𝟎𝟑: 𝐏𝐫𝐨𝐯𝐨𝐜𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨

901 84 23
                                    


GABRIELLA HUNTER


Mansão dos Volkov.

Sábado, 07:00 AM.

     O deslizar suave de uma cortina me arranca de um sonho terrível  Abro um olho, espiando com cautela. Se fosse meu meio-irmão psicopata, eu me fingiria de morta. Por sorte, era minha mãe, em pé diante da enorme janela que dava acesso à varanda. O brilho da manhã invadia o quarto, tornando impossível ignorar a realidade. Peguei meu celular debaixo do travesseiro e chequei o horário, soltando um longo suspiro ao ver que ainda era cedo.

     — Está na hora de se levantar.

     — Por que tão cedo? — choraminguei, me cobrindo com o edredom. — Não corro aos sábados.

     — Vim te chamar para dizer que seu irmão quer conversar com você.

     A naturalidade com a qual ela diz "seu irmão" me irrita. Eles nem casaram ainda.

     — Infelizmente, eu não quero falar com ele. — rolei na cama, dando as costas para ela.

     — Dê uma chance para ele. — puxou o edredom, me deixando exposta ao frio matinal. — Você está dormindo pelada? — parecia espantada.

     — Já não basta mudar meu visual e personalidade, tenho que mudar meus hábitos de dormir também?

     — Não é isso. — afundou na cama, o colchão rangendo sob seu peso. — E se o Kaiden tivesse vindo te acordar?

     — Por que ele faria isso? — me levantei, pegando o roupão de seda branco e colocando. — Espero sinceramente que ele nunca mais entre aqui.

     — Ontem ele me fez o favor de te acordar.

     — Eu quase morri de susto. — retruquei, abrindo a porta do closet. As luzes se ativaram com o menor movimento, iluminando o cômodo espaçoso. Pensei que ficaria cega aos dezessete anos. — Aliás, quem me carregou até aqui ontem?

     — Seu irmão.

     Meu queixo quase atingiu o chão.

     — Mãe, devia ter me acordado! — esbravejei, irritada. — E se ele tivesse me jogado escada abaixo? — vasculhei as várias roupas, sentindo a textura de cada tecido.

     O lado bom da minha mãe casar-se com um velho rico foi ter ganhado um closet recheado de coisas chiques.

     Ela parou ao meu lado e tirou um conjunto. Era uma saia de pregas branca e uma blusa rosa bebê.

     — Ele não pode te machucar. O pai dele é muito rigoroso.

     Ergo as sobrancelhas, tentando encontrar sentido naquela frase. Ele não vai me machucar porque o pai dele é rigoroso. E se não fosse? Aposto que aquele imbecil já teria feito picadinho de mim.

    — Mãe, eles são normais, certo?

    — Sim. — colocou a mão sobre uma porta de correr e retirou um par de tênis. — Hoje, depois do café da manhã, nós vamos ao clube.

    — Nós? Eu e você? — questionei, com um sorriso preenchendo meu rosto.

     — E os Volkovs. — respondeu ela.

     Meu sorriso morreu no mesmo instante.

     — Que ótimo. — digo, muito ironicamente.

     — Se anime. Aposto que vai ter vários gatinhos. — me deu um leve empurrão.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora