Releitura da obra "A Ordem do Labrys: Crônicas da Herdeira" de "Juliana Lucena"
"Não se aproxime demais ... é escuro aqui dentro."
Uma das habilidades mais incríveis que o Tempo possui, é a capacidade de absolver ou amaldiçoar. Entretanto, ironicam...
Uma aconchegante e preguiçosa manhã de domingo se apresentava para uma Carina destruída pelo Jet Lag em decorrência da grande diferença de horário que experimentava.
O cansaço da viagem fez com que passasse boa parte do sossegado sábado dormindo, trocando o dia pela noite e gastando toda a madruga insone na organização do seu novo loft, tentando deixá-lo mais a sua cara.
O local contava com uma linda sala conjugada com a cozinha, separadas pela simpática bancada estilo americana.
A sala continha o famigerado e ainda muito odiado sofá azul escuro e de textura super macia, com um médio tapete cinza também escuro, adornado por uma pequena mesinha de centro transparente e redonda e muito adorável.
Uma grande janela iluminava o ambiente, dando vista para boa parte do Quartier Latin e, lateralmente à janela, presa à parede, se encontrava uma pequena TV de tela plana.
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Ficou muito satisfeita e feliz por conseguir colocar todas as suas roupas no pequeno closet, já cogitando que talvez fosse preciso adquirir algumas novas peças devido ao frio.
Seus dois pesados sobretudos e os pouquíssimos casacos que tinha certamente não dariam conta, mesmo ciente de que não poderia gastar muito, já que precisaria poupar para os todos os gastos que teria naquele novo país.
Mesmo que tivesse dinheiro sobrando, Carina não era do tipo que gostava de esbanjar com roupas, - e nem com nada - sempre optando por mesclar peças novas com as preciosidades que encontrava em brechós.
Adorava alimentar a ideia de que as roupas que a abraçavam tinham uma história única, e, como boa sonhadora que era, costumava brincar e imaginar algumas delas, como a do largo casaco marrom de tricô que usava naquele momento e que caía até seus pés, cobrindo o shortinho minúsculo e confortável que estava usando.
Segundo os devaneios dela, aquele casaco que servia tanto para homens como para mulheres fora dividido por um casal de escritores de novelas para a TV, fracassados e falidos, mas que viram no amor a chance de superarem tudo. Respirou profundamente e de maneira teatral.
"Aaah Carina...! Nem adianta tentar fingir... Você é sim uma sonhadora e uma romântica incorrigível!"
Riu muito divertidamente!
Aquelas histórias aqueciam seu coração.
Estava no seu usual ótimo humor, a despeito dos últimos acontecimentos. Encarou seu pé, que graças às Deusas quase não doía mais e decidiu arriscar retirar a bota de proteção, experimentando caminhar sem ela.
Para sua sorte, parecia estar tudo bem e o pobre dedinho aparentava estar praticamente recuperado, fazendo Carina bater palminhas de felicidade!
Mesmo assim, circulava pelo pequeno apto com a atenção redobrada – quadruplicada -, o que com certeza era novidade, já que era considerada pelos amigos a rainha da péssima coordenação motora e da falta de atenção.