29_ Hinata espiã?

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Hinata

10 de dezembro de 2018

As cartas chegaram de novo, como se fossem um lembrete cruel de que a paz nunca foi feita para mim.

Flores e mais flores, como se o brilho das pétalas pudesse esconder a podridão das intenções por trás delas. Estou cansada, esgotada de carregar esse fardo sozinha.

Quero acabar com isso, mas como se luta contra uma sombra que me persegue mesmo quando fecho os olhos?

O quarto ao meu redor é um reflexo do caos que se instalou dentro de mim. As cartas que ele me mandou, todas elas, estão espalhadas pelo chão, junto com as pétalas dos buquês, criando um tapete de desespero.

A desordem do ambiente se alinha perfeitamente ao turbilhão que se formou na minha mente. Estou ajoelhada no meio dessa confusão, tentando me proteger do frio que parece emanar de dentro de mim.

Abraço meu próprio corpo, na tentativa inútil de encontrar algum conforto, enquanto a única luz que me acompanha é a que entra pela janela, aberta há dois dias.

Dois dias de espera, de angústia. Abri a janela na esperança de que ele voltasse, de que Sasuke aparecesse novamente, de que ele explicasse por que foi embora sem sequer me acordar.

Foi a minha primeira vez, a primeira vez que me entreguei completamente a alguém, e agora me sinto uma idiota por acreditar que aquilo significava algo para ele.

Ele se foi, me deixando sozinha nesse vazio.

Olhei para o lado, e meus olhos pousam em uma das cartas que recebi hoje cedo. As palavras, escritas em uma caligrafia firme e fria, são como uma sentença de morte.

Sasuke morrerá logo, logo, você vai deixar isso acontecer?

Essas palavras reverberam na minha mente, cada vez mais altas, cada vez mais desesperadoras.

Quem está enviando essas cartas? Quem ousa prever a morte dele, ou pior, causar essa morte? E por que estão me avisando, como se eu tivesse algum poder de impedir o inevitável?

Não faço ideia de quem está por trás disso. Desde que minha casa pegou fogo e Sasuke desapareceu, essas cartas começaram a chegar, cada uma mais perturbadora que a anterior.

A primeira foi "Será que as chamas estão acesas no seu coração assim como na sua casa? Eu sei o que você fez." Como se aquele que escreveu essas palavras pudesse ver dentro de mim, soubesse dos segredos que tento enterrar no fundo da minha alma.

Eu queimei a minha própria casa. Eu destruí o que restava do meu passado, mas nunca imaginei que alguém soubesse. Poderiam ser os Uchiha? Não faz sentido, mas quem mais teria tal conhecimento?

Eu desconfio, mas as peças não se encaixam, e estou presa em uma teia de dúvidas e medos que me consomem a cada dia que passa.

Estou exausta, cansada de viver nesse estado constante de agonia, onde cada carta é uma nova ferida aberta, onde cada flor é um lembrete doloroso de tudo o que perdi.

E agora, saber que a vida de Sasuke está em perigo... O que ele está enfrentando? Que inimigos ele tem? O que ele faz que o coloca em tal risco?

Essas perguntas giram incessantemente na minha mente, como uma canção de ninar sombria e incessante, que me impede de encontrar paz.

Preciso descobrir a verdade. Preciso entender o que está acontecendo, não só para salvar Sasuke, mas talvez para salvar a mim mesma também. Mas o medo me paralisa. Medo de que, ao tentar me aproximar dele, ao tentar ajudá-lo, ele me afaste para sempre.

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