𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝑜𝓁𝑜 𝒱𝑒𝓃𝓉𝒾𝓈𝑒𝒾

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Minha Brisa,

Espero que esta carta te encontre bem, e que os dias tenham sido gentis com você desde a última vez que nos vimos. Antes de mais nada, quero pedir desculpas. Sei que não tenho o direito de lhe enviar uma carta depois de tudo o que aconteceu e do nosso silêncio. No entanto, há coisas que você precisa saber.

Sua mãe e suas irmãs se aliaram a Beron, o Grão-Senhor da Corte Outonal. Elas foram seduzidas por suas promessas de uma vida melhor, acreditando que a mudança para a Corte Outonal seria o melhor para nosso povo. Infelizmente, Beron conseguiu convencer muitos Aetherianos a seguirem esse caminho, prometendo-lhes riquezas e uma vida sem preocupações.

Apesar de suas palavras persuasivas, um terço dos Aetherianos decidiu permanecer na vila, mantendo-se fiéis às nossas tradições e ao que construímos juntos. Estamos lutando para proteger o que é nosso, mas é uma batalha árdua e temo que, sem ajuda, possamos não conseguir resistir por muito tempo.

Se você quiser conversar, eu estarei aguardando por você no Bosque Luminescence. Sei que talvez esteja pedindo muito, mas meu desejo é apenas o de falar com você, ver como você está e talvez encontrar um caminho para seguirmos adiante juntos.

Com amor eterno,

Papai.


-Seu pai não parece ser tão desprezível - Sigel comentou, depois que Brisa terminou de ler a carta.

-Ele não é - ela afirmou e suspirou.

-Você vai? - Hemera perguntou.

-Vou - Brisa respondeu e ouviu Helion rosnar - Sem rosnar, é o meu povo.

-Isso me parece extremamente suspeito - Helion respondeu

-Mas só vamos ter a certeza se formos - Brisa retrucou e Helion suspirou, massageando o cenho.

-Vou com você - ele afirmou, sem dar margem para discussões.

-Vai conhecer o sogro mais cedo do que imaginava - Apollo comentou e Helion fechou a cara na direção dele, enquanto os outros riram.

☀️

-O quão confiável é voar nele? - Brisa comentou, enquanto o pégasus de Helion esfregava a cabeça nela, pedindo carinho.

-Meallan é altamente confiável - Helion respondeu - E parece ter gostado de você. Tem jeito com animais também?

-Provavelmente - Brisa resmungou, acariciando o focinho de Meallan.

-Eu até te deixaria voar em Àgata, mas, por ser a sua primeira vez, acho que o melhor é se voar comigo - comentou e apontou para o pegasus, após terminar de prepará-lo - Senhorita - fez uma falsa reverência.

Brisa colocou o pé no estribo e subiu no animal, que não mexeu um músculo mesmo com uma desconhecida sobre as suas costas.

Helion subiu atrás dela, abraçando sua cintura para segurar as rédeas. Com um movimento, Meallan alçou voou, e Brisa segurou os braços de Helion ao redor dela ao ser pega de surpresa.

-Não vou deixar você cair - ele disse, no ouvido dela, e começou a guiar Meallan em direção ao bosque.

O caminho até o Bosque Luminescente foi tranquilo, mas carregado de uma tensão silenciosa que Helion podia sentir no ar ao redor de Brisa.

Finalmente, o bosque surgiu diante deles, sua entrada guardada por antigas árvores de troncos espessos e copas exuberantes. As folhas brilham com uma luz própria, banhadas pelo suave resplendor das criaturas mágicas que habitam o bosque. Esse brilho etéreo era o que dava ao lugar o nome de Bosque Luminescente.

Helion respirou fundo, sentindo o aroma fresco da vegetação que os envolvia. O bosque parecia um mundo à parte, onde o tempo se movia de maneira diferente e a natureza reinava com uma majestade intocada. Helion olhou ao redor, admirando a beleza mística do lugar.

O vento sussurrava suavemente entre as folhas, trazendo consigo a promessa de encontros e revelações. As árvores do bosque dançavam com um brilho prateado, como se estivessem cientes da chegada de visitantes.

-Aqui é muito bonito - Helion comentou.

-É mesmo - Brisa concordou, olhando em volta, como se procurasse alguém.

-Como vamos encontrar seu pai? - ele perguntou.

Brisa respirou fundo, afastando um pouco da tensão que pesava sobre seus ombros. Ela olhou ao redor, reconhecendo o cenário da floresta que uma vez foi seu refúgio. As árvores pareciam sussurrar segredos antigos, e a brisa trazia com ela uma sensação de expectativa.

Helion observou enquanto Brisa caminhava até o centro da clareira. Seus movimentos eram fluidos, quase como se ela estivesse em sintonia com a própria essência do bosque. Ela fechou os olhos por um momento, respirando o ar fresco e absorvendo a energia ao seu redor.

Ela levou as mãos à boca, formando uma pequena concha, e começou a emitir um som peculiar. Era um chamado melódico, quase como o canto de um pássaro, mas mais profundo e ressoante. As notas subiram e desceram, ecoando entre as árvores, enchendo o bosque com uma música que parecia fazer parte do próprio lugar.

Helion observou em silêncio. O som reverberou pelas copas das árvores, criando um efeito encantador que parecia envolver tudo ao redor. Ele sentiu a magia dançar no ar, como se o bosque estivesse respondendo ao chamado de Brisa.

A música continuou por alguns momentos, e então Brisa parou, deixando o silêncio preencher o espaço entre eles. Helion esperou, seus olhos fixos na linha das árvores, buscando qualquer sinal do pai de Brisa. O ar estava carregado de expectativa, como se o próprio bosque estivesse prendendo a respiração.

Após alguns momentos de silêncio, um movimento suave chamou a atenção de Helion. As folhas começaram a farfalhar, e uma figura emergiu lentamente da escuridão entre as árvores.

Um macho surgiu em meio às folhas. Ele tinha uma postura imponente, embora sua presença exalasse uma calma tranquilizadora. Os cabelos avermelhados, caíam em ondas suaves sobre seus ombros, e seus olhos eram da mesma cor dos de Brisa

Seu rosto era um espelho do rosto de Brisa, com a mesma estrutura, mesmo a dela sendo mais delicada. O queixo bem definido, as maçãs do rosto ligeiramente salientes, e os lábios curvados em um sorriso gentil. Até mesmo as pequenas linhas de expressão em torno dos olhos e da boca eram parecidas.

Brisa deu alguns passos hesitantes em direção a ele, e o homem abriu os braços, convidando-a para um abraço. Ela se lançou nos braços do pai, sentindo o conforto familiar de seu abraço.

-Oi, minha pequena - ele disse baixo - Achei que não viria.

-Ainda é o meu povo - ela encolheu os ombros e viu os olhos de seu pai irem até Helion - Pai, esse é...

-Helion, Grão-Senhor da Corte Diurna - seu pai a interrompeu, encarando o macho - E suspeito que vocês tenham algo a mais, levando em consideração a hostilidade com a qual ele está me encarando.

-Me perdoe por não confiar no macho que exilou a própria filha - Helion retrucou e Florian suspirou.

-Tem muito mais sob a ponte do que imagina, Grão-Senhor - Florian respondeu.

-Não é hora dessa pauta entrar em discussão - Brisa os interrompeu - Viemos aqui para falar sobre Beron.

-Venha comigo - Florian disse, voltando para dentro da mata.

-Não gosto dele - Helion disse para Brisa.

-Eu sei - ela respondeu, seguindo o pai.

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Brisa tentando controlar a situação enquanto Helion quer voar no pescoço do sogro 🫢

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Volto em breve!

Sob os Céus do Solstício - HelionOnde histórias criam vida. Descubra agora