Capítulo 16

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"Desejo infundir-me entre vós até que veja que vos é

comum andar de mãos dadas."

—Walt Whitman (Folhas de Relva)

Não sei o que fazer no cabelo. Estou ficando ansiosa com Evan sozinho lá fora. Mas não sei se seria apropriado chamá-lo para cá comigo de roupão. Decido escolher minha roupa primeiro. Apesar da bagunça no closet, Sam deixou à vista um vestido verde que Eleanor havia usado e eu roubei dela anos atrás. Seria ele. O tecido fino abraça meu corpo e parece sensual demais para um casamento, mas talvez essa seja a imagem que eu queira passar para Evan.

Após me vestir, me pergunto se eu prendo ou não o cabelo. Acabo decidindo por prender e faço a maquiagem em tempo recorde. Fico nervosa para sair de meu próprio quarto. Percebo que preciso sair dois minutos depois de ficar mordendo o dedão que nem uma adolescente.

Procuro Evan mas ele não está na sala. Há algo diferente aqui, e percebo tarde demais que é porque minha casa está limpa. Mas Evan não está aqui. Meu Deus. Aconteceu. Um homem não aguentou esperar que uma mulher se arrumasse. Eu pensei que isso fosse...

—Freddie? - Ele chama, sua voz vinda da cozinha me assusta.

Não sei me mexer e deixo que ele venha até mim, só virando para a direção que ele vem no último momento por estar sem coragem. Ele está sem o blazer e sorri muito ao subir o olhar que vinha encarando as mangas da camisa. Quase gargalha. Nunca o vi sorrir tanto. Evan leva uma das mãos ao peito. Sorrio com o exagero.

—Pensei que você tivesse ido embora. - Digo.

—Eu me mataria se tivesse ido embora e deixasse você... - Ele passa os olhos claros por meu corpo coberto pelo tecido acetinado. - Assim.

Faço uma cara de convencida e dou uma voltinha, terminando com uma olhadinha por cima do ombro. Ele faz um chiado de surpresa, rindo no final.

Quando o olho, vejo que ele cobre os lábios com os dedos. Seus olhos brilham.

—Eu não tinha visto as costas. - Ele passa a mão pela nuca. - Meu Deus. Okay, podemos ir.

Reviro os olhos pelo seu drama atuado e olho ao redor.

—Você limpou minha casa.

Ele para de se mexer e me olha, impassível.

—Estava uma bagunça. Mas não joguei nada fora. Está tudo na caixa. - Ele engole em seco. - Na cozinha.

—Obrigada pela preocupação. Mas eu irei jogar tudo no lixo.

Por algum motivo, ele sorri. Espero enquanto ele veste o blazer e arruma seu cabelo no espelho do corredor, enquanto eu me pego admirando seus movimentos. Ele percebe que estou olhando, mas não fala nada. Quando vamos saindo para fora, puxo o tecido de seu blazer, o assustando.

—Ei. Sinto que preciso perguntar. - Ele pisca, afirmando. - Vamos só enterrar mais um pouco nossa questão profissional? Ainda somos rivais de certa forma e... Eu não sei. Só sinto que deveria falar.

Ele respira fundo e se aproxima de mim, inclinando o rosto.

—Freddie, levando em consideração os possíveis motivos pelos quais Oliver está ou não fazendo o que achamos, acho que ele não merece que você fique se limitando a sair comigo e se divertir. Vamos deixar as coisas da empresa pra lá por algumas horas. Só aceite sair com britânicos legais e conhecer o lado bom de morar em Londres.

Absorvo suas palavras com cautela e assinto, o fazendo sorrir. Quando tranco minha casa e entramos no elevador. Os dois encarando a porta.

—Você disse "sair com você"? - Pergunto, engolindo um largo sorriso.

Meu Londrino Sonho AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora