24_ Uma condição

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Hinata

06 de dezembro de 2018

Eu descia as escadas enormes da minha casa, sentindo o frio do mármore sob os meus pés, mesmo através dos sapatos. A cada degrau, o eco suave dos nossos passos reverberava pelo corredor, amplificando o silêncio matinal que pairava sobre a mansão.

O corrimão de madeira polida refletia a luz suave que entrava pelas janelas altas, e o ar estava impregnado com o leve perfume das flores do jardim que entrava pelas janelas abertas.

As escadas pareciam intermináveis, estendendo-se como uma ponte entre o mundo privado e a realidade que nos aguardava lá fora.

Ao meu lado, Neji caminhava em silêncio, seu semblante sempre calmo, mas atento.

Sua presença me trazia uma sensação de segurança, como se nada pudesse nos atingir enquanto ele estivesse por perto.

Ele sempre foi mais do que apenas um primo, mais do que um irmão. Era alguém que conhecia todos os meus medos e todas as minhas esperanças, mesmo aquelas que eu nunca ousaria confessar.

— Hinata, você sabe se Hanabi já levantou? — Neji perguntou, quebrando o silêncio com sua voz firme, mas gentil.

Ele sempre se preocupa com todos os detalhes, especialmente com Hanabi, que apesar de ser a mais nova, tem uma personalidade forte e independente.

Eu me virei para ele, mantendo o mesmo ritmo lento e tranquilo na descida das escadas.

Meu olhar foi de encontro ao dele, e um leve sorriso se formou em meus lábios ao lembrar do jeito intempestivo de nossa irmã mais nova.

— Sim, Neji, ela já levantou. — Respondi com suavidade. — Na verdade, ela já estava reclamando que eu estava demorando muito para descer.

Neji soltou um leve suspiro, seguido de um pequeno sorriso de canto, o que era raro nele.

Ele sabe tão bem quanto eu que Hanabi não tem paciência para nada que não estivesse de acordo com o tempo dela.

— Hanabi sempre impaciente, não é? — Ele comentou, mais para si mesmo do que para mim, enquanto descíamos os últimos degraus.

— Sim, ela tem um espírito muito forte — admiti, minha voz suave ecoando no amplo corredor. — Às vezes, me pergunto se eu deveria ser mais como ela, mais decidida

Ele me olhou de canto por alguns segundos.

— Você tem sua própria força, Hinata — Neji respondeu de imediato. — Só porque ela é mais vocal, não significa que é mais forte. Sua força é calma, mas não menos poderosa.

Suas palavras, como sempre, trouxeram um conforto sutil ao meu coração.

Ele sempre soube como encontrar o equilíbrio entre encorajamento e verdade, e eu confiava plenamente em seu julgamento.

Ao alcançarmos o andar térreo, pude ouvir o som familiar das empregadas se movendo pela casa, cuidando de suas tarefas matinais.

O cheiro de café recém-coado preenchia o ar, e a luz do sol começava a entrar pelas grandes portas de vidro que levavam ao jardim.

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