𝟏𝟒: 𝐎 𝐝𝐢𝐚𝐛𝐨

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GABRIELLA HUNTER

Residência dos Volkov.
Sexta-feira, 06:30 PM.

     Soltei um suspiro pesado, deixando a apostila de espanhol escorregar e cair sobre meu peito. Fiquei encarando o teto, sentindo o peso da monotonia. Ao virar a cabeça, vi Jacob sentado na cadeira ao lado, segurando seu próprio material de estudo. Ele me observava com um sorriso divertido, claramente achando graça do meu desânimo com a atividade de conversação em espanhol.

     — Não ria de mim. — levantei-me da cama, tirei os óculos dele e coloquei em mim. — A culpa não é minha se o trabalho é tedioso.

    — Mas vale nota. — ele respondeu, ainda sorrindo.

    — Eu não me importo. — retruquei, olhando-me no espelho e ajustando os óculos. — Caso não tenha notado, sou fluente em espanhol.

     Jacob riu novamente, mas dessa vez havia um brilho de admiração em seus olhos. Ele sabia que eu estava certa, mas também sabia que eu adorava dramatizar.

     — Eu notei, por isso pedi sua ajuda. Esse idioma não é meu forte. — Pelo espelho, vi Jacob se posicionar atrás de mim, juntando meus cabelos como se fosse fazer um rabo de cavalo. — Uma nerd completa. — zombou.

     — Pelo menos eu só pareço uma e não sou de verdade, não é, Jacob?

     — Acho que um soco seu doeria menos.

     — Eu garanto que não. — virei-me para ele, tirei os óculos e coloquei no rosto dele. — Você não me aguentaria.

    — Em que sentido?

    Trocamos um olhar e comecei a rir. Jacob era apenas um amigo, e eu não sentia nenhuma atração por ele.

     — Eu não conheci você assim. — afastei-me dele e peguei meu casaco. — Você disse que tinha um compromisso às sete, certo? Vou te deixar em casa.

     — Mas eu vim de carro. Como você vai voltar?

     — E quem disse que vou no seu carro? — perguntei, com um sorriso travesso.

     — O que você vai fazer? — perguntou enquanto guardava o material na mochila.

     — Está com medo? — questionei.

    — Não. — Ele engoliu seco.

    Eu ri com maldade.

    — Mas devia estar.

   Apertei o botão no controle remoto e observei o portão da mansão se abrir lentamente. Pisei no acelerador, sentindo o motor rugir sem sair do lugar, enquanto observava a fumaça subir pelo retrovisor externo. Então, dei partida, fazendo uma curva perigosa ao passar pelo portão. A adrenalina corria pelas minhas veias, era reconfortante.

     Jacob estava logo atrás de mim. Desviei dos carros e acelerei mais. Essa Ferrari do Viktor era realmente veloz. Sorri e engatei a marcha, passando pelo sinal vermelho a toda velocidade. Pelo retrovisor, vi outro carro se aproximando. Estreitei os olhos, girei o volante e acelerei ainda mais. Estava perto da casa do Jacob, mas não havia sinal dele.

     Cheguei e freei abruptamente diante da mansão, saindo do carro em um movimento rápido. O carro preto parou logo atrás. Observei uma mulher loira descer do veículo, vestida de forma ousada exibindo as tatuagens sobre os seios. Ela tirou o pirulito da boca e caminhou até mim, seu salto alto produzia estalos toda vez que tocava o chão.

    — Por que me seguiu? — perguntei.

    — Eu vi você pilotando, achei impressionante. — ela parou diante de mim e estendeu um cartão. — Sou uma organizadora de corridas, meu nome é Daia. Se você se interessar, entre em contato. Vou patrocinar você com prazer.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora