𝟏𝟑: 𝐓𝐬𝐮𝐧𝐚𝐦𝐢

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GABRIELLA HUNTER

Atelier Lidsay, Nova Iorque.
Segunda-feira, 05:20 PM.

    Olhei para o espelho, ajustando o vestido preto que minha mãe havia escolhido para mim. Faltavam apenas alguns dias para o casamento dela, e eu sentia meus nervos à flor da pele a cada hora que passava. A ideia de fazer parte da família Volkov fazia meu estômago doer. Atrás de mim, minha mãe que estava usando um vestido de seda verde-esmeralda, e Vênus que usava suas roupas do estilo Gigi Hadid, ambas estavam radiantes. Aquela foi a melhor segunda-feira desde que me mudei para Nova Iorque; as duas pessoas mais importantes da minha vida estavam ao meu lado.

    — Você está linda, querida — disse minha mãe, com os olhos brilhando.

   — Sim, você está deslumbrante. — acrescentou Vênus, sorrindo.

   — Não precisam me dizer algo óbvio.

   Houve momentos em que eu me sentia a pessoa mais insignificante do mundo, mas naquele instante, eu sentia que o mundo estava aos meus pés, e que todos só podiam me admirar de longe. A verdade é que a autoconfiança não é uma linha reta, ela é como uma montanha-russa de altos e baixos. Estar no centro das atenções sempre me proporcionou uma sensação inigualável. Eu nunca me importei com a opinião alheia, mas, quando os elogios vinham, eu os recebia com prazer.

    — Birella, você gostou da minha escolha para o tema do casamento? — questionou minha mãe, com um sorriso.

    Por mais que a ideia do casamento não me agrade, eu tinha que admitir que minha mãe tinha bom gosto. O tema preto para todos os convidados era uma escolha elegante e sofisticada, e que dava o destaque que ela tanto gosta.

    — Eu gostei.

    — É um tema black-tie. — minha mãe explicou. — Todos de preto, para um toque de classe.

    Suspirei, ajustando o vestido mais uma vez.

    — É de fato um bom tema. Mas quero que acabe logo. — murmurei, mais para mim mesma do que para elas. — Já faz um mês que esperamos por esse dia.

    — Não se preocupe. Daqui a alguns dias sua mãe vai estar nas Maldivas com o Viktor Volkov. — disse Vênus com divertimento enquanto colocava a mão no meu ombro. — E você vai estar livre para tocar o terror em Hudson Yards. — sussurrou, e eu dei uma risada.

    — Estão querendo se livrar de mim? — perguntou minha mãe se aproximando.

    — Jamais, senhora Hunter. — retrucou Vênus, exibindo um sorriso ladino.

    Minha mãe estreitou os olhos, desconfiada.

    — Não me importo que se divirtam enquanto eu estiver na lua de mel. Desde que não queimem outra escola ou matem alguém, tudo bem.

    Minha amiga e eu trocamos um olhar de puro espanto, nossas bocas se abrindo em perfeita sincronia. Sabíamos que ela descobriria um dia, mas não esperávamos que fosse tão rápido.

    — Por que estão surpresas? — perguntou minha mãe, cruzando os braços. — Briella, você saiu escondida no meio da noite pela janela do seu quarto e entrou no carro da Vênus. No dia seguinte, a notícia de que sua escola foi incendiada apareceu. Posso parecer uma tola, mas não sou. É muito difícil esconder algo de mim.

    Então, você sabe que Viktor e seu filho são dois assassinos?

    Abri a boca para perguntar mais, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Viktor entrou pela porta de vidro com um sorriso que parecia gentil. Eu não consigo mais acreditar em nenhum sorriso que venha dele, nenhuma palavra. Um pai que manda seu filho varrer a existência de uma família inteira deve ter no mínimo um distúrbio de personalidade.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora