68_ Encontro com o diabo

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Sasuke


Acordei devagar, sentindo uma dor aguda na nuca e um gosto metálico de sangue na boca. Tudo ao meu redor estava imerso em um branco sufocante, paredes lisas e sem vida, exceto pelos instrumentos de tortura que pendiam das paredes como sombras sinistras.

Tentei mover as mãos, mas elas estavam presas atrás de mim, os pulsos amarrados firmemente.

O desconforto me trouxe mais à consciência, e a realidade da situação começou a se formar, lenta e cruel.

Eu estava sentado em uma cadeira de ferro, o metal frio pressionando minhas costas.

O silêncio era perturbador, mas então, meu olhar se desviou para o lado, e meu peito apertou violentamente.

Hinata estava ali, desmaiada, amarrada da mesma forma que eu, sua cabeça caída para frente, coberta por um capuz.

O estômago dela estava visivelmente arredondado, e a visão fez algo primitivo e protetor despertar em mim.

— Hinata —  murmurei, minha voz saindo rouca, desesperada. — Hinata!

Chamei novamente, mais forte dessa vez, mas ela não se mexeu.

O pânico aumentou dentro de mim como uma onda implacável.

Descobri há pouco que ela está grávida, e isso mudava tudo. Eu sabia que essa maldita organização não teria misericórdia.

Maldito H... filho da puta...

Eu vou acabar com vocês... vou matar todos...

Um ódio fervente começou a borbulhar dentro de mim, mas a impotência da situação era sufocante.

Hinata continuava imóvel, o capuz tapando seu rosto, a cabeça ainda inclinada.

Eu precisava tirá-la daqui, precisava protegê-la...

O som de uma porta se abrindo me arrancou desses pensamentos. Levantei os olhos, fitando a figura que entrou.

Era um homem que eu nunca tinha visto antes.

O olhar dele era frio e sem emoção, um fantasma de crueldade.

Tentei falar, mas antes que as palavras escapassem da minha boca, um soco me atingiu no rosto com uma força brutal, me jogando para o lado.

— Você vai... sofrer, Uchiha.—  A voz do homem era tão desprovida de sentimento quanto seu olhar.

Ele se virou, caminhando até uma das paredes, e pegou um martelo pesado.

Me endireitei o quanto podia, o gosto de sangue mais forte na boca agora, mas minha determinação estava intacta.

—Pode me torturar o quanto quiser. Vou acabar com todos vocês do mesmo jeito.

Antes que ele pudesse responder, ouvi um som suave ao meu lado.

Um gemido fraco.

Hinata.

Virei a cabeça para ela, meu coração disparando ao vê-la se mexer ligeiramente, como se estivesse começando a acordar.

— Hinata?—  Chamei, esperançoso.

Ela ergueu a cabeça, ainda atordoada, e por um segundo, achei que ela estava começando a voltar à consciência. Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, a dor explodiu na minha perna.

O grito saiu involuntariamente da minha boca quando vi a faca cravada profundamente em minha coxa.

O sangue quente escorria rapidamente, a dor pulsante irradiando como fogo.

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