𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝑜𝓁𝑜 𝒱𝑒𝓃𝓉𝒾𝓉𝓇é

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Helion sentia-se um adolescente.

E ele tinha 800 anos.

Brisa não havia aparecido desde que ele havia pedido a uma empregada que levasse a bandeja de café da manhã até o quarto dela.

Brisa não precisava comer, mas, naquele momento, ele estava usando todas as armas que tinha.

Ele nunca havia precisado conquistar a sua parceira antes.

Ele sempre fora um mestre em lidar com a política da corte, em prever e manipular os desejos dos outros para servir aos seus próprios interesses. No entanto, quando se tratava de Brisa, as regras eram diferentes. Ela não era apenas uma peça no tabuleiro.

Do lado de fora, as nuvens se juntavam no horizonte, bloqueando o brilho do sol e lançando sombras longas através do salão. Helion parou, olhando fixamente para o céu que se fechava, sua expressão séria.

Helion suspirou profundamente, parando de andar e olhando pela janela enquanto as primeiras gotas de chuva começavam a cair.

Talvez ela não tenha gostado.

Ele pensou, sua mente voltando-se para a dúvida que persistia como uma sombra. A ideia o atingia com mais força do que ele esperava. Ele estava acostumado a lidar com rejeições e desapontamentos, mas a perspectiva de Brisa não apreciar seu esforço era diferente — era pessoal.

Com um esforço consciente, Helion sacudiu a cabeça, afastando os pensamentos melancólicos e focando-se no presente. Ele sabia que precisava parar de imaginar o pior. O dia ainda estava começando, e havia tempo para descobrir a verdade sobre a reação de Brisa. Ele precisava ser paciente, uma qualidade que sempre fora sua aliada, mas que agora parecia se esquivar dele.

A chuva continuava a cair lá fora, tamborilando suavemente contra as janelas. Helion deu um último olhar para o céu, notando que as nuvens pareciam começar a dissipar-se, como se a tempestade estivesse perdendo sua força. Talvez, pensou ele, isso fosse um sinal de que as coisas não estavam tão ruins quanto temia.

Ele torcia para que sim.

☀️

Desde que havia acordado, Brisa estava com uma com uma sensação de peso no peito, algo que não conseguia identificar completamente. Inicialmente, ela achou que fosse apenas o cansaço, mas à medida que o dia avançava, a sensação se intensificava, acompanhada por uma estranha sensação de mal-estar que a deixava inquieta.

Brisa estava sentada em seu aposento, cercada pelo silêncio do palácio, quando começou a sentir uma cócega insistente na garganta. A princípio, ela ignorou, pensando que talvez fosse apenas a secura do ar. No entanto, a irritação rapidamente se transformou em um impulso incontrolável de tossir.

A primeira tosse foi suave, mas a segunda veio com força, fazendo-a se curvar ligeiramente para frente. Ao se recompor, Brisa percebeu algo estranho em suas mãos. Sobre sua palma pálida, repousavam pequenas pétalas douradas, delicadas e luminosas, como se fossem feitas de ouro líquido. O contraste entre o brilho das pétalas e a palidez de sua pele era marcante, quase surreal.

Brisa olhou para as pétalas com uma mistura de surpresa e terror. O que era aquilo? Ela esfregou os olhos, esperando que estivesse vendo coisas, mas as pétalas permaneceram, sua beleza inquietante contrastando com a sensação de desespero crescente dentro dela.

As pétalas eram pequenas, mas perfeitamente formadas, como se tivessem sido cuidadosamente esculpidas por mãos invisíveis. O dourado intenso parecia refletir a luz do ambiente, tornando-as quase etéreas, como algo saído de um sonho.

"Como isso é possível?" ela se perguntou, a mente lutando para encontrar uma explicação lógica para o que estava acontecendo. Ela conhecia muitas histórias sobre os poderes Aetherianos, mas nunca ouvira falar de algo assim.

No entanto, a verdade logo emergiu das profundezas de sua memória — uma lembrança antiga de uma história contada por uma anciã, cujas palavras ressoavam agora com uma clareza assustadora.

Uma das histórias que a anciã contara, e que agora parecia se desenrolar diante dos olhos de Brisa, era sobre uma doença rara que afligia apenas aqueles que haviam experimentado a rejeição após terem sido vinculados a um companheiro. A anciã a chamava de "A Doença das Pétalas Douradas", um nome poético para algo tão trágico.

A anciã contara a história de um jovem Aetheriano que, após ser rejeitado pela companheira com quem estava destinado a se vincular, começou a tossir pétalas douradas. Ele era um guerreiro valente, forte e orgulhoso, mas nem toda sua bravura pôde protegê-lo do sofrimento que a rejeição lhe causara. As pétalas continuaram a emergir, dia após dia, até que sua vida foi lentamente consumida por essa doença enigmática.

Com a lembrança fresca em sua mente, Brisa olhou novamente para as pétalas em suas mãos. Uma sensação de desamparo a envolveu, enquanto a verdade do que estava acontecendo se tornava cada vez mais clara. A história não era apenas uma lenda distante; era uma realidade que agora ameaçava sua própria vida.

"Mas eu não fui rejeitada," ela pensou, tentando entender como aquilo podia estar acontecendo com ela. No entanto, a evidência estava ali, nas pétalas que cintilavam como ouro em suas mãos.

Brisa sentiu uma onda de emoções a dominar. Medo, confusão, tristeza — todas elas se entrelaçavam em um turbilhão que ameaçava engolfá-la. Ela sabia que precisava encontrar respostas, precisava entender o que estava acontecendo antes que a doença pudesse progredir ainda mais.

Ela não havia sido rejeitada, mas também não havia sido aceita.

Ela precisava encontrar uma forma de contar a Helion o mais rápido possível.

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Admito que esse capítulo ficou pequeno em comparação aos outros, mas o próximo já está em produção!

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Volto em breve!

Sob os Céus do Solstício - HelionOnde histórias criam vida. Descubra agora