𝟎𝟏: 𝐓𝐡𝐞 𝐧𝐞𝐰𝐬

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ATO 1: O INFERNO

"Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio, nem há no inferno ferocidade como a de uma mulher desprezada."


— William Congreve

GABRIELLA HUNTER

5 anos atrás...
Salem, Massachussetts.
Quinta-feira, 09:00 PM.


          Coloquei o livro que peguei na biblioteca dentro da bolsa e continuei caminhando em direção a parada de ônibus. Parei de caminhar quando vi uma silhueta semelhante dentro do restaurante.  Esse homem sentado com outra garota, segurando a mão dela e beijando-a não podia ser meu namorado. Ele disse que iria fazer um trabalho da escola hoje.

         Entrei, senti meu coração bater mais rápido e minhas mãos tremerem. Uma onda de raiva intensa inundou meu corpo. Caminhei até a mesa deles, tentando me manter calma.

        — Trevor, o que está acontecendo aqui? — perguntei com minha voz tremendo.

        Ele olhou para mim, surpreso. A boca dele permaneceu imóvel sem produzir um único som. A garota ao lado dele parecia desconfortável.
        — Eu não faço ideia de quem é você. — encarei a garota, que se remexeu na cadeira. — E não quero saber. Fique tranquila. Quem me deve respeito não é você, é esse filho da puta sentado ao seu lado. — voltei-me para ele. — Você disse que estaria fazendo um trabalho. Mas parece que tinha outros planos, não é?

        Ele abriu a boca soltando explicações fajutas e sem cabimento. Eu ri amargurada, me trair tudo bem. Agora, querer me fazer de idiota é ultrapassar o limite da sanidade.

       — Cala a boca. Ou vou te fazer engolir esses talheres. — vociferei pegando uma faca sobre a mesa. — Isso acaba aqui. Estou terminando com você, agora.

        Joguei a faca sobre a mesa sem qualquer cuidado e saí do restaurante. Lá fora, vi o carro do Trevor estacionado. A raiva estava fervendo no meu corpo, como se cada átomo do meu corpo estivesse evaporando. Peguei um tijolo que estava no chão e, sem pensar duas vezes, joguei no carro que ele tanto amava. O vidro da frente se estilhaçou chamando a atenção das pessoas ao eu redor. Depois, chutei a lataria com toda força que tinha, premiando o sedã preto com um amasso.

        — Vai se foder, Trevor! — gritei, sentindo uma estranha sensação de alívio.

        Eu estava sentada na beira da cama, olhando para o espelho, quando minha mãe entrou no quarto. Ela tinha receio estampado em seus olhos, um olhar que eu conhecia bem, um brilho que sempre precedia uma notícia importante. Meu coração começou a bater mais rápido, e minhas mãos soltavam gotículas de suor denunciando meu nervosismo.

        — Briella, querida, preciso te contar uma coisa. — ela disse, sentando-se ao meu lado. Eu podia sentir a tensão em sua voz, e isso só aumentou minha apreensão.
— Vou me casar novamente.

        As palavras pairaram no ar, pesadas e cheias de significado. Eu sabia que minha mãe merecia ser feliz, mas a ideia de outro casamento me enchia de medo. Todos os seus casamentos anteriores tinham sido um desastre, e eu sabia que, de certa forma, eu era a culpada.

      Minha presença, meus segredos, minha incapacidade de ser a filha perfeita... tudo isso tinha contribuído para o fracasso de seus relacionamentos.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora