"Puta merda.... Estou fodida! Muito fodida! Fodida pra cacete!"
Era a única coisa que Carina conseguia concluir ainda paralisada, com o olhar fixo em algum ponto perdido da sala enquanto era festejada e reverenciada pelos entusiasmados colegas.
Sim! Todos eles ainda vibravam em êxtase sob o efeito do evento épico que tinha sido o inacreditável duelo entre ela e a Professora Bishop...
O famigerado confronto que acabou tomando proporções nunca imaginadas por Carina.
Okay...
Ela tinha total ciência de que havia extrapolado todos – t-o-d-o-s - os limites e questionava-se o porquê daquele insolente e incontrolável ímpeto em desafiá-la - loucamente.
Por algum motivo absurdo e desconhecido, Carina possuía uma estranha e atrevida vontade de testar as barreiras de sua professora e, mesmo sem ter real consciência das reações de seu corpo naquele momento, seu estômago se contraiu com essa sensação.
Tudo bem que a postura soberba e a pose de megera inalcançável que sua orientadora quase sempre assumia era algo que muito a incomodava e, o fato de ter sido capaz de não apenas tocar, mas de arranhar a armadura brilhante e polida da Toda Poderosa, fez com que sentisse uma inesperada e perigosa ponta de satisfação, porém... o que todo aquele atrevimento e súbita coragem poderiam custá-la? Suspirou pesadamente.
''Que merda, DeLuca.... que merda...''
Estava assustadoramente ciente de que muito provavelmente, tinha acabado de assinar a sentença de morte de seu pós-doc sob a insanamente desejada e altamente disputada orientação de Maya.
Só a menção a essa ideia já despertava um profundo temor em Carina, entretanto, havia algo mais...
Um inquietante pensamento que inexplicavelmente a assombrava ainda mais do que a não conclusão de seu pós-doutorado...
O pavor irracional que permeava a mente de Carina e que ela inutilmente tentava negar, era o fato de que sem a continuação de seu projeto, ela seria afastada de Maya... não poderia mais trabalhar com ela, não poderia mais estar com ela, não poderia mais vê-la, não poderia mais tocá-la....
Que inferno era esse??
"Que porra é essa, Carina?? Você não é assim, não seja ridícula!''
- Cari... Carina!? Hello... tem alguém aí??– Jack a encarava de forma curiosa e acenava com as mãos diante dela, no intuito de trazê-la de volta de seja lá qual planeta ela estivesse.
''Onde será que ela foi? Será que...''
A mente de Carina só tinha espaço para sua desorientadora.
– Terra chamando DeLuca! – Brincou; o tom era divertido, porém, a pontinha de preocupação era visível.
- Carina, você está bem?? – Dessa vez foi Jô quem a abordou e de maneira mais incisiva, fazendo-a piscar confusa e um tanto perdida. Carina a fitou, a letargia impregnada em seu corpo começava a se dissipar.
- Oi... o que... o que foi? – Carina se obrigou a voltar a raciocinar com coerência e clareza, coçando levemente a cabeça enquanto encarava seus novos amigos, finalmente os enxergando ali.
- Mulher, você sequer tem noção do que acabou fazer?? Tem noção da dimensão da sua proeza? – Travis a celebrava com uma empolgação exagerada, quase infantil.
- Que...? Como assim, ''proeza''? - Carina o encarava ainda meio desconexa.
- Proeza, feito, façanha, conquista! Chame do que quiser, Cari! – Travis não se aguentava de excitação, completamente extasiado com a loucura cometida por ela.

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Hayran KurguReleitura da obra "A Ordem do Labrys: Crônicas da Herdeira" de "Juliana Lucena" "Não se aproxime demais ... é escuro aqui dentro." Uma das habilidades mais incríveis que o Tempo possui, é a capacidade de absolver ou amaldiçoar. Entretanto, ironicam...