O Sol de São Francisco recusou-se a sair naquela manhã de domingo e o inverno pareceu querer chegar mais cedo, pois uma chuva incessante castigava a cidade e respingava nas janelas daquele salão funerário onde um grande número de pessoas completamente consternadas e incrédulas lamentava a morte de uma pessoa amada.
— Como ela está? – Beattrice questionou Addison assim que ela se aproximou.
— Devastada... Destruída... Arrasada... Escolha a palavra e nenhuma delas é capaz de se aproximar de como ela está. – A ruiva ajustou seu casaco para proteger-se do estranho frio que fazia naquele dia.
— Será que fomos longe demais? – Beattrice preocupou-se, sem parar de Kathsear uma espécie de colar que parecia ser de contas, mas na verdade não era.
— Fizemos o necessário! – Addison engrossou um pouco a voz. – Deixe que eu cuido da Maya, você tem algo muito mais importante para se concentrar. – Indicou o que a mulher trazia nas mãos.
Addison caminhou por entre o elegante embora frio salão do Centerville Pioneer Cemetery onde estava sendo velado o suposto corpo de Carina, que seria, muito em breve, cremado, como sempre fora a vontade dela.
O sofrimento era palpável e lhe doía saber que todas aquelas pessoas estavam sendo enganadas.
Chorando diante de um caixão vazio. Parou próxima a ele e repousou sua mão sobre a finíssima madeira negra lustrada.
"É uma mentira necessária!"
Repetia para si, tentando se convencer de que aquela era a melhor alternativa. Um choro incontido e mais elevado de uma mulher chamou sua atenção. Uma jovem ruiva parecia estar inconsolável e Addison poderia imaginar o motivo.
Ela realmente acreditava que tinha alguma culpa naquela falsa morte, pois foi através dela que Owen Hunt se aproximou o suficiente para quase ter sucesso em sua missão.
E justamente pelo ocorrido que S tinha a certeza de que havia tomado a melhor decisão. Eles agora sabiam quem era Carina e não restava mais dúvidas que estavam dispostos a tudo. Jogaram pesado investindo contra a Ordem duplamente. Felizmente as duas vítimas escaparam com vida e as perdas foram quase todas do outro lado.
Lamentou apenas a morte de duas agentes que perderam a vida durante o resgate de Andy. Ainda estava impressionada com o relato de Victória acerca da investida contra o Martelo. Segundo a loira, eles realmente haviam preparado um esquema praticamente invencível e que certamente teria custado muito mais vidas se Maya não tivesse ido com elas.
Não cansava de se surpreender com os sensacionais e assustadores poderes de sua Mestra. Na forma como ela literalmente pulverizou seus adversários e novamente agradeceu às deusas por ela lutar ao lado da Ordem, caso contrário, ela seria uma adversária invencível.
E foi esse relato que reafirmou que o caminho escolhido foi o mais correto. Definitivamente Carina era o ponto fraco de Maya e isso já é mais do que sabido pelo Martelo, aumentando enormemente o perigo contra a vida daquela mulher. Então, para a segurança dela e do destino da Ordem, o mundo precisava pensar que Carina havia realmente morrido e isso incluía Maya.
Fechou os olhos e suspirou resignada. Checou seu celular mais uma vez afim de verificar se havia alguma nova mensagem de Victória, embora soubesse que ainda não havia dado tempo de o avião ter chegado em Dublin, onde todo um verdadeiro aparato estava sendo montado para receber e cuidar de Carina e Andy.
"Ah Andy..."
Suspirou enquanto relia a última mensagem recebida de Victória, onde ela informava do estado de sua irmã. Exames preliminares informavam que ela estava com três costelas quebradas e que precisou de uma série de pontos, mas aparentemente não havia ferimentos internos mais graves e que isso se devia a excelente forma física em que a mulher se mantinha.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Deserve You
FanfictionReleitura da obra "A Ordem do Labrys: Crônicas da Herdeira" de "Juliana Lucena" "Não se aproxime demais ... é escuro aqui dentro." Uma das habilidades mais incríveis que o Tempo possui, é a capacidade de absolver ou amaldiçoar. Entretanto, ironicam...