𝟎𝟗: 𝐌𝐚𝐫𝐢𝐨𝐧𝐞𝐭𝐞

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GABRIELLA HUNTER

Residência de Kaiden Volkov.

Quinta-feira, 06:40 AM. 

     Neste momento, estou realmente me forçando a permanecer calma. Cortei o ovo, fazendo a gema se espalhar, e levei um pedaço à boca enquanto olhava para os outros que estavam sentados à mesa. Me lembrei da noite anterior, quando os quatro estavam assistindo a uma execução, alguns deles até ajudaram. Só de lembrar da cena, fico enjoada. Mas diferente de mim, eles estão sorrindo e contando piadas como se nada tivesse acontecido.

     — Por que está com essa expressão? — perguntou-me Desmond, fazendo um carinho no meu rosto.

      Engoli seco e forcei um sorriso.

     — Não dormi bem. — digo, sem conseguir disfarçar meu péssimo humor.

     Caim colocou suco no copo e entregou a mim, e em seguida perguntou:

      — O que deu em vocês? — fez uma careta. — Kaiden também estava com uma cara de bunda hoje cedo.

      — Brigamos. — respondo de forma simples, para não gerar perguntas.

      De repente, Kaiden apareceu na sala onde estávamos tomando café da manhã e se sentou na ponta, distante de mim. Ele não olhou para mim, nem por um segundo. Sem piadas provocativas ou palavras de desprezo. Apenas ficou ali como uma estátua. Decidi permanecer calada.

     O arrependimento pelo beijo que trocamos na noite anterior pesava sobre mim como uma nuvem escura. Eu sabia que ele também estava arrependido. Seu comportamento distante e a falta de provocações eram prova disso.

      Eu queria apenas ir embora dali.

     Quando terminei de comer, me levantei, saindo sem dizer uma única palavra. Peguei minha bolsa na sala e fui embora para casa, tentando afastar os pensamentos sobre Kaiden e o que havia acontecido entre nós.

Mansão dos Volkovs

07:50 AM.

     Assim que abri a porta, corri pelo hall de entrada em direção à cozinha. Harley estava assando alguns bolos, e o aroma doce preenchia o ar. Cumprimentei as ajudantes rapidamente e fui direto até ela.

     — Harley, pode vir comigo um minutinho? — segurei o braço dela, tentando não parecer desesperada.

     — Não devia estar na escola? — perguntou ela, estreitando os olhos com desconfiança.

     — Devia. Mas se ninguém disser nada, ninguém vai saber que estou em casa. — respondi, tentando soar confiante.

      Ela sorriu com cumplicidade e me seguiu até o lado de fora, para um lugar onde as câmeras não nos alcançavam.

      — Eu vi Kaiden matar uma pessoa. — disse, tentando falar como se fosse algo normal, mas minha voz tremia. — O que mais preciso ver para que me fale sobre os Volkovs?

    — Quanto menos souber, maior sua chance de fugir. — ela ajeitou colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Não podemos falar sobre o que vemos e ouvimos na mansão. Eles exigem sigilo absoluto. Se um dia souberem que te disse algo, vão me matar.

      Vão matá-la? O pânico começou a crescer dentro de mim. Segurei as mãos dela, tentando passar uma sensação de segurança.

      — Tudo bem, não me diga. — engoli seco. — Apenas me mostre onde posso encontrar respostas. Se minha mãe estiver se casando com um homem perigoso, ela precisa saber disso.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora