𝟐𝟓: 𝐒𝐞𝐜𝐮𝐫𝐢𝐭𝐲

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Página do diário roubado de Kaiden Volkov.

Data: 13 de setembro de 2020

Gabriella passou o dia trancada no quarto, imersa na leitura de um livro espesso de capa preta, com uma cruz no centro, que contrastava com o seu comportamento. À primeira vista, ela não parecia ser uma devota; uma verdadeira serva fiel não esfregaria as pernas uma na outra daquela forma p̶r̶o̶f̶a̶n̶a̶, nem morderia seus l̶i̶n̶d̶o̶s̶ lábios enquanto absorvia um versículo. O que exatamente ela estava lendo? E por que escondia aquele livro com tanto fervor?

A curiosidade me consumia. Como reagiria se soubesse que a observava o dia todo, atrás da tela do computador?

Quando ela se virou na cama, deitando de bruços exibindo sua bunda empinada coberta por uma calça pijama e̶u̶ ̶q̶u̶e̶r̶i̶a̶ ̶m̶o̶r̶d̶e̶r̶ ̶e̶l̶a̶, a alça fina de sua blusa escorregou, revelando um vislumbre da pele. Eu me inclinei mais sobre os monitores, fascinado, consciente de como devia parecer d̶o̶e̶n̶t̶e̶. Cliquei nervosamente nos botões, tentando encontrar o ângulo perfeito para capturar aquele momento fugaz. A câmera posicionada perto da janela a capturou em um momento íntimo. Ela apalpava com o seio com uma mão, beliscando o bico do peito, enquanto seus olhos se perdiam nas páginas do livro.

O que no inferno tem naquele livro?

E̶u̶ ̶n̶ã̶o̶ ̶d̶e̶v̶e̶r̶i̶a̶ ̶f̶i̶c̶a̶r̶ ̶e̶x̶c̶i̶t̶a̶d̶o̶ ̶e̶n̶q̶u̶a̶n̶t̶o̶ ̶e̶s̶t̶o̶u̶ ̶e̶s̶p̶i̶o̶n̶a̶n̶d̶o̶ ̶s̶e̶c̶r̶e̶t̶a̶m̶e̶n̶t̶e̶ ̶m̶i̶n̶h̶a̶ ̶m̶e̶i̶a̶-̶i̶r̶m̶ã̶.̶

Eu g̶o̶s̶t̶o̶ detesto vê-la, eu ̶q̶u̶e̶r̶o̶ ̶v̶ê̶-̶l̶a̶ ̶p̶a̶r̶a̶ ̶s̶e̶m̶p̶r̶e̶ não quero mais vê-la.

Eu não queria, não queria mesmo me tocar assistindo-a, era doentio, mas eu fiz.

KAIDEN VOLVOK

Sem localização;

Segunda-feira, 07:00 AM.

"A mansão da família Volkov, localizada em uma remota região da Rússia, estava em um estado de completo caos. Gritos ecoavam pelos corredores, acompanhados pelo estrondo de tiros e o barulho de lutas, criando uma sinfonia de terror que penetrava até os meus ossos. No entanto, eu ignorava tudo isso e marchava determinado em direção ao quarto da minha mãe. Desde pequenos, nos ensinaram a protegê-la em situações de conflito, como verdadeiros guardiões de sua segurança.

Eu não sabia muito sobre os negócios obscuros da família, apenas que não éramos os heróis das histórias que costumava ouvir. Conhecer a verdade não estava em meus limites; essa responsabilidade cabia ao meu irmão mais velho. A tradição dizia que o poder da família deveria ser passado a ele, enquanto os mais novos deviam apoiá-lo e segui-lo, garantindo que sua liderança fosse perfeita.

Apesar do medo que começava a surgir dentro de mim, eu tentava me acalmar. Meu tio estava na mansão. Ele sempre cuidou bem de nós, garantindo nossa segurança. Lembrei-me das vezes em que ele me deu biscoitos escondidos, desafiando a regra do meu pai de que "homens não comem essas coisas". Meu tio Vladimir sempre parecia discordar dessa noção.

Mas, de repente, a escuridão tomou conta do ambiente.

Cortaram a energia? - pensei, um frio na barriga me fazendo hesitar. Eu nunca gostei do escuro.

Deslizei minha mão pela parede, contando os passos até chegar à porta da suíte. O toque frio e áspero da madeira me guiava, e então, com um empurrão hesitante, entrei no quarto. Assim que fiz isso, tropecei em algo e fui lançado para frente, minhas mãos buscando apoio no chão para amortecer o impacto. A dor atravessou meu corpo, e um impulso de choro se formou em minha garganta, mas eu sabia que não poderia. Meu pai não permitiria que eu mostrasse fraqueza.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora