𝟎𝟓: 𝐇𝐮𝐦𝐢𝐥𝐡𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨

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  GABRIELLA HUNTER


Mansão dos Volkovs.
Sexta-feira, 09:00 PM. 

     Faz uma semana desde que cheguei neste lugar, mas ainda não havia me acostumado. A mansão era imensa e fria, e a solidão parecia ecoar por seus corredores.

     Estava na cozinha, observando a Sra. Harley preparar algo para mim. O aroma reconfortante de especiarias e ervas preenchia o ar, trazendo uma sensação momentânea de lar. Minha mãe e Viktor haviam saído em uma viagem de negócios, e Kaiden partiu dias atrás após receber uma ligação misteriosa.

     O motorista estava encarregado de me levar a qualquer lugar que eu quisesse, mas não havia lugares em Hudson Yards que eu desejasse visitar. Não sozinha.

    — Está pronta sua refeição, senhorita. — disse Harley, colocando o prato na bancada entre os talheres perfeitamente alinhados. — Espero que goste.

     — Suas comidas são as melhores. — respondi com um sorriso genuíno, sentindo o calor da gratidão em meu peito.

     Minha companhia tem sido os trabalhadores da mansão e Vênus, por ligação.

     Quando morava em Salem, Vênus me visitava constantemente. Eu nunca me sentia sozinha — apenas à noite —.  Mas agora, sem ela aqui para me fazer rir ou cometer pequenos delitos em prol da diversão, a solidão era palpável.

     — Você pode me falar mais sobre a família Volkov? — perguntei, depois de engolir um legume, sentindo a textura macia e o sabor terroso em minha boca.

     Ela me olhou com receio.

     — Não temos permissão para te dizer nada. — disse Harley, com uma voz baixa, quase um sussurro.

    — Por que não? — fiz bico, indignada. — Eu quero saber. Vou entrar para essa família e não sei de nada.

     — Peço desculpas, Srta. Hunter.

     — Não tem problema — murmurei, decidida.

     Eu faria isso sozinha.

      Depois de comer, subi para o terceiro andar, um lugar novo para mim. Kaiden passava muitas horas nesse andar. Segui pelo corredor e tentei abrir a primeira porta. Trancada. Muitas portas estavam trancadas.

     Um clique suave e uma porta se abriu. A luz ativou automaticamente assim que adentrei no cômodo, revelando várias prateleiras de livros. Comecei a explorá-las; eram livros únicos que nunca havia visto na vida, e todos estavam em russo.

     Peguei um livro de capa preta com o nome "Volkov" em dourado. Abri-o curiosamente e uma foto caiu. Estava rasgada ao meio, mas pude perceber que era Kaiden e seu pai do lado esquerdo.

     O que havia do outro lado da foto?

    — O que faz aqui, bonequinha?

     A voz áspera de Kaiden coçou meus ouvidos. Coloquei a foto dentro do livro e virei-me para ele.

    — Você voltou, irmão. — produzi um sorriso gentil, tentando esconder meu nervosismo.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora