𝟎𝟔: 𝐂𝐨𝐫𝐚𝐠𝐞𝐦

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KAIDEN VOLKOV

Mansão dos Volkovs.

Sábado, 07:00 AM.

    A palavra confiança nunca fez parte do meu vocabulário. Desde que me lembro, sempre estive à espera da bala ou da apunhalada pelas costas. Cresci em um ambiente onde o poder e a riqueza eram alvos constantes de cobiça. As pessoas ao meu redor estavam sempre tramando, tentando tomar o que era meu por direito.

       Desde pequeno, fui exposto à maldade humana. Via a ganância nos olhos dos adultos, a traição nas ações daqueles que deveriam ser meus aliados. Embora, na época, eu não entendesse completamente o que estava acontecendo, aprendi uma lição valiosa: não se deve confiar em ninguém. Especialmente naqueles que parecem bons demais para ser verdade.

     Minha vida foi moldada por essa desconfiança. Cada sorriso, cada gesto de bondade, era analisado com ceticismo. Eu só conhecia o lado ruim das pessoas, o lado que mentia, traía e manipulava. Isso me tornou cauteloso, sempre esperando o pior, sempre preparado para me defender.

       Com o tempo, essa desconfiança se tornou uma segunda natureza. Eu me tornei um mestre em ler as intenções ocultas, em antecipar os movimentos dos outros. Isso me manteve seguro, mas também me isolou. 

       Hoje, enquanto olho para o mundo ao meu redor, vejo que minha desconfiança me protegeu de muitas armadilhas. Mas não imaginei que meu próprio pai me colocaria em uma encruzilhada. 

      Ele colocou um rato apetitoso na frente de um gato faminto.

      Olhei para a foto da Gabriella Hunter que estava sobre a mesa do meu escritório e cravei a faca.

     Eu não confio nela e nem em sua mãe medíocre. 

     Eu estava sentado à mesa de café da manhã, observando Gabriella com um olhar frio e calculista. Ela entrou na sala, ainda com os cabelos úmidos do banho, e sentou-se à mesa sem dizer uma palavra. Notei o leve tremor em suas mãos enquanto ela pegava um copo de suco.

      — Bom dia. — disse eu, sem nenhuma cordialidade. — Não se esqueça de ser uma boa garota a partir hoje. — desdenhei. 

      Gabriella apenas assentiu, evitando meu olhar. Senti uma onda de satisfação ao ver o desconforto dela. Ela começou a beber seu suco, mas de repente, derramou-o propositalmente sobre mim.

      — Oh, desculpe! — disse ela, com um sorriso falso. 

       Levantei-me lentamente, limpando o suco de minha camisa com um guardanapo. Meus olhos estavam fixos nela, cheios de desprezo.

       — Você sabe quanto custa isso? — perguntei, com um sorriso cruel. — É claro que não, você só usava roupas de brechó. Quem diria que a sua mãe iria conseguir dá um golpe em um dos homens mais ricos do país. 

      Gabriella abriu a boca para refutar, mas eu a interrompi, aproximando-me dela.

       — Não ouse abrir a porra da sua boca para falar. — disse eu, com um tom ameaçador. — Eu não permiti. Você está na minha mão até nossos queridos pais voltarem. Dá próxima que derramar algo em mim — inclinei-me mais perto, meus olhos queimando de raiva e usei minha mão para erguer o rosto dela forçando-a a me encarar. —, vai usar sua boca para limpar. Entendeu?

       Gabriella me encarou, seus olhos cheios de desafio, mas eu sabia que ela estava assustada.

       — Responde, porra! — ordenei, e com a outra mão segurei a faca.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora