ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏ

𝟏𝟓: 𝐁𝐞𝐦-𝐯𝐢𝐧𝐝𝐚

   
GABRIELLA VOLKOV

      A porta da mansão se fechou com um som seco atrás de mim, e eu me vi no hall de entrada deslumbrante. A sensação nauseante ainda me dominava, o meu mundo estava desabando aos poucos. Caminhei com passos hesitantes em direção à cozinha, o cheiro que exalava de mim misturava-se com o odor ferroso do sangue e acre da fumaça.

     Ao entrar no cômodo, vi a chefe de cozinha, Harley, com um sorriso cordial nos lábios. Mas, assim que a luz recaiu sobre mim, o sorriso dela se desfez, e foi substituído por uma expressão de preocupação.
 

      — Harley, você precisa me dizer o que está acontecendo. Eu vi tantas pessoas morrerem naquela festa — murmurei, o nó na garganta quase me impedindo de falar. — Meu amigo Jacob... ele não está mais aqui. E eu não sei se minha mãe e Vênus estão vivas. Eu quase morri também. — lutei para segurar as lágrimas. — Eu exijo saber quem são os Volkovs.

     Harley baixou a cabeça, o pesar evidente em seu semblante.

      — Sinto muito, Gabriella. Eu não posso te dizer.

      — Olhe para mim, Harley! Esse sangue não é meu! — gritei, sentindo a minha voz tremendo de pavor. — Eu preciso saber com quem estou lidando!

     Ela suspirou profundamente e fez um gesto para que suas ajudantes saíssem do cômodo, deixando-nos a sós.

     — Gabriella, eu não queria que você soubesse disso. Uma vez que você descobrir, não há volta. — a seriedade em sua voz me ocasionou um calafrio. — O que vou te contar agora é extremamente perigoso e peço que mantenha isso em absoluto sigilo, para o nosso próprio bem.

      — Por favor, me diga. Eu prometo que não vou falar nada.

   Ela me olhou com ainda mais seriedade.

     — O que eu sei é que os Volkovs governam nas sombras do mundo do crime. Eles são uma força muito além do que você pode imaginar.

      — Eles são mafiosos? — perguntei, arqueando as sobrancelhas.

      Harley balançou a cabeça, pesarosa.

      — Não, os mafiosos são apenas clientes deles. O governo também é cliente deles.

      — Mas o que eles fazem, então? — minha voz vacilou diante da resposta dela.

      — Os Volkovs comandam uma organização conhecida como a Rede Sombria¹. E Kaiden, um de seus líderes, tem um esquadrão de elite que elimina alvos para o governo americano em troca de proteção e encobrimento de seus crimes, sejam quais forem.

     — Então, eles são os verdadeiros poderosos por trás de tudo isso. — disse eu, em um tom baixo, quase inaudivél. — Kaiden disse que, quando chegar, vamos acertar as contas. Ele vai me matar com certeza.

    — Se ele decidir isso, será inevitável. Não há como escapar deles. Até o próprio diabo foge deles. — ela enxugou uma lágrima que rolava pelo meu rosto. — A melhor coisa que você pode fazer é se manter em silêncio e obedecer.

    — Não posso viver assim. Não posso aceitar isso.

    — Gabriella, você não tem muitas opções. Se tentar fugir ou se rebelar, as consequências serão terríveis, não apenas para você, mas também para as pessoas que você ama. Eles têm controle sobre tudo, e é melhor não desafiar a autoridade deles.

    Senti o ar desaparecer dos meus pulmões, dei as costas a Harley e percorri o corredor, que parecia se transformar em uma aquarela borrada diante dos meus olhos. A impotência me envolvia, e eu não conseguia enxergar uma saída. O futuro à minha frente era uma visão turva de sangue — o meu próprio sangue.