34. strange

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Acordei com o calor familiar dos cobertores ao redor do meu corpo. Por um momento, senti uma confusão, como se estivesse em um lugar estranho. Era difícil lembrar quando tinha sido a última vez que dormira em uma cama de verdade. Pisquei algumas vezes e deixei que os olhos se acostumassem à penumbra do quarto, sentindo o toque macio do colchão. Em Neverland, estava acostumada ao toque áspero das folhas e ao som do vento sussurrando entre os galhos. Deitada ali, percebi o quanto havia sentido falta da familiaridade do meu quarto.

Levantei devagar, deixando os pés tocarem o chão frio. Caminhei até a janela e puxei a cortina, deixando a luz do sol preencher o quarto. Respirei fundo, olhando para a casa de Regina, logo à frente. A visão me trouxe uma mistura de conforto e nostalgia. Era difícil pensar que estava realmente de volta. Como se tudo aquilo fosse um sonho distante.

- É bom estar em casa. - Suspirei e murmurei para mim mesma,

Desci as escadas, e o aroma acolhedor de ovos cozidos e algo mais delicioso me envolveu assim que cheguei à cozinha. Ao entrar, vi Henry sentado à mesa, comendo algumas frutas enquanto observava Killian mexer em várias panelas no fogão. Henry me lançou um sorriso, os olhos brilhando de bom humor. “Bom dia, dorminhoca!” ele disse, provocando.

- Bom dia, -  respondi, com um sorriso. Olhei para Killian, que estava focado em cortar legumes com precisão.

- Isso tudo é para nós? - perguntei, sorrindo ao ver o número de pratos e ingredientes espalhados.

Henry deu uma risada divertida.

- Eu falei que ele estava preparando um banquete! Acho que até Neverland ficaria impressionada. -  ele falou.

Killian balançou a cabeça, lançando um olhar ligeiramente divertido para nós dois.

- Banquete? - ele repetiu, fingindo desdém. - Isso é só um café da manhã original. - Ele colocou os legumes numa tigela e se virou para nós, levantando uma sobrancelha. - Vocês jovens é que não sabem o que é um verdadeiro banquete.

Eu e Henry trocamos um olhar cúmplice e rimos.

- É claro, - concordei, com um toque de sarcasmo. - Apenas ovos, frutas, pães, panquecas, morangos, waffles e uma dezena de pratos diferentes… bem básico.

Enquanto Killian continuava a cozinhar, me acomodei na mesa e peguei um pedaço de pão, ainda quente. Olhei em volta, notando a ausência de uma presença familiar.

- Onde está nossa mãe? - perguntei, sentindo falta dela ali, como se a manhã não estivesse completa sem sua presença.

- Ela saiu cedo para resolver algumas coisas na cidade. Disse que não demoraria para voltar. - Killian virou-se, secando as mãos em um pano.

Henry sorriu ao ouvir aquilo, parecendo satisfeito.

- Então, temos mais comida para nós enquanto isso! - Ele piscou para mim, e não pude evitar rir.

- Vocês não mudam nunca, - Killian comentou, com um sorriso de canto. - Mas aproveitem, porque é raro eu fazer café da manhã tão... generoso.

Sorri, sentindo uma onda de paz tomar conta de mim enquanto observava aquela cena. Depois de tudo o que vivi em Neverland, era bom ter aquilo.

Após o café da manhã, subi as escadas e entrei no meu quarto, deixando o peso dos últimos dias escorrer de mim. Caminhei direto para o banheiro, fechei a porta e girei o registro do chuveiro, deixando a água quente correr. A sensação era quase hipnotizante; a água deslizava pelo meu corpo, aquecendo cada músculo tenso, relaxando minha mente. Perdi a noção do tempo ali, os pensamentos dispersos como a névoa que se acumulava ao meu redor. Quando finalmente saí, me senti leve, como se tivesse deixado um pouco das preocupações para trás.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora