35 - Going crazy

71 5 5
                                    

Se passou uma semana desde aquele encontro desconcertante com Josh, e parecia que todo mundo ao meu redor achava que eu estava apenas assustada, talvez impressionada demais pelas lembranças de Neverland. Tentava explicar o que sentia, mas parecia impossível que entendessem: havia algo estranho, como uma sombra pairando sobre Storybrooke, algo que ninguém parecia enxergar, além de mim.

Durante essa semana, visitei Peter algumas vezes na prisão, mas ele estava irreconhecível. Sua arrogância e aquele olhar audacioso que eu conhecia tão bem pareciam ter evaporado. Agora, ele permanecia encolhido, assustado de um jeito que nunca imaginei possível. Ele evitava olhar para mim, e nenhuma palavra saía dos seus lábios, como se estivesse em um pesadelo constante. Era perturbador. Quem poderia colocar medo no próprio Peter Pan? E por quê?

Ben, que não tinha ido a Neverland comigo, Devin, e Piper, também não parecia de muita ajuda. Toda vez que eu tentava questioná-lo sobre qualquer coisa suspeita, ele se fechava, dizendo que eram só “fantasmas de uma viagem difícil”. Mas era difícil confiar completamente. Ben parecia... distante, sempre em silêncio, quase como se ele soubesse de algo, mas evitasse revelar.

Josh continuava a agir de forma estranha. Era o mesmo sarcasmo e ironia de sempre, mas algo estava diferente. Ele parecia mais frio, mais calculista. A mesma pessoa por fora, mas com um olhar que não parecia pertencer a ele. Cheguei a comentar com Atlas sobre o comportamento estranho de Josh, e ele, tentando aliviar a situação, sugeriu que talvez Josh estivesse usando lentes de contato para mudar a cor dos olhos, uma desculpa que eu sabia que não fazia sentido.

Cada encontro com eles deixava uma sensação mais pesada, como se eu estivesse sendo cercada por sombras e segredos. Era difícil não me sentir sozinha, como se eu fosse a única a ver a verdade ou, ao menos, as rachaduras por trás do que todos estavam tentando esconder.

A praça central estava radiante, cheia de vida, como eu nunca tinha visto antes. Em comemoração aos 41 anos de Storybrooke, barracas coloridas estavam montadas por toda parte, exibindo produtos que iam de artesanatos a doces locais. Algumas eram cobertas de bandeirinhas e decoradas com luzes piscantes, enquanto outras exalavam aromas de comidas irresistíveis – havia churros cobertos de açúcar e canela, maçãs caramelizadas, pipocas doces e salgadas. A diversidade das barracas era impressionante, e cada uma parecia competir para chamar a atenção com cores, sons e cheiros.

O centro da praça tinha uma grande estrutura de madeira, onde uma banda local tocava músicas animadas, suas notas ecoando entre as construções ao redor e se misturando ao burburinho das pessoas que falavam, riam, e gritavam. Crianças corriam de um lado para o outro, com rostos pintados de borboletas e tigres, algumas segurando balões em forma de coração ou estrela. Em alguns cantos, era possível ver artistas de rua encantando pequenas multidões com truques de mágica e malabarismo, seus rostos pintados com sorrisos exagerados.

Atlas e eu andávamos de mãos dadas, tentando não nos perder em meio ao fluxo constante de pessoas. A cada passo, esbarrávamos em sorrisos e cumprimentos calorosos. Ele apertava minha mão de vez em quando, me puxando delicadamente em direção a uma barraca ou outra que chamava sua atenção. Em um momento, ele riu ao me ver fascinada por uma bandeja cheia de doces coloridos, e eu o puxei para dar uma olhada mais de perto.

De vez em quando, o céu explodia em um espetáculo de luzes. Fogos de artifício coloridos rasgavam o escuro da noite, iluminando os rostos das pessoas que olhavam para cima, maravilhadas. Cada explosão refletia em nossos olhos, trazendo uma certa magia para o momento. A cada estalo no céu, a multidão soltava suspiros de admiração, enquanto as faíscas desciam lentamente como estrelas cadentes sobre Storybrooke.

Apesar da alegria e da agitação ao nosso redor, havia uma sensação tranquila e confortável em estar ali com Atlas, apenas aproveitando o momento. Ele olhou para mim e deu um leve sorriso, como se soubesse exatamente o que eu estava sentindo, e eu apertei sua mão de volta, grata por sua presença.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora