Reconciliação

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Pov: Autora

S/n levantou-se e se aproximou de Ariana.

-Sobre o que, hein? Qual é a sua dor, Ari? Por favor, compartilhe isso comigo.

S/n pediu, enquanto oferecia um olhar encorajador e cheio de carinho para Ariana.

-Minha infância foi um pouco complicada. Meu pai era um alcoólatra irresponsável, que dependia do dinheiro da minha mãe. E quanto à minha mãe... ela nunca foi realmente uma mãe para mim. Por causa do trabalho, vivia constantemente viajando e nunca tinha tempo para mim. Para você ter uma noção, desde o meu nascimento, eu a via apenas uma vez por ano. Ela vinha no meu aniversário, passava uma semana fazendo de conta que era uma boa mãe e depois ia embora. Eu tinha que esperar um ano inteiro para vê-la de novo. E como ela me deixou praticamente sob os cuidados do meu pai alcoólatra, minha vida se transformou em um verdadeiro inferno. Eu me via obrigada a seguir uma rotina difícil, acordando bem cedo, antes mesmo do meu pai, saía de casa e só voltava quando ele já estava dormindo eu passava todos os meus dias na biblioteca, pois queria me afastar dele e de sua arrogância. No entanto, a vida nem sempre é fácil e, infelizmente, as coisas podiam piorar. Em uma ocasião, precisei voltar para casa mais cedo e, ao chegar, encontrei meu pai consumindo álcool e cocaína na sala. Fiquei tão desesperada que avisei que contaria à minha mãe, e ele reagiu me agredindo severamente, até que eu me sentisse totalmente destruída. Essa foi apenas uma das várias vezes em que ele me feriu. Por conta disso, eu nunca conseguia brincar com as outras crianças, especialmente com você, porque sempre que ele me via, havia a possibilidade de brigas. Qualquer coisa que eu fizesse que não lhe agradasse, como apenas estar perto dele, resultava em agressões. Felizmente, essa fase de sofrimento começou a se dissipar quando completei 18 anos; finalmente consegui sair daquela casa. Foi nesse momento que encontrei coragem para me abrir com alguém, e esse alguém foi o Ricky.
Eu nunca imaginei que ele jogaria isso na minha cara. Mesmo que eu não o amasse ou estivesse apaixonada por ele, eu ainda nutria um carinho por ele. Ouvir dele coisas como 'é por isso que ninguém te ama, você é um lixo, nem seus pais te amam' ou 'talvez eu devesse agir como seu pai e te arrebentar, quem sabe assim você se comporta como minha mulher' me feriu profundamente. Naquela noite, eu o odiei tanto. Ele sabia que aquelas palavras me atingiriam, mas mesmo assim as disse. Eu o matei, e não me arrependo; não sei se faria o mesmo novamente, porque agora tenho você e quero que tudo dê certo entre nós, S/n. Então, podemos tentar de novo.

Ariana desabafou, revelando tudo, e agora S/n estava tomada por um turbilhão de emoções. Uma parte dela se sentia ferida ao perceber que Ricky não era a pessoa que ela imaginava, e, ouvindo tudo isso, pôde refletir sobre sua amizade com ele.

-Ariana, parece que suas palavras despertaram algo em mim, sabe? Estou começando a recordar memórias que pareciam esquecidas. Você me entende? Ricky não era a imagem que minha mente tentava projetar; agora consigo perceber que ele me fez muito mal. Ele era arrogantemente falso, frequentemente quebrava nossos acordos e me deixava na mão. Além disso, me forçava a fazer coisas que eu nunca faria. Ele ja tentou me matar. Às vezes me insultava, mas logo pedia desculpas. Eu, tão carente de atenção, sentia que não podia contrariá-lo para não arriscar nossa amizade. Observava os pais dele e os considerava perfeitos, imaginando-me no lugar do Ricky. Certa vez, deixei transparecer minha felicidade ao ser bem tratada pelos pais dele, e isso fez com que ele sentisse ciúmes. Sabe o que ele fez? Inventou que eu havia roubado algo dele. Após esse episódio, os pais dele se tornaram mais distantes comigo; nada era como antes. É verdade que eles não me tratavam mal, mas o carinho havia desaparecido, e passaram a ser tão frios quanto meus próprios pais. Quando cheguei em casa, acabei levando uma surra em dobro, já que os pais do Ricky contaram tudo para os meus. Por isso, consigo compreender o que você fez, e garanto que se você não o tivesse matado, eu mesmo teria esfaqueado esse filho da puta.

𝘋𝘰𝘤𝘦 𝘔𝘦𝘯𝘵𝘪𝘳𝘢 𝘌 𝘈𝘮𝘢𝘳𝘨𝘢 𝘖𝘣𝘴𝘦𝘴𝘴𝘢𝘰 (S/n G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora