59_ Vivendo ou existindo?

88 11 59
                                    

Sasuke

Eu passei a mão no cabelo da Hinata, sentindo a textura macia entre meus dedos enquanto olhava para a marca vermelha em sua testa.

Uma sensação amarga subiu pela minha garganta, algo entre culpa e raiva.

Cheguei tarde demais.

Como eu sempre chego. Eu não deveria ter deixado ela sozinha, nunca deveria. Algo pior poderia ter acontecido com ela, algo muito maior. E isso me consumia.

Hinata... Ela é como um raio de luz em meio ao caos que meu mundo sempre foi. Não, não uma luz comum, mas uma luz frágil, aquela que você sabe que, se não cuidar, vai desaparecer.

Olhar para ela é quase doloroso, porque cada detalhe me fazia sentir algo que eu não deveria.

Ela tinha essa maneira silenciosa de me destruir e, ao mesmo tempo, me salvar, tudo ao mesmo tempo. A beleza dela... era quase irreal.

Os cabelos dela, longose azuis marinho, como a própria noite, sempre me chamavam atenção. Quando o vento soprava e os fios escapavam da sua face, eu me pegava observando cada movimento, quase hipnotizado.

E aqueles olhos... Droga, aqueles olhos perolados. Olhos que pareciam atravessar tudo o que eu escondia.

Quando ela olhava para mim, parecia enxergar a minha alma quebrada.

Parecia compreender a escuridão que me consumia, mas, ao invés de se afastar, ela ficava.

Eu não conseguia entender por que ela permanecia, por que escolhia me enfrentar quando qualquer pessoa racional fugiria.

A pele dela, tão pálida e delicada, como porcelana, era um contraste perfeito com a sombra que me cercava.

Quando eu tocava sua pele, sentia que podia quebrá-la, mas ao mesmo tempo, havia algo feroz nela, uma força invisível.

Eu nunca fui capaz de entender como ela conseguia ser tão vulnerável e tão forte ao mesmo tempo.

Hinata era a única pessoa que fazia o mundo inteiro ao meu redor desaparecer. Quando ela estava por perto, todas as minhas batalhas internas, todo o ódio e sede de vingança, ficavam distantes, quase irrelevantes.

Ela me puxava para a realidade, mas uma realidade que eu nunca pensei em viver.

E isso me aterrorizava.

Eu sabia o que isso significava. Sabia o que ela significava para mim. Ela não era só uma obsessão. Ela era... tudo. A única coisa que ainda tinha algum significado.

Eu morreria por ela. Sem hesitação. Mas pior do que isso, eu mataria por ela, e o que é mais assustador: eu destruiria tudo ao nosso redor só para garantir que ela ficasse ao meu lado.

Entre o céu e a terra, entre os deuses e os homens, eu sempre escolheria ela. Sempre. Mesmo que isso significasse perder o pouco que restava de mim.

Se eu tivesse que chorar por ela, eu choraria mundos inteiros.

Eu rasgaria o céu em dois se fosse preciso, e traria as estrelas até os pés dela se isso a fizesse sorrir. Mas o que eu mais temia era que ela me pedisse para parar, para deixá-la ir.

Porque se isso acontecesse, eu não saberia o que fazer.

Eu não poderia deixá-la ir. Não sem lutar até o fim.

E o pior de tudo é que, ao mesmo tempo que eu sei o quão longe iria por ela, eu também sei o quanto isso a assusta. Sei que ela não entende essa intensidade, essa necessidade.

Caminhos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora