𝟐𝟐: 𝐂𝐥𝐞𝐚𝐫 𝐧𝐢𝐠𝐡𝐭

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GABRIELLA HUNTER


     A cada passo que ouvia vindo da escada, meu coração acelerava, batendo como um tambor de guerra. Primeiro, Caim apareceu, com seu cabelo rosa desgrenhado e o terno bagunçado, parecendo ter acabado de sair de uma festa de rock. Logo depois, Victoria entrou, com a maquiagem impecável, mas seu blazer rasgado e o cabelo bagunçado mostravam que ela tinha enfrentado algumas batalhas.

    — Eliminaram todos os alvos? — perguntou Kaiden.  

    — Sim, senhor. — respondeu Victoria e Caim, em uníssono.

     Então, Vênus surgiu logo atrás de Kaito, e quando nossos olhares se encontraram, um sorriso  surgiu em seu rosto. Ela caminhou em minha direção, segurando minha mão como se eu fosse um porto seguro.

      — Você está bem? — perguntou ela, com um olhar preocupado.

       Eu hesitei, sem saber o que dizer, e apenas assenti, tentando esconder a confusão que se agitava dentro de mim.

      — Eu não estou. — Kaito interrompeu, sua voz baixa e dolorida.

       Desviei o olhar de Vênus e vi Kaito segurando o braço ferido, com o sangue escorrendo.

      — O que aconteceu? — perguntei, curiosa.

      — Sua amiga está "naqueles dias". — Kaito respondeu, tentando manter o humor. — Ela me deu um tiro porque não quis dizer onde você estava.

      — Se você tivesse dito onde a Briella estava desde o início, eu não teria atirado. — Vênus rebateu, com um tom provocativo que quase me fez rir. — Todo japonês tem a cabeça dura como a sua? — ela olhou para o volume na calça dele.

     Por que ele estava excitado?

      — Vênus! — ele esbravejou e seu rosto queimou de vergonha.

      Ele é masoquista?

      Pensando bem eu não quero saber. 

      Não consegui me conter e ri, apesar da situação absurda em que eu me encontrava. Quem me olhava agora jamais imaginaria que Kaiden me fodeu com os dedos a poucos minutos, e nem me deixou terminar. Ele só fez isso para mostrar que tem poder sobre mim.

      Um filho da puta. 

      — Vocês ainda não se resolveram? — perguntei, levantando uma sobrancelha.

      Os dois se encararam por um momento, e desviaram o rosto. Eu esfreguei a têmpora, já estressada, imaginando que, se não controlasse a situação logo, alguém poderia se machucar de verdade.

     — Gabriella! — a voz de Desmond irrompeu, e ele apareceu com um sorriso brilhante e as roupas manchadas de vermelho. Ele contornou a mesa e me abraçou, enterrando o rosto em meu pescoço. — Eu senti sua falta, pequena.

     — Eu cresci. Não me chame assim.

     Minhas mãos ficaram sem saber onde se posicionar, enquanto a situação se tornava ainda mais confusa.

     — Cresceu um pouco nos últimos cinco anos. Teve bastante tempo para refletir. Decidiu se vai casar comigo? — ele perguntou, com um brilho esperançoso nos olhos.

      — A resposta é a mesma. — respondi, direta e fria.

      — Ela não te quer. Quantos foras vai ter que levar? — perguntou Caim, e puxou Desmond para trás. Depois ele tocou minha cabeça. Nossos olhares se encontraram, e eu empurrei a mão dele com um gesto que deixava claro que não estava disposta a permitir qualquer tipo de intimidade.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora