𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝑜𝓁𝑜 𝒪𝓉𝓉𝑜

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-Como era a sua família? - Helion perguntou de repente enquanto comiam, e Brisa o encarou - Ah, pela Mãe, desculpe. Fui muito invasivo - ele disse e Brisa suspirou.

-Minha família - ela começou, com a voz baixa - É muito poderosa quando o assunto é flores. Minha mãe, por exemplo, pode fazer qualquer flor desabrochar em segundos, independentemente da estação. Meu pai pode manipular as fragrâncias das flores, criando aromas que podem acalmar ou enfeitiçar. Minhas irmãs... cada uma tem um dom especial, mas sempre relacionado às flores - ela pausou, encarando seu prato - Desde pequena, eu sabia que era diferente. Minha habilidade não estava relacionada às flores, e isso sempre me fez sentir como uma estranha entre eles. Eu sempre me senti deslocada, como se não pertencesse à família. E com o tempo, essa diferença se tornou um motivo de tensão. Eles não sabiam como lidar com meus poderes, e eu não sabia como me encaixar - respirou fundo - Eventualmente, a situação ficou insustentável. Eles decidiram que era melhor para todos se eu deixasse a família. Fui exilada, obrigada a encontrar meu próprio caminho.

-Eles te exilaram apenas por ser diferente? - Helion perguntou.

-Achou que eu tinha matado alguém e dançado em cima do túmulo? - ela perguntou, dando um sorriso amarelo, antes de continuar - Eles acreditavam que eu traria desordem e caos ao nosso lar com meus poderes imprevisíveis. Eu era uma ameaça ao equilíbrio que eles tanto prezavam.

-Isso é injusto, Brisa. Você não deveria ser punida por algo que está fora do seu controle.

-Eu aprendi a viver com isso - ela encolheu os ombros, como se não se importasse.

Mentira.

-Bom, então, vamos mudar de assunto - Helion comentou - Você sempre me conta sobre o seu mundo, mas nunca perguntou do meu. Não tem nenhuma dúvida? - ele perguntou e Brisa pareceu pensar.

-Como funciona o Laço de Parceria? - ela perguntou - Temos algo desse gênero entre os Aetherianos, mas gostaria de saber se é da mesma forma.

-O Laço de Parceria é considerado raro, e é algo tão profundo que pode até mesmo invalidar um casamento - Helion começou a explicar - É uma ligação forte, como uma corda, que interliga uma alma na outra e pode até mesmo ser visível quando os parceiros estão próximos um do outro. O laço não garante amor, é apenas a garantia de que duas almas são iguais e se completam - ele pausou - Quando os dois parceiros aceitam o Laço, há um ritual em que a fêmea oferece comida ao macho para oficializar a união, para mostrar que ela realmente está aceitando a parceria. Muitos também oficializam perante a uma Sacerdotisa.

-O que acontece em caso de rejeição? - Brisa perguntou.

-Os machos costumam sentir mais o laço - Helion respondeu - A rejeição pode levar um macho à loucura.

-Temos... Algo parecido - Brisa ponderou - Chamamos de Vínculo de Essência.

-Vínculo de Essência? - Helion questionou.

-É uma conexão espiritual e emocional que se forma entre duas pessoas. Quando o Vínculo de Essência se manifesta, é como se suas essências se entrelaçassem de uma maneira única e indissolúvel. Eles podem sentir as emoções e até mesmo os pensamentos um do outro, criando uma união que transcende o físico - ela pausou - Às vezes, a conexão pode ser sentida imediatamente, como uma atração irresistível, uma certeza de que essa pessoa é uma parte essencial de você. Outras vezes, pode se desenvolver lentamente, crescendo à medida que as duas pessoas se conhecem e compartilham experiências. Mas quando se forma, é inconfundível.

-E como ele é descoberto? - Helion indagou.

-Às vezes há sinais, pequenas coincidências, sentimentos inexplicáveis de familiaridade e conexão, sonhos compartilhados. Mas, na maioria das vezes, é uma questão de confiar nos próprios sentimentos e na intuição. Quando você encontra alguém com quem compartilha o Vínculo de Essência, você simplesmente sabe - encolheu os ombros.

-E se um dos dois rejeitar?

-Depende - Brisa respondeu - Já vi casos em que ambos conseguiram viver uma vida normal, e outros em que os dois ficaram doentes, e até morreram por causa da rejeição. Aproveitando, esse é o motivo de eu sempre estar com os meus cabelos presos - ela comentou - A tradição diz que as fêmeas devem manter o cabelo preso em público, especialmente quando estão em ambientes sociais. É uma tradição que remonta a milênios e está ligada ao Vínculo. Soltar os cabelos na presença de outros é um gesto simbólico, indicando que você encontrou a pessoa com quem está verdadeiramente conectada. É uma maneira de mostrar que você está vulnerável e aberta a essa pessoa de uma forma que não estaria com mais ninguém - ela pausou - Mesmo longe de casa, eu acredito que manter isso é uma forma de me aproximar de quem eu realmente sou.

-É uma tradição bem diferente - Helion comentou - Então, só vou te ver de cabelos soltos quando você tiver seu Vínculo manifestado? - Brisa assentiu - Nem as fêmeas podem ver?

-Não - Brisa respondeu - Nossas mães nos ensinam a prendê-los assim que os cabelos começam a crescer, e nesse momento, as únicas que os vêem soltos somos nós mesmas.

-Espero que seu Vínculo apareça logo - Helion comentou, brincalhão - Seu cabelo parece ser muito bonito.

-Eu tenho 12 anos, por mais que a minha mentalidade esteja na casa de um feérico de 30 anos - Brisa respondeu - Você quem está velho e pode não viver o suficiente para ver isso - brincou e Helion colocou a mão no peito, parecendo ultrajado.

-É a segunda vez em uma semana que você me chama de velho - ele comentou e Brisa sorriu docemente.

-Não menti, não foi?

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Um capítulo com um pouco mais da história de Brisa, além de mais costumes do povo dela

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Volto em breve!

Sob os Céus do Solstício - HelionOnde histórias criam vida. Descubra agora