Capítulo 20

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"Vereis mãos trabalhando em todos

os velhos processos e em todos os novos."

-Walt Whitman (Folhas de Relva)

Evan dirige até um café nos arredores de Londres, simples e com um toque meio antigo. É romântico. Ele abre a porta do carro para mim e pega na minha mão para me levar até uma das mesas do lado de fora. Meu corpo acende de um jeito novo quando ele me toca.

Sentamos um ao lado do outro e minha fome pelas horas sem comer fala mais alto, me fazendo puxar o cardápio. Escuto um risinho e subo minha cabeça que lia as inúmeras opções de comida.

-O que? - Pergunto.

Ele apenas dá de ombros e fazemos nosso pedido.

-Temos muito o que conversar. - Começo.

Ele assente e coloca uma das mãos no queixo, como se esperasse que eu dissesse.

-Bom, sobre o consenso da vaga. Acho que não podemos mais adiar, Evan. Precisamos estipular uma data sobre isso. Ainda é o nosso emprego no fim das contas. Mesmo que estejamos "juntos" e desconfiando de Oliver, precisamos de uma garantia. - Minhas pálpebras piscam diversas vezes. - Até porque, se tudo isso for suposição, Oliver nunca disse que quem não ficasse com a vaga seria demitido.

-De fato. - Complementa. - Podemos entrar em consenso entre si na véspera do prazo de Oliver, antes de ele ter a resposta. Sendo sinceros, os dois. - Ele coloca ênfase nas últimas palavras. - No fim das costas precisaremos fazer o que ele nos pediu, independente de suas motivações.

Semicerro os olhos.

-Engraçadinho. Pensei que essa rivalidade entre nós tivesse sido superada.

Ele semicerra os olhos também, me imitando.

-Okay. Gosto da ideia da véspera. - Complemento. - Sobre a desconfiança de Oliver. Estou insegura, acho que ele está mesmo jogando com nós dois. Eu só realmente não imagino o porquê.

Evan coloca o indicador por cima do lábio, pensativo.

-Quais suas hipóteses?

-Não faço a mínima. - A afirmação não sai tão sincera, tento consertar passando os dedos nas linhas de madeira da mesa. - Quer dizer, não com certeza. Sinto que Oliver está nos testando, mas sinto ainda mais que ele está me testando. Juro que não estou fazendo isso sobre mim, mas ele parece querer me afetar mais do que a você.

-Concordo. - Ele troca a mão que segura seu queixo, mas desiste e coloca as mãos no colo, parecendo impaciente. - Na conversa com ele, Oliver desviou de qualquer brecha que eu tentasse falar sobre você. Fosse sobre a vaga ou não. Não gosto nada de como esse homem trata você.

Inclino meu rosto, sorrindo. A certeza de que Evan está enciumado me deixa, por algum motivo, satisfeita.

-Já guardava essa antipatia pelo nosso chefe antes que eu chegasse no escritório? - Seguro o riso para perguntar.

Ele está sério, colocando o cabelo para trás.

-Não. - Seus olhos me estudam até que o garçom servisse nosso pedido.

Fujo de seu rosto por não saber bem interpretar sua resposta.

-Posso comentar algo? - Questiona, mexendo em seu café.

-Claro. - A resposta parece incerta enquanto eu adoço minha bebida.

-Você falou sério sobre questionar para Oliver sobre meu nome ser merecido ou não no projeto do anfiteatro?

Meu Londrino Sonho AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora