41. I will love you next time

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Quando finalmente chegamos à aldeia, a sensação de alívio foi momentânea. Assim que Atlas pisou no chão, ele de repente caiu de joelhos, seus olhos arregalados de horror, e o som de um grito involuntário escapou de sua garganta.

- Não... - A palavra saiu com uma aflição que me cortou como uma lâmina.

Eu me agachei ao seu lado imediatamente, tocando seu ombro de forma hesitante.

- Atlas, o que aconteceu? - Perguntei, a voz trêmula, sentindo uma onda de pânico tomar conta de mim. Ele parecia desorientado, seus olhos fixos no vazio à frente, incapaz de responder imediatamente.

- A sombra... a minha sombra... - Ele finalmente sussurrou, a dor em sua voz era palpável. - Eu não consigo mais sentir ela. É como se ela não existisse mais... Como se tivesse... desaparecido.

Seus ombros tremiam, e ele parecia estar lutando contra um colapso mental. Eu não sabia o que dizer, o que fazer, mas o medo tomou conta de mim. O que isso significava? A sombra de Atlas não era apenas uma proteção, era uma parte dele, Malrik provavelmente absorveu no combate?

Antes que eu pudesse reagir mais, uma figura apareceu de repente. Mark. Ele apareceu na nossa frente com uma expressão furiosa e, antes que Atlas pudesse reagir, Mark deu um soco brutal em seu peito, fazendo Atlas cair ainda mais no chão.

- Isso é por você ter saído sem escolta, Atlas! Você está muito mais machucado do que devia! - A raiva na voz de Mark era inconfundível, mas havia algo mais, algo que eu não conseguia ler na expressão dele.

Mark olhou para mim, seus olhos azuis gelados fixos nos meus.

- Onde está Peter? - Ele perguntou com uma frieza implacável. Eu hesitei, o peso da pergunta me apertando o peito. Eu sabia o que ele queria ouvir, mas, no fundo, algo me dizia que a verdade seria mais difícil de engolir.

- Peter já... já está morto. - Minha voz saiu baixa, cheia de uma tristeza que eu nem sabia que existia. Eu não queria acreditar nisso, mas a morte de Peter parecia ser o único caminho possível depois de tudo o que aconteceu. A expressão de Mark mudou, e, por um breve momento, uma sombra de satisfação passou por seu rosto.

- Isso sim é uma boa notícia. - Ele murmurou, quase sem emoção, mas a frieza de suas palavras me fez estremecer. A vida de Peter, para ele, não parecia importar, apenas mais uma peça em um jogo do qual ele não se importava de participar.

- Vamos levar ele para a cabana médica. Ele precisa de cuidados imediatos. - Mark se abaixou ao lado de Atlas, ignorando os ferimentos dele por um momento, e olhou para mim com um leve suspiro.

Eu apenas assenti, o medo ainda apertando meu peito, e ajudei Mark a apoiar Atlas enquanto caminhávamos em direção à cabana. O silêncio entre nós era pesado, e eu não podia deixar de pensar no que tudo aquilo significava, na ausência de Peter.

Quando chegamos à barraca médica, o ambiente, embora um pouco mais seguro, ainda estava impregnado com uma tensão densa. Atlas foi imediatamente deitado em uma das camas improvisadas e Mark começou a trabalhar nas feridas dele com uma habilidade prática. Ele parecia focado, mas os gestos rápidos com os quais ele limpava e tratava os machucados de Atlas não conseguiam esconder a preocupação em seu rosto.

Eu me afastei um pouco, observando em silêncio, até que uma presença familiar se aproximou de nós. Era Leigh. Ela estava pálida, seus olhos pareciam cansados, mas seu olhar tinha uma determinação calma. Ela suspirou profundamente e, com a mão, fez um movimento suave sobre uma das feridas mais profundas de Atlas. Para o meu espanto, a ferida simplesmente sumiu, como se nunca tivesse existido.

Eu fiquei paralisada, os olhos fixos na cena, sem entender o que acabara de acontecer.

- Como você fez isso? - Perguntei, a voz quase um sussurro, o espanto transbordando em minhas palavras.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora