acontecer com qualquer um, a qualquer momento.

Obrigada, pelo apoio que vocês sempre me dão, porque escrever e automobilismo sempre foram minhas maiores paixões. Ver que as pessoas gostam do que eu faço é maravilhoso e eu queria agradecer a cada voto e comentário que vocês me deixam, afinal, é isso que eu vou receber (e é mais que suficiente).

𝑭𝒂𝒍𝒍𝒆𝒏 𝑺𝒕𝒂𝒓𝒔 - Lᴀɴᴅᴏ Nᴏʀʀɪs 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora