Cursed Love

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Nem as mais delirantes das ideias ou a mais mirabolante das mentes conseguiria projetar aquilo que Maya parecia lhe sugerir. A cabeça de Carina latejava deixando-a atordoada com o que estava cogitando em sua mente.

— Carina... – A loura se aproximava dela, mas algo a impelia para trás, como se uma força invisível às afastassem.

E deixou-se dominar pela negação que lhe obrigava a buscar socorro em sua tão costumeira razão. Sabia e sentia que havia ido muito além do que jamais havia ido, se permitindo aceitar o que toda aquela situação lhe sugeria e inclusive estava pronta para aceitar a sua condição.

A de que partilhava algo muito forte e íntimo com alguém do passado. Alguém que viveu há mais de trezentos. Um outro alguém completamente diferente dela e ao mesmo tempo com tanta coisa em comum.

E não poderia recriminar-se por isso, pois tudo o que vivenciou ao logo dos últimos meses só corroboravam aquela absurda, mas cada vez mais possível realidade.

Contudo, o que Maya estava insinuando era loucura demais, até mesmo mediante tudo de sobre-humano que estava experimentando. Era demais para a sua cabeça que estava envolta num verdadeiro caos.

— Isso é impossível... – Repetiu pela terceira vez sentindo uma crescente vontade de correr, fugir e tentar situar suas ideias. Continuou a caminhar para trás, sentindo o ar entrar em seus pulmões com dificuldade, enquanto uma crescente pressão pulsava em suas têmporas.

O suor gelado que escorria por suas costas não poderia jamais ter a ver com a temperatura, uma vez que essa ainda trazia os últimos ventos do inverno. Somado a todo esse mal-estar, suas pernas começaram a lhe trair em um passo mais longo para trás topou em uma pedra que havia ali lhe roubando o equilíbrio.

— CARINA! – O desespero na voz estridente de Maya foi a última coisa que a morena percebeu antes de mergulhar na mais profunda das escuridões.

***

As chamas vivas encandeavam seus olhos, forçando-a a usar as mãos para tentar tapar aquela luminosidade e que pudesse enxergar melhor e tentasse compreender onde estava e o que acontecia ali.

Um ambiente caótico e angustiante lhe fazia experimentar um sofrimento nunca antes vivenciado em sua pouca existência. Procurou caminhar, desviando das pessoas que pareciam se acotovelar em um misto de êxtase e terror. Aos poucos os sons estridentes de vozes em euforia começaram a chegar aos ouvidos dela e então esforçou-se para ver melhor.

Deu pequenos saltos, mas a sua baixa estatura não lhe ajudava muito. Preferiu insistir em forçar a passagem era como se as pessoas não percebessem ou nem estivessem lhe vendo, atingiu a primeira fileira daquela multidão.

Levou ambas as mãos ao rosto, tapando a boca e o nariz mediante da horrenda cena que estava servindo de espetáculo para uma pequena multidão.

O cheiro de carne queimada lhe embrulhava o estômago e o grito de pura agonia, lhe arrancavam lágrimas de compaixão e ira. Ela estava diante de uma vibrante fogueira cujo calor ela não conseguia sentir.

Olhou estarrecida para todas as pessoas ali e caminhou em direção ao centro daquela praça. Precisava desesperadamente saber o que acontecia ali e quando se postou bem à frente da fogueira a viu.

Uma jovem mulher ruiva agonizava em meio às chamas que consumia a pele dela, ceifando fragmentos de vida a cada lambida de fogo.

— Parem com isso! – Ela gritou com todas as forças de seu diminuto corpo e correu desajeitadamente, parando de frente a um grupo de homens que vestiam roupas iguais. Longas túnicas negras e marrons com capuzes pontudos e máscaras que lembravam animais.

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