Capítulo 21

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"Nenhuma tensão especial para cantar,

nenhuma por si mesmo. Mas resultando do todo,

se elevando por fim e flutuando."

-Walt Whitman (Folhas de Relva)

Evan sobe comigo até seu quarto já conhecido e me empresta uma camiseta e uma calça velha.

-Está virando habitual ver você em minhas roupas, Freddie. - Ele diz quando saio do quarto, enquanto me espera no corredor.

Dou um empurrão de brincadeira em seu ombro e ando na frente até o andar de baixo, adivinhando onde a garagem ficaria.

-Você fica bem com um tamanho maior. - Jack diz, rindo, quando adentro a garagem ao lado da sala de estar, onde Harold assistia TV com Grace.

-Eu deveria ter oferecido algo meu, Monique. - Maeve se desculpa e atrapalha o cabelo de Jack.

Dou um sorriso e digo que está tudo bem. Olho ao redor e percebo que não há carros aqui, apenas latas de tintas. Evan aparece ao meu lado sem o moletom, usando apenas uma camiseta. Tento não encarar, pois ele está muito bonito de um jeito muito descolado.

-Obra de arte? - Estou realmente curiosa, então pergunto me aproximando de Didi.

Ela abre um grande tecido de uns três metros de comprimento no chão, orgulhosa. Há algumas borboletas e flores pintadas num pequeno canto, em cores vibrantes.

-Estou fazendo um grande painel. É meu presente de casamento para o papai e a mamãe.

Dou um sorriso, admirada. Ela era uma criança talentosa. Era especial.

-Está ficando lindo, Didi.

Ela analisa o tecido branco e abre algumas tintas.

-É para a casa nova deles. - Seu tom está triste.

Encaro os adultos sentados no canto e vejo que Maeve e Jack apenas suspiram fundo e trocam um olhar cúmplice.

-O que preciso fazer para te ajudar? - Tento animar seu clima cabisbaixo.

Ela me lança um olhar divertido com a pergunta e pede para seu pai ligar o som, animando o ambiente. Diana indica que Evan e eu iremos pintar a base do tecido de branco onde está faltando. E dá muita ênfase em que precisamos fazer isso juntos. Nos ajoelhamos no lado esquerdo do tecido, distante das borboletas já feitas e Evan me passa um pincel, franzindo o nariz.

-Peço desculpas por isso. - Ele molha o pincel na lata de tinta e começa a pintar, de um jeito cauteloso.

O imito e dou de ombros.

-Eu gosto demais da sua família. - Ele me encara, e só agora noto que ele está sem óculos. Estava sendo perigoso olhar para ele, levando em conta o quão charmoso ele conseguia ficar apertando as pálpebras por não enxergar direito. - Acho que gosto mais dela do que gosto de você.

Ele abre a boca, fingindo surpresa e bate o pincel sujo em meu braço. Reviro os olhos e volto a pintar.

-Você é uma criança.

Ele ri e pinta junto comigo, com Jack cantarolando as músicas e Maeve desenhando borboletas no tecido com Didi opinando onde ela poderia melhorar. O tempo passa rápido e eu me divirto bastante, até Jack cansar de pintar e Didi indicar que ele deveria organizar as latas velhas.

-Isso vai para o lixo? - O pai dela pergunta segurando algumas.

A criança nega.

-São para brincar, elas estão ressecadas demais para o tecido.

Meu Londrino Sonho AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora