Capítulo 30

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"Pois quem mais devia entender o amor
com toda sua aflição e alegria?"
-Walt Whitman (Folhas de Relva)

O clima na casa de Evan estava tenso. Foi impactante ver Grace tão abatida, ela sempre teve um rosto alegre. Diana estava deitada na cama, com um aspecto cansado, mas a criança sorri quando me vê. Era a primeira vez que eu entrava em seu quarto, e consegui entender melhor o porque ela não queria sair dali. Nos detalhes, era visível que ela era uma criança amada. As artes emolduradas em quadros elegantes, flores por toda parte, fotos da família em diversas ocasiões. Há algumas dela com Evan numa cabine fotográfica, eles se abraçam e fazem careta. No canto do quarto, há um espaço para Lady Di, com revistas e aparições em jornais, e várias colagens de fotos sobrepostas de Diana ao lado na mulher que a deu o nome.

Ando até sua cama, todos em volta, e sento na beirada, com as sacolas. Didi fica animada com os presentes e agradece a cada um. Toco em sua perna por baixo da calça de pijama, e ela está quente. Seu rostinho parece cansado, com os olhos baixos.

-Pensei em vir curar você com presentes, se é que é possível. - Digo.

-Vamos torcer para que sim. - Maeve comenta, tentando rir. - Obrigada pela visita, Monique.

-E pelos presentes. - Jack acrescenta.

-É bom ver você aqui, Evan estava escondendo você de nós. - Tio Harold choca a todos ao falar.

Agradeço pela gentileza da família de meu colega de trabalho e uma tristeza passa por meu rosto. Não sei se daremos certo. Há uma possibilidade de eu perder o que criei com os Griffin. Didi parece perceber minha linguagem corporal e pigarreia para falar.

-Posso conversar com Monique a sós, papai? - Ela pede a Jack, que ri baixinho e concede.

Eles saem um por um e Evan fecha a porta lentamente, curioso. Quando a maçaneta gira por completo, me viro para Diana.

-Sobre o que quer conversar? - Tento sorrir.

A garotinha pensa por alguns segundos, franzindo o nariz. Demoro para perceber que seus olhos estão cheios de água. Meu sorriso morre rapidamente.

-Eu descobri, Monique. - Ela funga e senta na cama, seu corpo pequeno treme pelo frio. - Eu sei que ela morreu. Lady Di.

Minha experiência com crianças não era limitada, eu costumava ser razoável com elas, na verdade. Sempre considerei um ponto positivo, meu equilíbrio em relação a crianças. Não as desprezava mas também não havia obssessão. Seria mais fácil caso Dale não quisesse filhos, eu me conformaria. Mas ver Diana contar o que eu não queria escutar, me deixou desarmada.

-Eles não sabem que eu sei.

Contiuo estática, encarando ela fazer biquinho.

-Como descobriu? - Pergunto, num sussurro.

-Precisei de jornal para não fazer sujeira, para terminar o painel de presente para papai e mamãe. Tinha um antigo no quarto de tio Evan, eu li algo sobre. - Ela pisca e abraça as pernas. - Não acredito que ela morreu.

Nunca fui fã de pessoas vivas, então não sei como deve ser saber que essa pessoa veio a falecer. Mas já perdi coisas que idolatrava, e isso dói muito.

-Eu sinto muito, Didi. Você sabe que eles não contaram porque você ficaria assim, não é?

-Não estou chateada com eles, só estou muito triste. Eu devia ter suspeitado porque meus pais nunca me levaram para vê-la em algum evento. Eu ainda não contei para eles, porque acho que eles vão fazer uma grande cena sobre isso.

Meu Londrino Sonho AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora