𝟏𝟕: 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐫𝐮𝐢𝐝𝐚

721 62 79
                                    

GABRIELLA HUNTER

Brooklyn, Nova Iorque.
quinta-feira, 11:00 PM.

     Caminhei pela multidão vibrante e tumultuada que preenchia as ruas do Brooklyn naquela quarta noite de corrida, a semifinal da competição clandestina. O cenário era um labirinto de luzes neon e carros modificados, onde o cheiro de gasolina misturado com o som dos motores rugindo criava uma atmosfera elétrica e carregada de tensão. A multidão estava animada, cada pessoa ali esperando ansiosamente o próximo evento, os rostos iluminados pela luz bruxuleante dos postes e pelas faíscas de entusiasmo.

     A corrida, conhecida como "Tiro no Escuro", tinha um charme especial: os competidores só descobriam seus adversários no dia da prova. Os inscritos precisavam superar a corredora escolhida pela organização, o que adicionava um elemento de surpresa e desafio. O evento atraía a elite da sociedade, que investia pesado para assistir a uma competição de alto nível. E, sem dúvida, saíam satisfeitos com o espetáculo. 

      Daia, com seu sorriso contagiante, se aproximou de mim através da massa de espectadores. Ela me entregou um pirulito com um gesto casual, uma forma peculiar de desejar "boa sorte". Desembrulhei o doce e levei à boca, o sabor artificial de morango contrastando com o frenesi ao meu redor.

     Entrei no carro fornecido pela organizadora, o volante frio nas minhas mãos, sua textura um lembrete tangível da competição que estava prestes a enfrentar. Precisava vencer essa corrida para garantir meu lugar na final; ganhar o prêmio significava conquistar a liberdade que tanto almejava.

     Apertei o volante com determinação, os olhos fixos no lado da pista, na expectativa de ver quem seria o meu próximo adversário.

     Quando a visão se ajustou, meus olhos se arregalaram ao reconhecer a figura familiar.

     — O que faz aqui, vadia? — perguntou, surpreso.

     — Eu é que deveria perguntar isso, Caleb — respondi depois de tirar o pirulito da boca. — E obrigado, pelo elogio, prefiro ser uma vadia do que um vagabundo como você que vive encostado na namorada milionária.

     O rosto dele se contorceu de raiva enquanto um sorriso vitorioso se formava em meus lábios.

      — Espero que esteja pronta para perder. — ele rosnou, acelerando e lançando-me um olhar mortal.

     Era evidente que a família dele enfrentava graves problemas financeiros. A gravidade da situação parecia tão extrema que ele estava disposto a se arriscar em corridas ilegais, uma decisão que falava volumes sobre seu desespero. O rugido dos motores e os gritos da multidão ao fundo se tornaram insignificantes diante da tensão crescente entre nós.

     — Perder não é uma opção para mim.  — respondi, pressionando ainda mais o acelerador.

     — Talvez você devesse reconsiderar suas opções — ele respondeu com desdém. — Acha que uma mulher pode me vencer?

    Sorria com confiança.

     — Se você realmente pensa assim, por que não me dá um minuto de vantagem? — levantei as sobrancelhas desafiadora. — Acha que isso realmente faria a diferença?

     — Vou te dar um minuto, então.

     Vi a mulher posicionar-se diante de nós e levantar a bandeira. Quando ela a abaixou completamente, lancei um último sorriso para ele e pisei no acelerador. O carro disparou pela pista. Sessenta segundos podem parecer pouco tempo para alguns, mas eu sabia que esse intervalo poderia fazer toda a diferença. Em um piscar de olhos, uma vida pode ser transformada e dois quilômetros podem ser percorridos, o que me dava uma vantagem considerável.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora