Caminhos Cruzados

71_ Salvação e destruição.

Neji.

Entrei em casa rapidamente, fechando a porta com um leve estalo. O peso da arma na minha cintura me trazia uma sensação de poder, de controle absoluto sobre a situação.

A cada passo que eu dava, o eco dos meus sapatos no piso de madeira me lembrava do que estava prestes a acontecer.

Eu já sabia que, eventualmente, Hinata descobriria a verdade. E esse pensamento... me alegrava.

Com a ajuda de Shikamaru, que agora me passava informações mais concretas, tudo estava indo conforme o planejado.

Ele era apenas um peão, fácil de manipular com a dor da perda de alguém que amava. Claro, ele não sabia que fui eu quem fiz isso acontecer — não Hinata. Mas ele não precisava saber de todos os detalhes. Por enquanto, ele servia ao propósito.

Cheguei ao corredor principal, tirando a arma da cintura e a carregando com precisão. Cada clique era um lembrete da minha missão.

A vingança pela qual fui criado.

A vingança que meu pai me ensinou a desejar, a mesma que corria no sangue da família Hyuga.

Eu era uma máquina — a máquina dele, da nossa família. E eu tinha que completar o que começamos.

Não havia mais volta.

Sorri de leve, quase divertido, antes de virar para a cozinha.

Hanabi estava lá, a garota pela qual Hinata me deixou responsável seis anos atrás, quando eu tirei a vida do pai delas.

Eu deveria ter matado Hanabi também naquela época, mas agora parecia ser o momento perfeito para corrigir aquele erro.

— Irmão! — ela exclamou, levantando os olhos do prato enquanto me observava entrar. — Você viu a Hinata? Como ela e o bebê estão?

A menção daquele bebê fez meu sangue ferver.

Só de pensar que Hinata ousou misturar o sangue da nossa família com o sangue desprezível dos Uchiha... era repugnante.

Eu tentei de tudo para afastá-los, fiz de tudo para evitar que aquele maldito Sasuke se aproximasse dela.

Ele estava no meu caminho, atrapalhava os meus planos.

Agora, eles estavam juntos novamente. Mas isso acabaria em breve.

Eu destruiria Sasuke também, e jamais permitiria que aquele bebê nascesse.

— Aliás, precisamos ir àquele...

Levantei a arma e apontei para ela, sem rodeios.

Hanabi parou de andar em minha direção, o sorriso no rosto desaparecendo enquanto o pânico começava a tomar conta de seus olhos.

— Neji... — Ela gaguejou, surpresa e confusa.

— Eu não tenho tempo para explicações, Hanabi — falei, com frieza. — Você vai vir comigo agora, ou eu vou estourar os seus miolos aqui mesmo.

— O que? Irmão, como assim? — Ela olhou, quase incrédula, para a ponta da arma, tentando entender se aquilo era uma brincadeira de mau gosto.

Mas meus olhos não deixavam dúvidas.

— Você não entende, não é? — continuei, minha voz baixa e ameaçadora. — Hinata escondeu a verdade para te proteger, mas a realidade é que você esteve mais perto da morte do que qualquer outra pessoa. Sempre tão perto de mim. Sempre tão... ignorante.

Ela piscou, processando minhas palavras.

— Neji, onde caralhos você arranjou essa arma? E por que você está apontando ela pra mim? — Ela gritou, em desespero. — Que merda você tá fazendo?