𝟎𝟖: 𝐄𝐫𝐫𝐨𝐬

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GABRIELLA HUNTER

Colégio internacional H. Y

Quarta-feira, 11:35 AM.

      Estava terminando de mastigar uma maçã, quando um grito saiu do fundo da minha garganta ao sentir algo gelado percorrer minha cabeça. Me levantei abruptamente, olhando diretamente para Emory Del Castillo , que segurava um copo vazio em mãos. O líquido gelado escorria pelo meu cabelo e pescoço, me fazendo tremer de raiva.

     — Ah, minha nossa. — cobriu a boca fingindo surpresa. — Sinto muito, não foi proposital.

      Ela me deu as costas e começou a caminhar, mas eu não ia deixar isso barato. Agarrei meu copo em cima da mesa.

     — Emory, sua puta. — chamei, e ela virou furiosamente.

     — O que você disse, sua...

    Interrompi ela quando esvaziei o copo de refrigerante em seu rosto, fazendo-a espernear. A maquiagem dela continuou intacta, o que me deixou ainda mais irritada.

     — Qual o nome da sua base? — questionei, com sarcasmo. — É à prova de refrigerante. Eu gostei.

     — Desgraçada, você me paga!

     Ela avançou em minha direção, mas eu estava pronta. Puxei a bandeja com meu almoço, deixando toda minha comida cair, e acertei o belo rosto dela. Emory caiu no chão, e eu a acertei novamente. Os alunos ao redor começaram a rir e cochichar, alguns até tirando fotos e gravando vídeos com seus celulares. Eu podia ouvir os comentários maldosos e as risadas abafadas.

     — Olha só, a princesinha dos Hunters perdeu a compostura.

     — Isso vai ser épico no grupo da escola.

     — Quem diria que ela tinha coragem de enfrentar a Emory.

      A adrenalina corria pelo meu corpo enquanto eu encarava Emory no chão, tentando se recompor. Sabia que aquilo teria consequências, mas naquele momento, não me importava. Eu estava cansada de ser alvo das provocações e precisava mostrar que não era fraca.

     Eu não sou fraca.

     Desde o primeiro dia de aula, Emory me fazia brincar de "sinto muito". Ela colocava o pé para eu tropeçar, arruinava meus materiais, rasgava meu dever de casa. E não era apenas comigo; qualquer um que não tivesse uma família influente era alvo de bullying. Eu me segurei por mais de uma semana, mas esse era meu limite.

     Hoje, eu estava determinada a mostrar a ela que pessoas como eu podem ser perigosas. Subi a bandeja o máximo que consegui e desci com força total. O grito dela preencheu o refeitório, mas a bandeja não a atingiu. Alguém a segurou ainda no ar.

      — Pare de bater na minha namorada, Hunter.

     Ergui os olhos e encarei Caleb. Aquele era o namorado de Emory, ou melhor dizendo, o cachorro dela que a seguia para todos os cantos.

     — O quê?

     — Você vai estar em apuros se não parar. — disse Caleb entre dentes.

     — Vai me bater? — questionei, incrédula, puxando a bandeja e fazendo-o soltar.

     A adrenalina corria pelo meu corpo enquanto eu encarava Caleb, que parecia dividido entre proteger Emory e evitar uma briga pública. Emory, por sua vez, estava no chão, tentando se recompor, mas claramente humilhada.

      — Se for preciso, eu vou te bater. — disse Caleb, por fim, com os punhos cerrados.

      Eu ri, um riso nervoso e desafiador, e acertei a bandeja nele. Caleb não recuou, ao contrário, avançou em minha direção com determinação. Acertei-o novamente com a bandeja, mas ele continuou vindo, seus olhos cheios de raiva.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora