𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝑜𝓁𝑜 𝒱𝑒𝓃𝓉𝒾-𝓃𝓊𝑜𝓋𝑜

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Helion e Brisa estavam deitados na cama, como se nada no mundo pudesse alcançá-los. Era uma noite tranquila em Solaria, e o som suave do vento brincava através das janelas entreabertas, trazendo consigo o cheiro doce das flores noturnas do jardim.

A luz da lua penetrava suavemente no quarto, pintando as paredes com tons prateados e projetando sombras delicadas que dançavam ao ritmo do vento. O tecido das cortinas esvoaçava levemente, criando um efeito quase hipnótico.

Brisa repousava ao lado de Helion, deitada de costas, a cabeça virada em sua direção. Seus cabelos espalhavam-se pela almofada como uma cascata, destacando o contraste entre suas madeixas e a palidez suave de sua pele. Seus olhos estavam fechados, mas Helion sabia que ela não estava dormindo.

Ele ergueu a mão, seus dedos hesitantes pairando sobre o rosto dela, como se estivessem desenhando um mapa invisível sobre sua pele. Com uma leveza quase etérea, Helion começou a traçar as sardas de Brisa com a ponta do dedo, tocando-as delicadamente, como se elas fossem preciosas estrelas em um céu noturno.

Brisa sentiu o toque suave de Helion e abriu os olhos lentamente, um sorriso leve surgindo em seus lábios. Ela não disse nada, apenas observou enquanto ele continuava a traçar o caminho das sardas em seu rosto.

Helion seguiu o padrão das sardas com um cuidado reverente, seus dedos roçando a pele de Brisa com uma suavidade que enviava arrepios pela espinha dela. Ele começou no nariz, onde algumas sardas se agrupavam, e então desceu pela bochecha, onde as sardas se espalhavam como uma constelação dispersa.

-Você sabia - ele murmurou, sua voz baixa - Suas sardas me lembram estrelas. É como se eu estivesse olhando para um céu noturno em miniatura.

Brisa sorriu, seus lábios se curvando suavemente, mas seus olhos permaneceram fechados. Ela não respondeu imediatamente, permitindo-se apenas desfrutar da sensação dos dedos de Helion percorrendo seu rosto.

-Aqui está a Ursa Menor - ele murmurou, sorrindo para si mesmo enquanto traçava uma linha curva e imaginária que passava por várias sardas.

Movendo-se lentamente para o centro de seu rosto, Helion encontrou outra coleção de sardas que ele imaginou serem a constelação de Órion, o caçador. Ele usou o dedo indicador para traçar uma linha desde a testa de Brisa, descendo pelo nariz e chegando até a bochecha, onde a constelação terminava.

-E aqui está Órion - Helion continuou, um sorriso brincalhão em seus lábios enquanto ele conectava os pontos, seu dedo descrevendo o arco das estrelas que ele via em sua mente - E aqui - ele desceu até a bochecha - É onde está Cassiopeia. E se seguirmos até o queixo - ele fez uma curva suave- Temos uma parte de Draco. Você tem um universo inteiro em seu rosto.

-Então, quer dizer que você conhece de astronomia também? - Brisa perguntou, abrindo os olhos, o cinza encontrando o âmbar.

-Eu conheço sobre várias coisas - Helion respondeu - E você? Nenhum talento especial para me contar? - ele perguntou e Brisa pareceu pensar - Quero dizer, além de ter uma habilidade incrível para aprender coisas novas.

-Eu... - ponderou - Canto.

-Canta? - Helion perguntou - E por que eu nunca ouvi?

-Porque geralmente eu fico cantarolando de madrugada quando todo mundo está dormindo - ela retrucou.

-O que preciso fazer para você cantar pra mim? - ele perguntou e Brisa cerrou os olhos.

-Eu não vou cantar pra você - ela respondeu, sem dar margem pra interpretação - Eu nunca cantei na frente de ninguém.

-Eu sou seu parceiro - ele retrucou - E seu Vínculo de Essência. Querendo ou não, estou num patamar acima das outras pessoas.

-Você está realmente vindo com esse papo pra cima de mim? - Brisa perguntou e Helion suspirou.

Sob os Céus do Solstício - HelionOnde histórias criam vida. Descubra agora