39. fight with my self

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Perspectiva de Atlas.

A névoa começou a tomar conta da ilha, uma cortina espessa que parecia engolir tudo ao redor. Sentia isso no ar, na tensão que crescia, como se a própria ilha estivesse prestes a se entregar ao caos. Sussurrei o nome de Malrik, o peso da sua presença como uma marca invisível sobre mim.

- Ele está solto, - a voz da minha sombra ecoou, rastejante e fria.

Eu já sentia isso, o nó na minha barriga, a agitação no ar.

- Eu sei, - murmurei, minha mente girando. - Qual é o nosso plano agora?

- Você está fraco. Não vai conseguir lutar. - A sombra riu baixo, quase como uma ameaça.

- Eu não posso deixar Galadriel para trás. - Eu apertei os dentes, sentindo a dor no ombro irradiar em ondas.

- Ela está bem, - a sombra respondeu, sua voz carregada de uma frieza cortante. - Do mesmo jeito que você a ama, Peter também a ama. Ele não vai machucá-la.

- Precisamos aguardar. Continuar andando. - Eu dei de ombros, sem vontade de discutir mais.

O som de nossos passos na floresta parecia mais pesado a cada movimento. A energia do lugar se tornava densa, a névoa se espessando ao nosso redor como se estivesse viva, sugando a força do ambiente. Minha respiração estava mais pesada, cada passo um esforço maior. A dor no meu ombro me rasgava, como se cada movimento fosse um lembrete cruel do preço que paguei.

Os sons ao redor começaram a mudar. Sussurros. Gemidos. Rosnados distantes, como se a própria ilha estivesse se movendo em resposta à nossa presença. Era impossível dizer de onde vinham, mas estavam se tornando mais próximos, mais tangíveis.

Eu forcei o corpo a seguir, mas a dor me paralisava a cada novo som que surgia, a cada novo passo que avançava na névoa espessa. Mas não havia escolha. Galadriel ainda estava lá, e eu não podia deixá-la. Mesmo que a ilha estivesse começando a devorar tudo à sua volta.

O som de passos apressados nos alertou, e eu imediatamente entrei em posição de ataque, as mãos instintivamente se movendo para a espada, o corpo tenso e pronto para reagir. Mas a sombra ao meu lado permaneceu tranquila, apenas cruzando os braços, observando o que vinha à frente.

Mark surgiu da névoa, os olhos arregalados, sua expressão carregada de uma preocupação crescente.

- Algo está errado com a ilha, - ele disse, a voz tensa. - O corpo de Josh... evaporou bem na minha frente, como névoa.

- É Malrik. Ele está de volta. E provavelmente está atrás de Peter... e todos os que ele e seus cães sentem que ainda acreditam em esperança. - A sombra de Atlas falou, sua voz sibilante.

O peso das palavras se instalou entre nós. Eu senti o ardor crescente da culpa de Mark, e ele não hesitou.

- Isso é culpa sua!, - ele gritou, a raiva transbordando. - Podiam muito bem ter ido para a cidade, mas não, vocês escolheram ficar! Agora Josh está morto!

Eu senti a pressão no peito, mas não podia deixar Galadriel. Não podia.

- Eu não ia deixar Galadriel, - respondi com firmeza, a dor em meu ombro aumentando a cada palavra.

Mark, no entanto, parecia completamente consumido pela raiva.

- Agora, graças ao seu papel de herói, Josh está morto! - Ele se aproximou, me empurrando com força, como se eu fosse o responsável por tudo.

Antes que qualquer coisa pudesse sair da minha boca, um rugido profundo e alto ecoou pela floresta, cortando a tensão.

- Eles estão nos observando. - A sombra murmurou baixinho.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora