52_ A carta do inferno

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Hinata

Continuação....


— Eu te amo. — Ele confessou, com a voz baixa, mas firme, como se aquela fosse a verdade mais pesada que já havia pronunciado.

Meu peito pareceu parar de bater.

Ele disse que me ama.

Ele disse que me ama.

As palavras ecoaram na minha mente, martelando como uma verdade impossível de aceitar.

Eu fiquei imóvel, paralisada, sem conseguir processar o que acabara de ouvir.

Seis anos atrás, ele tinha me dito exatamente o oposto.

Seis anos atrás, ele havia olhado diretamente nos meus olhos e jogado na minha cara que eu não significava nada para ele.

Que tudo o que eu sentia, tudo o que eu tinha feito, era em vão, porque ele não me amava.

Ele não me amava. E agora, como se quisesse arrancar o chão debaixo dos meus pés, ele dizia isso?

Agora, depois de tudo, depois de tanto tempo e tantas feridas abertas, ele dizia que me ama?

— Eu te amo hinata — Ele repetiu — Eu te amo com uma intensidade que chega a ser doentia. E sei que esse amor é a nossa ruína. Talvez, no fim, essa seja a maldição que carregamos: sermos feitos um para o outro, mas sempre em guerra.

— Você… — Minha voz saiu falha, quase inaudível, enquanto eu tentava assimilar a gravidade das palavras dele. — Como você pode dizer isso? Como ousa, Sasuke? Depois de tudo o que aconteceu, depois de tudo o que você fez, você tem a coragem de dizer que me ama?

Eu queria gritar, queria explodir. Mas, ao mesmo tempo, sentia meu corpo enfraquecer.

As pernas tremiam, e o ar parecia escapar dos meus pulmões.

Finalmente, olhei nos olhos dele. Estavam intensos, carregados de algo que me fazia querer gritar, uma mistura sufocante de emoções que eu não sabia como processar.

Lágrimas ameaçavam brotar, mas não eram de dor, não desta vez.

Era raiva. Uma raiva avassaladora que queimava no fundo do meu peito, corroendo tudo por dentro.

Por que ele sempre fazia isso? Por que sempre tinha que dizer algo que mexia comigo de uma maneira que eu não conseguia controlar?

Eu o encarei com todo o ódio que podia reunir, pronta para explodir, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele desviou o olhar, fixando-o no rio que corria suavemente ao nosso lado.

Então, ele sorriu. Um sorriso fraco, quase imperceptível, mas ainda assim, de uma maneira que fez meu estômago se revirar.

Como se estivesse recordando algo que eu não podia entender.

— Nós nos conhecemos aqui — ele disse, a voz carregada de nostalgia.

Meus olhos se arregalaram em confusão.

O que ele está dizendo? Isso não faz sentido.

— Você não se lembra? — ele perguntou, ainda olhando para o rio como se estivesse vendo uma cena invisível diante de seus olhos. — Do menino que passou aqui machucado.

Fiquei paralisada, minha mente girando em círculos, tentando entender o que ele estava dizendo.

E então, de repente, uma memória distante me atingiu com a força de um soco.

Caminhos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora