𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝑜𝓁𝑜 𝒫𝓇𝒾𝓂𝑜

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Estava chovendo... Pela quarta vez naquela semana, e ainda era segunda-feira.

As Cortes Solares respeitam as estações do ano, deixando a natureza comanda, mas aquela situação era muito atípica para à época. Estavam no inverno, e os invernos na Corte Diurna tinham o costume de serem extremamente secos.

Helion sabia que aquilo não era natural, não tinha como ser.

E ele precisava encontrar o responsável por aquilo.

-E você pensa em fazer o que? - Hemera perguntou, o encarando - Entrar na floresta e ficar procurando o foco da magia? - indagou retoricamente e viu Helion sorrir.

-Brilhante, Hemera! - ele exclamou e a fêmea bufou.

-Só você acha que isso vai dar certo - Hemera resmungou.

-É uma tentativa - Apollo se intrometeu - Se já tentamos de tudo e nada funcionou, precisamos de outras coisas para tentar.

-E é por isso que ninguém nunca entende o que você fala - Sigel resmungou.

-Com o encantamento certo, conseguirei localizar o núcleo de magia do ser que está fazendo isso - Helion afirmou e se virou para sair.

-Onde vai? - Aurora perguntou.

-À biblioteca - Helion respondeu, e desapareceu no corredor, sem especificar qual era.

Depois de encontrar o livro que continha o encantamento que desejava, ele saiu do palácio, seguindo o núcleo mágico em meio a floresta.

Ele seguiu aquele caminho dourado até encontrar uma clareira, onde as árvores eram tão densas que quase bloqueavam a luz do sol. Havia uma pequena casa de madeira no centro, próximo ao riacho, onde ele conseguia identificar uma fêmea sentada com uma xícara fumegante nas mãos.

-Então é você quem está causando essas chuvas nas minhas terras? - ele disse alto e a figura feminina ergueu o rosto, parecendo procurá-lo por alguns instantes, até fixar seus olhos nele.

-Só pelo jeito de falar já vejo que é um Grão-Senhor - ela respondeu simples, e Helion aproveitou a não ofensiva para se aproximar.

A fêmea tinha uma beleza quase etérea, com traços delicados que pareciam refletir o céu cinzento, e sua pele tinha um brilho suave, como se estivesse sempre banhada pela luz do amanhecer ou do crepúsculo.

-O que você é? - ele perguntou, realmente surpreso, e a fêmea zombou.

-Pro Grão-Senhor da Sabedoria, você é bem burrinho quando quer - ela retrucou - Sou uma Aetheriana.

-Aetherianos não vivem em Prythian - Helion observou.

-Vivem se foram exilados pela própria família - a fêmea respondeu - Quer tomar um chocolate-quente? - ofereceu, se levantando e entrando na cabana sem esperá-lo.

Helion analisou a situação, pensando na possibilidade daquela fêmea esperá-lo armada com alguma arma branca, mas decidiu confiar.

Ela não parecia querer atacá-lo.

Realmente, dentro da casa, ela o aguardava com uma xícara fumegante de chocolate quente sobre a mesa. Ela estava escorada na pia, encarando o lado de fora, parecendo pensativa.

-Por que foi exilada? - ele perguntou, antes que pudesse se conter, e a fêmea suspirou.

-Porque, como dá pra ver - apontou a janela - Meus poderes não são comuns, mesmo entre os Aetherianos. E eu não tinha a mínima vontade de me casar com um macho quase um milênio mais velho do que eu só porque ele deu o lance mais alto - ela parou - E também acho que minha família não gosta muito de mim porque enquanto todos produzem flores, eu produzo tempestades.

-Acho um dom bem interessante - Helion ponderou.

-Você é o primeiro - a fêmea resmungou.

-Qual seu nome? - perguntou.

-Brisa - a fêmea respondeu e Helion franziu o cenho.

-Está produzindo brisa? - perguntou confuso, e a fêmea riu baixo.

-Não - ela respondeu - Meu nome é Brisa.

-É bem excêntrico - Helion ponderou - Mas, é bonito - Brisa encolheu os ombros.

-O que faz aqui? - perguntou direta, e Helion suspirou.

-Queria descobrir quem estava fazendo chover nas minhas terras - ele respondeu - Segui seu núcleo mágico até aqui - Brisa suspirou.

-Eu estou tentando controlar, mas desde o último Solstício, tem sido difícil - ela comentou - E não é como se eu conhecesse alguém com esse poder para me ensinar a controlá-lo.

-Não conheço muito sobre Aetherianos, mas, em minha Corte tem várias bibliotecas, talvez em alguma delas tenha algo que possa te ajudar - Helion ofereceu.

-Por que me ajudaria? - Brisa o encarou.

-Primeiro, porque você está fazendo chover em pleno inverno - ele comentou - E segundo, gostei de você.

-Gostou de mim ou isso é uma tentativa de me levar para a sua cama? - Brisa perguntou e Helion piscou - Conheço a sua fama, Grão-Senhor - ela encolheu os ombros.

-Então, realmente gostei de você - ele respondeu, e Brisa suspirou, parecendo pensar. E então, uma massa cinzenta começou a surgir sobre a cabeça dela, começando disforme, até se transformar em uma nuvem, com pequenos raios - Você está... Ham... Com uma nuvem - ele comentou e Brisa olhou pra cima, fechando a cara e espantando a nuvem com as mãos.

-Vou aceitar sua ajuda - ela respondeu, finalmente.

-Te dou um tempo para organizar suas coisas - ele disse e Brisa apenas saiu da cozinha, sem responder nada.

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Glossário:

Os Aetherianos são uma antiga e rara raça de seres feéricos com habilidades intrínsecas de manipular os elementos naturais. Conhecidos por sua conexão profunda com o ambiente ao seu redor, eles são capazes de controlar o clima, influenciar os ventos, comandar as águas e até mesmo afetar o ciclo das estações. A presença de um Aetheriano pode trazer prosperidade a uma terra, ou caos, dependendo do controle que têm sobre seus poderes.

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Primeiro capítulo acabou de chegar entre nós!

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Volto em breve!

Sob os Céus do Solstício - HelionOnde histórias criam vida. Descubra agora