Caminhos Cruzados

36_ você ama ele?

Hinata

20 de dezembro de 2018
( 6 dias depois)

16:30

Acordei com uma dor de cabeça latejante, como se martelos invisíveis estivessem golpeando meu crânio em ritmos descompassados.

A luz suave que filtrava pelas cortinas do quarto era ao mesmo tempo reconfortante e estranha, e eu precisei de um momento para entender onde estava.

Pisquei várias vezes, tentando afastar a névoa que obscurecia meus pensamentos, e quando finalmente meus olhos se ajustaram, vi Hanabi, sentada em uma poltrona ao lado da cama.

Ela estava concentrada, com os olhos fixos em um livro, a testa levemente franzida enquanto seus lábios se moviam silenciosamente, acompanhando as palavras que lia.

Eu quis chamá-la, mas minha garganta estava seca e dolorida, como se eu não tivesse falado há dias.

Tentei pronunciar seu nome, mas o som saiu fraco, quase inaudível.

- Hanabi...

No instante em que o som escapou dos meus lábios, ela levantou os olhos, surpresa, como se não tivesse esperado me ouvir tão cedo.

Seus olhos se arregalaram, e num movimento brusco, ela jogou o livro para o outro lado do sofá, o volume caindo no chão com um baque abafado.

Hanabi não hesitou nem por um segundo. Num salto, ela se jogou sobre mim, envolvendo-me em um abraço apertado que, apesar de reconfortante, me fez sentir uma pontada de dor nas costelas.

- Hinata! Meu Deus, que bom que você acordou! - A voz de Hanabi estava embargada de emoção, e logo senti as lágrimas quentes molhando o lençol branco que cobria meu corpo.

Fechei os olhos, tentando organizar os pensamentos que insistiam em fugir de mim.

Tudo parecia um borrão, um sonho estranho e desconexo do qual eu não conseguia despertar completamente.

Quando abri os olhos novamente, vi Hanabi ainda chorando, seu rosto apertado contra meu peito.

Com um esforço, levantei a mão e afaguei seus cabelos escuros, sentindo a maciez sob meus dedos, enquanto tentava encontrar alguma explicação para o que estava acontecendo.

- Hanabi... o que aconteceu? - Perguntei, minha voz saindo mais forte, embora ainda trêmula.

Eu precisava entender, precisava que ela explicasse o porquê de estar ali, com lágrimas nos olhos e um olhar de alívio misturado à preocupação.

Antes que Hanabi pudesse responder, uma voz familiar e grave preencheu o quarto, cortando o ar com uma firmeza suave.

- Você está em um hospital, Hinata.

Virei a cabeça lentamente, sentindo Hanabi se afastar de mim para dar espaço ao novo interlocutor.

Do outro lado da cama, estava Neji, com os olhos brilhando de emoção contida. Sua postura era firme como sempre.

- Que bom que você está bem, minha irmã. - Neji sorriu levemente, mas eu podia ver que seus olhos estavam marejados, como se ele também estivesse lutando para segurar as lágrimas.