43_ Uma grande tola

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Hinata

O quarto de hospital estava imerso em uma luz fria e estéril, o tipo de iluminação que não consegue aquecer, que apenas destaca a crueza da realidade.

Eu estava sentada no sofá, sentindo cada músculo do meu corpo pesado e cansado, como se a exaustão tivesse se infiltrado em cada célula minha.

Ao meu lado, a cama onde Hanabi está descansando, ainda sob o efeito da anestesia da cirurgia que havia passado.

Ela está pálida, frágil, e a visão dela naquele estado me fazia sentir como se meu coração estivesse sendo esmagado, lentamente, por um peso que eu não consigo suportar.

Respirei fundo, tentando acalmar a angústia que ameaçava me consumir.

Eu quero chorar, quero gritar, mas tudo que consigoo fazer é olhar para minha irmã, tão jovem, tão vulnerável, e me perguntar como chegamos a este ponto.

O som dos aparelhos médicos monitorando seus sinais vitais era o único ruído naquele espaço, um som mecânico e impessoal que me lembrava de que estávamos entre a vida e a morte.

Hanabi tinha sobrevivido à cirurgia, mas e quanto ao futuro? O que nos esperava? Eu não tinha mais respostas, apenas perguntas que ecoavam sem parar na minha mente.

A noite havia sido interminável, e eu mal havia dormido. Cada vez que fechava os olhos, imagens terríveis me assombravam.

O rosto do meu pai, ensanguentado e sem vida; Hanabi, sendo levada às pressas para o hospital; e Neji, meu primo, lutando por sua vida no quarto ao lado.

Eu me sinto perdida, como se tivesse sido arrancada de uma vida que, apesar de tudo, ainda tinha alguma estabilidade, e jogada em um pesadelo do qual não consigo acordar.

Neji está no outro quarto, provavelmente tão ferido quanto eu, física e emocionalmente.

Ele já é maior de idade, já tem suas próprias responsabilidades, mas agora, tudo parecia insignificante.

E eu... Eu não consigo pensar no que fazer a seguir. Talvez, com a morte do meu pai, eu tenha que ir morar com meu avô, uma figura austera que nunca realmente me compreendeu.

A ideia de estar sob o mesmo teto que ele me causa calafrios. Mas o que mais poderia fazer? Eu não tinha mais ninguém.

Minha família estava se desfazendo, desintegrando-se diante dos meus olhos.

Eu não queria ficar com Neji, não queria ficar com ninguém.

Queria me afastar de todos, me esconder do mundo, como uma ferida que precisa de isolamento para tentar cicatrizar.

Mas será que eu conseguiria? Será que, algum dia, eu poderia me recuperar do que aconteceu?

A solidão era o que eu desejava, mas ao mesmo tempo, o vazio que ela trazia era insuportável.

Queria me afastar de todos, mas temia que isso me destruísse por completo.

Era uma escolha impossível, entre a dor de estar sozinha e a dor de continuar vivendo entre os destroços do que um dia foi minha família.

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