16_ Então me conheça

274 24 10
                                    

Hinata

23 de outubro de 2018

Por algum motivo eu continuava andando na chuva, sentindo cada gota gelada escorrendo pelo meu rosto e se misturando com as lágrimas que insistiam em cair.

Meus pés estavam doendo, os sapatos completamente encharcados e pesados a cada passo que eu dava. O chão molhado e escorregadio dificultava ainda mais a minha caminhada, mas eu ainda assim seguia em frente.

Meu corpo estava exausto, cada músculo doía como se implorasse por um descanso, mas eu ignorava o cansaço.

Minha roupa colada ao meu corpo, empapada pela a chuva, fazia com que cada movimento fosse mais difícil, mas eu continuava.

Meu cabelo, preso em um rabo de cavalo que agora estava completamente encharcado, pingava incessantemente, formando pequenas poças no caminho que eu percorria.

As pessoas que passavam por mim na rua, me encaravam com estranhamento. Algumas sussurravam entre si, outras olhavam com uma mistura de curiosidade e preocupação.

Antes eu até me importaria, Mas agora eu não estava ligando para os olhares, eu estava imersa em meus próprios pensamentos, em minha própria dor. E Tudo que eu queria era chegar em casa, no refúgio que eu sabia estar muito distante da onde eu estava agora.

Eu poderia facilmente pedir um motorista da minha casa para me buscar, eu sei que essa era a opção mais sensata e confortável. Mas algo dentro de mim me impedia de fazer isso.

Eu sentia que precisava andar, precisava sentir a dor nos pés, a exaustão no corpo. Como se o sofrimento físico pudesse, de alguma forma, aliviar o turbilhão de emoções que me consumia por dentro.

Eu precisava daquela dor, precisava sentir cada passo, cada gota de chuva, cada olhar curioso e indiferente das pessoas ao meu redor.

A chuva não dava sinais de que iria parar. Pelo contrário, parecia intensificar-se a cada minuto. O som das gotas batendo no chão, nos telhados, nos carros estacionados, formava uma sinfonia melancólica que acompanhava os meus pensamentos.

Eu continuava, ignorando o frio que começava a tomar conta do meu corpo, ignorando a sensação de que a qualquer momento minhas pernas poderiam ceder.

Mas eu continuei, não quero desistir, nem parar. Cada passo era uma luta contra a vontade de me render, de me permitir um pouco de descanso. Mas eu não queria descanso, não queria alívio

Queria me sentir, queria sofrer. Era como se a dor física fosse a única coisa que conseguia alcançar a minha mente e o meu coração, me distraindo da dor emocional que me atormentava.

Eu sei que ainda tenho um longo caminho pela frente, minha
a casa está muito longe. Mas, mesmo assim, eu continuava.

Porque, nesse momento, a caminhada na chuva, a dor nos pés, o cansaço extremo, eram tudo que eu precisava para sentir que estava viva.

De repente, uma voz cortou o som da chuva.

— Hinata! — Alguém chamou.

O som do meu nome fez o meu corpo inteiro paralisar. Meu coração começou a acelerar, batendo descompassado contra o peito.

E então eu me virei lentamente, como se temesse o que encontraria ao me virar.

E lá estava ele. Sasuke, todo encharcado de água, ofegante, claramente lutando para recuperar o fôlego.

Caminhos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora